Snap Out Of It


    Autora: Emanuele Araújo
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Finalizada em: 01/07/2021




Era uma manhã de sexta-feira. Quase tarde, a julgar pelo horário, todos na movimentada cidade de Londres estavam saindo de seus locais de trabalho para seu tão sonhado horário de almoço.
Alex Turner havia tirado o dia para almoçar sozinho no seu restaurante favorito, o único lugar onde ele conseguia desfrutar de uma boa refeição sem ser atacado pelos fãs.
Sentado em uma cadeira de uma mesa para duas pessoas, ele tomou um último gole de sua bebida, um tanto focado nas notícias do dia numa lista atualizada em seu celular. O restaurante estava relativamente vazio, os clientes se dispersando aos poucos, conversando sobre assuntos aleatórios e sobre como a comida estava boa, sobrando poucas pessoas que ainda estavam comendo, outras apenas conversando e os funcionários, além de uma mulher grande cantando baixo num palco improvisado no canto do restaurante.
O barulho da porta se abrindo de certa forma não era algo que o faria levantar a cabeça para prestar atenção em quem havia entrado, mas, exclusivamente aquele foi um momento em que ele levantou e estreitou os olhos para ver quem havia entrado e se dirigido diretamente ao caixa.
Uma mulher. Bem elegante por sinal. O sobretudo bege havia caído bem com as botas de couro pretas e o vestido de botões da mesma cor. Pelo menos era isso que ele conseguiu capturar, com exceção do rosto.
Ela trocou algumas palavras com uma funcionária do caixa, que prontamente se dirigiu à cozinha. A mulher então se virou, e Turner então viu seu rosto, tendo quase certeza de que a conhecia, mas ainda não tinha convicção.
Ela usava óculos de sol, e os levantou à altura dos olhos, deixando-o firme sobre a cabeça, e então ele teve absoluta certeza de quem era, pois reconheceria aquele olhar em qualquer lugar.
De certa forma não conteve a surpresa em vê-la. Fazia quanto tempo? 7, talvez 8 anos? A última vez que se viram foi em Sheffield, quando ambos concordaram que era melhor um término, pois ele iria se mudar para os Estados Unidos por conta do sucesso mundial e exasperado de sua banda.
Sim, sua ex-namorada não havia mudado muito, mas o suficiente para deixá-lo surpreso por ainda continuar muito bonita. O tempo lhe fez bem.
Ele pensou se seria uma boa ideia ir falar com ela ao guardar o celular no bolso da jaqueta. Ela ainda não havia notado a presença dele, estava distraída olhando para o movimento dos carros na avenida do lado de fora. Ao passo que ele entrou num dilema, nem sequer percebeu o momento que se levantou de sua cadeira e foi em direção a ela.

? — perguntou, a voz saiu um pouco trêmula por conta do nervosismo de estar tão perto dela. Foi como se tivesse voltado no tempo e agora era apenas o Alex de 2006 com sua enorme vontade de abraçá-la.

Ela inclinou um pouco a cabeça, confusa. Mas logo arregalou os olhos, a face de surpresa era algo confuso para ele, mas o largo sorriso da moça talvez indicou que ela estava ligeiramente feliz em vê-lo também.

— Alex? Meu Deus, quanto tempo! — ela disse, a voz saiu alegre e carregada de emoção ao o reconhecer. Talvez fosse porque durante todo esse tempo nunca esqueceu de seu primeiro amor. Ela não se conteve em dar um abraço apertado nele, matando a saudade dos corpos colados que ambos nem sabiam que ainda existia.
— É, há muito tempo mesmo, como você está? Ainda continua linda. — ele disse e ela ruborizou levemente, havia esquecido de como era boa a sensação de escutar Turner a elogiando, mesmo quando ela havia acabado de acordar e estava com os cabelos em pé e remelas nos olhos.
— Eu estou bem, melhor ainda por te encontrar. E puxa, você está cada vez melhor, eu adorei esse seu novo corte de cabelo. — ela disse, sendo sincera ao comentar sobre o corte coberto de gel fixador e com um leve topete, embora ela ainda tenha uma grande paixão pelo cabelo curtinho em formato de cuia que Turner costumava usar na época. Ele sorriu com o elogio.
— Mas nossa, me fala de você. Faz muito tempo mesmo. — Alex soou extremamente interessado em saber como está a vida daquela mulher que agora estava começando a fazer seu coração acelerar as batidas. — O que tem acontecido no seu mundo, o que tem feito?
— Ah, você sabe. Terminei a faculdade de arquitetura, consegui um emprego fixo em uma construtora aqui em Londres… está tudo indo bem, devo dizer. — ela contou. — Minha vida não foi muito emocionante desde então. Apenas a velha correria de sempre. — terminou, e ele começou a imaginar como seria se eles ainda estivessem juntos, mas afastou esse pensamento ao escutá-la perguntar o mesmo a ele.
— Bom, aquela coisa. Estar em uma banda, viajar muito, cantar muito… tem sido bem divertido, apesar de ser um pouco cansativo às vezes. — coçou a nuca e ela balançou a cabeça. Ela sempre apoiou a ideia de vê-lo feliz fazendo o que gosta, e fica mais feliz ainda por saber que está dando tudo certo para ele.
— Ah, claro. Arctic Monkeys, né? Tenho quase certeza de que a ideia do nome foi sua. — ela riu e ele fingiu ofensa. Apesar do nome, ela gostava da banda e das músicas. — Qual é, Alex. É a sua cara.
— Eu admito que sim, mas foi um bom nome, concorde comigo, vai. — ele riu e ela o acompanhou, pousando a mão no ombro dele num ato descontraído.

A moça do caixa logo retornou com o pedido dela. Ela havia feito um pedido de delivery e apenas havia ido buscar. Pagou e agradeceu pelo serviço.
— Ouvi dizer que você está com alguém. É verdade? — Alex perguntou em dado momento, não contendo a curiosidade. Ele queria mesmo ter a certeza de que aquele belo coração havia encontrado um outro dono.
— Quem te contou? — ela perguntou um tanto curiosa para saber quem havia lhe dado essa informação, visto que ambos nunca mais haviam se encontrado e só tinham os amigos em comum.
— Um passarinho verde. — Turner desconversou, escondendo o fato de que foi Matthew que havia comentado com ele ao ver uma foto dela e o dito cujo em uma rede social. — Bom, pelo menos foi algo perto disso.
— Bom, é verdade sim. Ele é uma boa pessoa e…

Ela tagarelou, mas Turner não prestou muita atenção, a cabeça girava e ele se sentiu um pouco mal por saber que ela estava com outro, ao passo que a cabeça também doía com a música que a mulher ainda cantava ao fundo.

— O que acha de irmos lá pra fora? Essa mulher está me dando um pouco nos nervos. — ele diz após apertar um pouco os olhos. Ela concorda, ainda contando como ela e o seu noivo haviam se conhecido, não que aquilo interessasse muito à Alex agora.

Ele tirou uma nota da carteira, fazendo sinal para um garçom e lhe entregou, desnecessitando o troco. Abriu a porta para que pudesse sair antes, e ele saiu logo depois, e os dois continuaram a conversa do lado de fora do estabelecimento.
Ela apontou para o carro preto parado bem à frente deles, com a janela abaixada e um homem talvez irritado falando ao telefone.

— É ele. — ela diz e Alexander forçou um sorriso. Ele queria dizer a verdade a ela, queria dizer o que sentia e mais ainda ao ver aquele homem que certamente não lhe agradou muito só de olhar.
— Sabe, "para sempre" não é pra todo mundo. — ele indagou em certo momento e ela concordou com a cabeça. — E você acha que vai ser pra sempre com ele? — ele perguntou num instante. Ela pareceu pensar um pouco na resposta. sempre foi uma mulher que se apaixona rápido, e consequentemente, sempre mais vulnerável a acabar com o coração partido, e Turner sabia disso.
— Talvez sim. Não sei dizer, Alex. — ela brincou os dedos, e ele a analisou por uns instantes.
— Soa mais como se acomodar ou desistir. — ele continuou, dando de ombros. — Mas não soa muito como você, quer dizer… não é bem a sua cara.
— Ainda sou uma iludida que acredita no amor, Turner. — ela riu e ele a acompanhou, mesmo não achando muita graça do que ela disse. — Mas acho que agora vai ser diferente, vamos nos casar daqui dois meses, ele é um príncipe e…
, anda logo! Vou perder meu jogo! — ela foi interrompida com uma buzina estridente e o homem aos berros, irritado por provavelmente perder seu jogo de rugby com os amigos por uma demora de sua noiva. Turner sentiu seu sangue ferver por um momento. Quem ele pensava que era para a tratar dessa forma?
— É, eu percebi o príncipe que ele é… — Alex ironizou, intercalando o olhar entre ela e o homem que já estava rindo de algo que ouviu ao telefone. Um pouco bipolar, digamos.
— Ele não é assim. Quer dizer, não toda hora. — ela diz baixo, balançando a cabeça. Turner não consegue nem piscar por ver em que situação aquela garota havia se metido, a garota que ele ainda gostava muito.

Ele sentia vontade de sacudir os ombros dela e dizer para que ela saísse dessa o quanto antes, mesmo que seja um pouco tarde já que estão de casamento marcado.
E mesmo que o tempo passe e ambos fossem para caminhos diferentes, ele teria certeza de que ele ficaria esperando pacientemente por ela.

— Bom, eu tenho que ir, Alex. — ela deu um sorriso fraco, temendo que seu noivo fizesse outro escândalo na rua.
— Espera… — ele segurou o braço dela levemente, a impedindo de ir embora. Pensou por um instante na melhor solução, porque não podia ficar parado vendo sua garota ser engolida por um buraco negro. — Os Monkeys irão fazer um show reservado no FourSeasons daqui alguns dias. Você poderia ir.
— Ah, Alex… eu não sei. — ficou receosa. No fundo ela queria muito ir, mas tinha medo de seu noivo não querer que ela fosse. Que medo bobo.
— Você pode levar seu noivo também, se isso for te deixar melhor. — Alex sugeriu, embora odiasse a ideia de olhar para esse homem novamente, mas se fosse para ver outra vez, talvez valesse a pena. — Vou deixar seus nomes na lista de convidados e você ainda vai ter tempo pra pensar já que será daqui uma semana. — ele a confortou. Ela sorriu para ele, sentindo o coração aquecido. Havia sentido saudade de Alex, mais do que poderia imaginar.
— Obrigada, Alix. — ela apertou leve e discretamente a mão dele, e ele sentiu uma nostalgia ao ouvir chamá-lo pelo apelido que ela deu a ele. Ele não deixou de sorrir.
— Não agradeça. Vai ser ótimo, vai poder ver Matt e Jamie outra vez, e vai poder conhecer o Nick. — ele disse tentando ser convincente, e ela sorriu com a ideia. — Além do mais, eu irei amar te ver por lá.
— Irei pensar, tudo bem? — ela diz, sentindo borboletas no estômago por escutar que ele amaria vê-la por lá. Alex sempre foi um bom galanteador, e ela tentava se controlar para não sorrir para qualquer coisa que ele dissesse, mas era um tanto complicado.

Ouviram outra buzina, e dessa vez ela sabia que teria que ir.

— Eu abro a porta pra você. — Alex se prontificou, dirigindo-se junto a ela e abriu a porta do carro para que ela pudesse entrar. Um ato cavalheiro que seu noivo nunca chegou a fazer por ela um dia.
— Quem é esse? — o homem sussurrou a pergunta entredentes para , forçando um sorriso para Alex em seguida.
— Alex, um amigo meu. — respondeu de imediato. O homem segurou a carranca, mas isso não passou despercebido por Turner.
— Você deve ser o Tobey. Não, Todd. Desculpe. — Alex diz descontraído, errando propositalmente o nome do homem apenas para vê-lo espumando por dentro. Maldoso, diga-se de passagem. — Você é um cara de sorte, hein?
— É, sou mesmo. — Todd sorriu amarelo, beijando o rosto de um tanto forçado. Alex travou o maxilar discretamente.
— Bom, não irei atrasar vocês. Foi um prazer, cara. — fez um aceno de cabeça para o homem. — E foi ótimo te ver de novo, . — deu um sorriso para ela e apertou sua mão levemente. Ela sorriu.
— Igualmente, Alex. Tenha um bom dia. — ela disse, não tendo muito tempo para olhar bem pra ele, pois o noivo havia dado a partida no carro e disparou, aproveitando o semáforo aberto.
— Quem é esse tal de Alex, hein? — Todd disparou, com a voz carregada de ciúmes.
— Eu já te disse, é um velho amigo meu. — respondeu, tirando o sobretudo do corpo e o jogando sobre o banco traseiro.
— Hm, não gostei nada do jeito que esse seu "velho amigo" ficou olhando pra você. — começou, olhando para ela de relance.

revirou os olhos e suspirou, se preparando para o falatório do noivo, não antes de conseguir captar o reflexo de Turner pelo espelho retrovisor, cada vez mais longe, sentindo mais uma vez o coração errar um pouco as batidas por tê-lo reencontrado.
Enquanto isso, Alex sentia a necessidade de fazer algo, ao passo que puxou o celular do bolso da jaqueta e discou o número desejado.

— Matt? Tá ocupado? Tive uma puta ideia pro show da próxima sexta-feira. — dizia enquanto o amigo do outro lado da linha o pressionou a falar, curioso. — Não, te conto quando chegar aí. E cara, você não faz ideia de quem eu acabei de encontrar aqui…


Uma semana depois.
Hotel FourSeasons, Londres, Inglaterra.


O hotel estava cheio naquela noite, apesar de ser um show reservado, muitas pessoas conseguiram um passe livre para assistir ao show do Arctic Monkeys.
Turner passou a semana ocupado com o resto dos amigos, preparando todo o itinerário do show, mas ainda não tirava da cabeça, pensando na possibilidade de ela não aparecer, ficando nervoso apenas de imaginar não ver aquele rosto em meio à multidão.

— Relaxa, cara. Ela vai vir. — Jamie Cook o tranquilizou minutos antes do show, enquanto Alex escondia o nervosismo ao ajustar o fone de retorno em seu ouvido a cada 10 segundos.
— Só não vale lamentar pelo resto da noite se ela não vier. — Matthew Helders apareceu logo atrás, dando leves tapas nas costas do amigo.
— Esse é meu medo, e se ela vier, provavelmente vai trazer aquele merda daquele noivo dela. — Turner diz, rangendo os dentes discreto.
— Alguém está com ciúmes. — Nick O'Malley comentou ao fundo, bebendo um gole de sua cerveja gelada.
— Ele ainda gosta dela, foi a primeira namoradinha dele, é compreensível. — Matthew o defendeu. Turner riu, tentando disfarçar que sim, ele ainda gostava dela.

Enquanto isso, havia acabado de retocar seu batom quando o noivo estacionou o carro numa vaga próxima ao hotel. Ele estava reclamando desde o horário que começou a tomar banho até agora. Ela se fazia de surda simplesmente para não surtar com ele, aquela deveria ser uma noite incrível para ela, já que veria Alex e o resto dos meninos da banda. E não deixaria ninguém estragar aquilo, nem mesmo o engenheiro civil ao seu lado que criticava até o vento que batia em seu rosto.

— Quanto tempo vai durar esse show? Tenho jogo de futebol amanhã com meus amigos. — perguntou consultando o relógio de pulso, vendo que havia acabado de dar 21:00.
— Não sei. Se você quiser ir embora antes, fique à vontade. Eu peço um táxi para voltar. — ela disse sem se importar com o olhar fulminante que ele lhe lançou.
— E te deixar aqui sabendo muito bem que esse show pode acabar mais cedo e você ir pra outro lugar? Nunca. — diz, a abraçando de lado, firmando a mão grande na cintura acentuada dela, apertando bem, a deixando desconfortável. Ela odiava esse jeito possessivo dele.
— Ah, claro. Até porque você é meu pai para mandar em mim e dizer para onde eu devo ir e quando eu devo ir. — ela bufou, e ele quase quebrou o pescoço para a encarar.

Antes que ele pudesse dar um piti, os dois chegaram à entrada alternativa, que dava direto ao salão principal do hotel, onde aconteceria o show.
Um segurança com uma prancheta em mãos permitia a passagem daqueles que haviam pagado na hora, numa fila relativamente grande que estava formada.

— Foram convidados ou irão pagar pelo ingresso? Estão acabando, aliás. — o segurança perguntou ao notar o casal ao lado, um tanto perdido.
— Fomos convidados. — respondeu de imediato, lembrando-se do convite que Alex havia feito, dizendo que deixaria o nome dos dois na lista de convidados.
— Nomes? — o homem perguntou, agora com os olhos vidrados na prancheta.
e Todd Stevens. — ela respondeu. O homem varreu os olhos pela lista, e não demorou muito.
— Encontrei, . Mas não encontrei nenhum Todd Stevens por aqui, tem certeza de que foi convidado? — perguntou ao engenheiro à sua frente, que agora estava confuso e olhou para a noiva.
— Deve ter algum engano, senhor. Eu e meu noivo fomos convidados, o nome dele deveria estar aí também. — diz confusa, e o segurança nega em contradição.
— Não há nenhum Todd na lista. — voltou a afirmar.
— Posso dar uma olhada? — pediu e o segurança lhe entregou a prancheta, e ela analisou com cuidado os nomes na lista. Encontrou seu nome na lista, e bem pequeno, quase invisível e entre parênteses ao lado do nome dela, estava escrito:

" (e o noivo da que eu não sei o nome)"

De imediato segurou a risada, imaginando que isso só poderia ser coisa de Turner.
— Encontrei. Infelizmente, não está escrito o nome dele, mas é esse. — mostrou ao segurança, não dando a chance de Todd ler o que estava escrito para evitar discussão.
— "Noivo da que eu não sei o nome"? — o segurança perguntou, Todd olhou para com uma leve carranca e ela deu de ombros. Ora, não era culpa dela se Alex escreveu assim, na verdade, ela sempre adorou esse poço de sarcasmo exasperado que era seu ex-namorado.
— Sim, ele só não sabia o nome. Mas é o Todd. Ele está comigo. — assegurou. O segurança assentiu e liberou a passagem para os dois, antes desejando um bom show para o casal.
— Que porra é essa de "noivo da que eu não sei o nome"? — Todd disparou assim que ambos chegaram ao salão. O show havia começado há 7 minutos e haviam algumas mesas livres ainda.
— Não sei, Todd. Vai ver que não sabia seu nome inteiro. Mas você entrou, então não precisa dar piti. — cessou o que poderia se tornar uma discussão, e Todd se mordeu de descontentamento. Um grande mimado.

Enquanto Todd queria sentar bem ao fundo justamente para não ter que ouvir a música e todo o resto, queria se sentar na mesa mais próxima do palco, qualquer uma que lhe desse uma visão de Alex e os rapazes. Enquanto quase discutiram, entraram num consenso de se sentarem em uma mesa no meio, e não quis retrucar, ainda daria para vê-los e escutá-los, e aquilo era a única coisa que ela queria.

No palco, Alex não demorou a encontrar a amada ao varrer os olhos pela multidão, chegando a errar uma nota do seu solo de guitarra por ter se distraído e ficado nervoso.

— Ah, é aquele seu "velho amigo". — Todd comentou com desdém ao perceber Alex tocando e cantando. — Por isso você encheu meu saco para vir a esse show.
— Não enche, Todd. Não te obriguei a vir. — o respondeu, não tirando os olhos de Alex no palco. Havia sentido falta de vê-lo cantar, e sua voz ainda permanecia a mesma, talvez tenha perdido um pouco do sotaque de Sheffield, mas era a mesma voz linda e marcante de Alex Turner.

O show continuou a rolar, estava animada e cantava todas as músicas que os rapazes tocavam, seu noivo revirava os olhos toda vez que via a animação estampada no rosto dela, intercalando o olhar entre ela e o vocalista, que não deixava de olhar para ela também, se sentindo feliz por saber que ela havia vindo e estava com aquele lindo sorriso no rosto.
Ao finalizarem uma canção do álbum Favourite Worst Nightmare, Turner segurou o microfone para fazer uma breve pausa enquanto seus amigos de banda bebiam água ou cervejas.

— Como vocês estão hoje, huh? — Alex perguntou, a multidão toda respondeu com berros ou respostas curtas e animadas. — Gostaria de agradecer a presença de todos aqui, e dar um "olá" especial à . — apontou para , todos aplaudiram e ela se sentiu ruborizada, acenando para Alex. Óbvio que seu noivo não gostou nada disso. — E claro, para o seu companheiro… Tom. Ted. Todd! Isso. — Alex balançou a cabeça, segurando a risada irônica que quase soltou ao microfone.
— Muito engraçado, imbecil. — Todd rosnou e o repreendeu com o olhar. Todd sempre foi muito enjoado, e agora se perguntava o que havia visto nele. Talvez estivesse cega pelo amor. Ou algo do tipo.

Alguns minutos depois, a produção trouxe dois banquinhos, e Alex e Matthew iriam assumir o controle dessa canção em especial. Matt pegou um pandeiro e um chocalho, enquanto Turner pegou seu violão sobre o apoio.
Ambos sentaram-se nos respectivos banquinhos, ajustando o microfone no pedestal para ficarem à sua altura. Alex lançou um breve olhar para Matthew, que piscou para ele, num gesto de "vai dar certo".

— Ok, essa canção em especial provavelmente vai estar no próximo álbum, foi feita em última hora e… bom, é isso. Espero que gostem. — Alex diz meio desajeitado ao microfone, começando o solo de violão.

What's been happening in your world?
(O que tem acontecido em seu mundo?)
What have you been up to?
(O que você tem feito?)


Turner começou, apenas sua voz e o violão eram suficientes para fazer o coração de bater mais forte, ela sempre adorou as músicas acústicas que a banda tocava em alguns shows.

I heard that you fell in love
(Ouvi dizer que você se apaixonou)
Or near enough
(Ou chegou perto disso)
I gotta tell you the truth, yeah
(Preciso te dizer a verdade, sim)

I wanna grab both your shoulders and shake, baby
(Quero agarrar os seus ombros e sacudir, querida)
Snap out of it (snap out of it)
(Saia dessa (saia dessa))
I get the feeling I left it too late, but baby
(Tenho a sensação de que saí muito tarde, mas, querida)
Snap out of it (snap out of it)
(Saia dessa (saia dessa))


O refrão começou, agora Matt fazia os backvocals com sua voz fina enquanto batia o pandeiro na perna e chacoalhava o chocalho com a outra mão.

If that watch don't continue to swing
(Se aquele relógio não continuar a rodar)
Or the fat lady fancies having a sing
(Ou a mulher gorda continuar a querer cantar)
I’ll be here waiting ever so patiently for you to
(Vou estar aqui esperando sempre tão pacientemente para você)
Snap out of it
(Sair dessa)


balançava o corpo e batia palmas assim como o restante do público, gostando da melodia e de como Alex e Matt a cantavam, prestando atenção na letra, pois sabia que aquilo poderia significar algo, se foi Alex quem a compôs.

Forever isn’t for everyone
(Para sempre não é para todos)
Is forever for you?
(Para sempre é para você?)


Alex cantou num tom baixo junto com Matthew, arqueando uma das sobrancelhas para , e ela percebeu o ato, bem como o fato de que já ouviu aquela frase. Ela desfez aos poucos o sorriso aberto que tinha ao perceber que fora o próprio Alex que tinha dito isso para ela na sexta-feira passada, quando se encontraram no restaurante.

It sounds like settling down or giving up
(Isso soa como se acomodar ou desistir)
But it don’t sound much like you, girl
(Mas isso não é muito a sua cara, garota)


Aquela frase em especial fez quase cair da cadeira. Era exatamente a mesma coisa que Alex havia dito para ela, quando se tratava de seu noivo. Ela encarava Alex sem ação, se dando conta do que aquilo se tratava. Era como se fosse um "alerta" para que ela saísse daquela situação, situação essa que seria seu relacionamento com Todd e que, enquanto isso, Alex a esperaria pacientemente até que ela tomasse coragem e pulasse fora.
Era exatamente isso que Alex quis dizer para ela nessa canção que ele compôs com Matthew no mesmo dia depois do seu encontro no restaurante. E não conseguiu tirar isso da cabeça.

Under a spell, you’re hypnotized (oohh)
(Sob um feitiço, você está hipnotizada (ooh))
Darling, how could you be so blind? (snap out of it)
(Querida, como você pôde ser tão cega? (sai dessa))
Under a spell, you’re hypnotized (oohh)
(Sob um feitiço, você está hipnotizada (ooh))
Darling, how could you be so blind? (snap out of it)
(Querida, como você pôde ser tão cega? (sai dessa))


Alex em momento algum parou de prestar atenção na reação de , desejando com todo o seu coração que ela tivesse entendido o recado e que ela não levasse isso para o lado pessoal. Quer dizer, ela merece algo muito melhor do que aquele arrogante que ela diz amar. Ele captava a reação de quase incredulidade dela, até mesmo quando finalizou a música e disfarçou ao cumprimentar Matt por terem feito aquilo da forma que haviam combinado e ensaiado.
ainda permanecia um tanto atônita, absorvendo toda aquela informação.

— Hm, até que a música é boa. — Todd comentou com pouco desdém, bebericando o drink que havia pedido minutos antes.
— É… — concordou com a cabeça, virando a mesma devagar para encarar Todd. — Muito boa mesmo… — diz baixo, mais para ela mesma. Ela viu que aquilo era o maior dos sinais para que ela desse um basta.

Aquele relacionamento havia acabado há muito tempo, e agora só estavam juntos por conveniência. E finalmente ela conseguiu perceber isso.
O show perdurou por mais alguns minutos, e logo quando acabou, o público foi se dispersando com a ajuda dos seguranças e funcionários do hotel. achou que deveria ir até os rapazes, mais para agradecer e parabenizar pelo show. Agradecer Alex, exclusivamente.

— Onde você vai? A saída é por ali. — Todd segurou o braço dela, a impedindo de andar em direção ao backstage improvisado, que era o lounge do hotel logo ao lado.
— Vou falar com os rapazes, eu conheço eles e gostaria de agradecer pelo convite. — forçou o braço para se desvencilhar dele, mas ele não a deixou ir tão facilmente. Era nessas horas que ela sentia vontade de quebrar uma parede com a cabeça dele.
— Não, vamos para casa, eu tenho que acordar cedo para jogar com meus amigos. — ele a puxou para irem à saída, autoritário. puxou o braço, conseguindo se desvencilhar dele com êxito dessa vez.
— Eu já disse, não estou com suas pernas e não lhe obriguei a vir. — protestou, farta do fato de Todd sempre querer ter tudo à sua vontade e maneira. — Eu pego um táxi ou Uber e pronto, você pode ir, como você disse, a saída é por ali.
— Você me tira do sério, ! Anda, vai ser rápido. Você fala com eles e vamos embora. — ele bufou, andando na frente dela para irem ao lounge, mas um segurança o barrou antes que ele pudesse passar pela porta que dava ao lounge.
— Eu sou amiga dos meninos, podemos falar com eles? É rapidinho. — pediu com gentileza, e antes que o segurança pudesse negar o seu pedido, Alex de longe a viu enquanto estava conversando com Matthew e um dos produtores da banda.
— Brad, deixe ela vir, está tudo bem! — Alex exclamou em alto e bom som, e sorriu quando seus olhos encontraram com os de Alex, e enfim o segurança os deixou passar. — Uau, você veio mesmo, curtiu o show? — perguntou quando havia se aproximado, óbvio que ele teria perguntado de outra forma se seu noivo não estivesse bem ao lado com a maior cara de bunda.
— É claro, Alex! Não perderia por nada, o show foi incrível mesmo. — ela disse, o abraçando rapidamente. — E Matthew, meu Deus! Quanto tempo, você cresceu! — ela exclamou ao ver Matthew, o abraçando calorosamente.
— Só se for para os lados, . — Matthew riu. Logo Jamie e Nick chegaram para se juntar à conversa.
abraçou todos eles, se sentindo feliz por revê-los e conhecer Nick, o baixista da banda.

— E esse é Todd, meu… noivo. — disse, por só agora ter percebido que Todd ainda estava ali, com a pior das carrancas. Todd os cumprimentou de forma quase forçada.
— Gostei da música de vocês, especialmente aquela acústica. — Todd diz de forma falsa, mas convincente. — Qual o nome mesmo?
Snap Out Of It. — Alex respondeu de imediato, lançando um olhar rápido para , e ela levantou as duas sobrancelhas, entendendo o recado.
— "Saia Dessa"? Até que faz sentido. — Todd dá de ombros. — Seria ótimo conversar mais com vocês, mas temos que ir, não é, querida?
— Ah, sim. Precisamos conversar também sobre uma coisa quando chegarmos. — balançou a cabeça e Todd olhou confuso para ela.

Alex sentiu o coração bater mais forte, com uma faísca de esperança.

— Sobre o que? — Todd murmurou para ela.
— Quando chegarmos. — firmou, se virando para os rapazes para lhes darem um abraço. — Obrigada pelo convite, meninos. O show foi absurdamente incrível.

Ela abraçou cada um deles, que insistiam em fazê-la ficar mais um pouco para colocarem o papo em dia, mas achou melhor ir o quanto antes para resolver o que já deveria ter feito há muito tempo. Ao chegar em Alex, ela o abraçou mais forte.

— Obrigada, Al. — ela sussurrou no ouvido dele, o fazendo sentir um leve arrepio e as pernas se tornaram gelatinas por um instante. Ela deu um sorriso que ele sabia bem o que significava, e nunca sentiu tanto contentamento em um dia.
— A gente se vê por aí, . Cuidado ao voltarem para casa. — Turner diz caridoso, esperando ter notícias dela em breve. Ela sorriu e enfim se foi junto com o noivo que agora tagarelava e a pressionava para dizer sobre o que ela queria conversar quando chegassem.

Assim que os dois sumiram hotel afora, o silêncio reinou na roda dos quatro amigos, sendo que três deles estavam olhando para o vocalista que estava no canto da direita, que suspirou um tanto aliviado e com um sorriso fraco no rosto.

— É, gente… — o vocalista disse, um tanto extasiado. — Eu acho que deu certo. — riu, e aquilo foi suficiente para desencadear uma pequena comemoração entre os quatro.
— Vamos mudar seu nome para Alex destruidor-de-relacionamentos-tóxicos Turner, eu apoio a ideia. — Jamie brincou e eles continuaram a falar sobre isso e outras coisas aleatórias.

Alex não fez por mal, apenas quis abrir os olhos daquela garota que não merecia e não deveria estar num relacionamento assim. Ele só esperava que agora ela fizesse a escolha certa.
Minutos depois, e Todd chegaram no apartamento que dividiam, no sudoeste de Londres. Todd foi direto para o quarto, enquanto tirava os sapatos e o casaco, o deixando sobre o bengaleiro.
Ela subiu as escadas devagar, já sabendo o que iria dizer e tomando coragem para isso.

— Todd? — chamou-o, o vendo sentado sobre a cama, talvez esperando por ela. — Precisamos conversar. — disse, ao passo que fechava lentamente a porta atrás de si.

E aconteceu o que tinha de acontecer. A discussão foi feia, mas nada que perdurou tempo demais.
No dia seguinte, Todd foi embora, mesmo relutante.
E duas semanas depois, Alex teve notícias de quando ela lhe ligou.
Ela realmente saiu dessa. E estava feliz por Alex tê-la ajudado.

Fim.



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Nota da autora: Obrigada por terem lido, espero que tenham gostado e até a próxima!


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