Cansada de fazer sempre a mesma coisa, comecei a olhar sites de vagas mais diferentes, fotógrafa, organizadora de eventos, dentre outras áreas que eu realmente gostaria de trabalhar, comecei a me candidatar a várias vagas diferentes, até que me deparo com uma para ser baixista de uma banda, achei estranho ter um anúncio em site de vagas de emprego mas mesmo assim resolvi me candidatar, grande parte do que eu sabia tocar era Simple Plan, mas não custava nada tentar.
Se passou um mês desde que fiz a loucura de me candidatar àquela vaga de baixista, hoje quando abri o e-mail, me deparo com a resposta de que estava selecionada para uma entrevista, o que eu não sabia ainda era o nome da tal banda, tanto no anúncio quanto no e-mail que recebi falava que a banda era confidencial, a entrevista seria no dia seguinte no hotel tangará às dez da manhã, hotel esse que fica no bairro do Panamby em São Paulo, sinceramente nem me atentei aos outros requisitos quando me candidatei, que eram ter um passaporte válido, ter disponibilidade para viajar, ser criativo e claro, saber tocar baixo.
“Bom bora lá, , não custa nada tentar, vai gastar o que com isso? Gasolina e estacionamento? Ou um Uber? Só vamos!”
Minha eu interna berrava para eu responder aquele e-mail confirmando a presença, eu estava totalmente descrente de que conseguiria passar, afinal eu sabia tocar basicamente Simple Plan e nada mais, respirei fundo e respondi o e-mail confirmando a presença, só então que parei para ler se precisaria levar o próprio baixo ou não, como não falava nada no e-mail eu optei por afinar meu baixo e treinar Opinion Overload para poder tocar no dia seguinte.
Levantei cedo naquela sexta-feira fria em São Paulo, o percurso da minha casa até o hotel demoraria cerca de uma hora e meia de acordo com o GPS, me vesti com uma calça jeans skinny, uma blusa do Simple Plan e minha jaqueta de couro, coloquei tudo dentro do carro e comecei o percurso, enquanto estava no trânsito repassava mentalmente os acordes da música, consegui cortar um bom caminho por conhecer as ruas por dentro, acabei chegando meia hora antes do previsto, estacionei o carro, peguei minhas coisas e fui em direção a recepção, assim que cheguei a recepcionista logo me informou onde eu teria que ir.
Me sentei junto com mais duas pessoas do lado de fora do que parecia ser uma sala de reuniões, uns vinte minutos depois fui chamada para entrar na sala.
- Bom dia, , certo?
- Sim.
- Pode se sentar. – a moça de cabelos azuis indicou uma cadeira. – Bom, você tem disponibilidade para viajar?
- Sim.
- Tem passaporte e disponibilidade para início imediato? – ela me olhou atenta.
- Sim para ambas as perguntas.
- Ótimo, você passou da primeira parte, agora por favor acompanhe o Mark, ele irá te levar para a sala de teste, notei que trouxe seu próprio instrumento, iremos te dar dez minutos para ligar os cabos e afinar.
- Ok.
Me levantei e segui o Mark até a sala ao lado, do lado de fora pude ouvir o rapaz que entrou primeiro que eu tocando ac/dc emendando em metallica e finalizando com amy winehouse, quando ele saiu parecia bem desapontado, sussurrou um “boa sorte” me medindo de cima abaixo.
Entrei com o Mark na sala, antes mesmo que ele falasse eu já fui até o x marcado em vermelho no chão, ele me avisou que iriam falar quando pudesse começar e foi para a penumbra no canto da sala, de onde ouvi alguns sussurros vindo, ajeitei meu baixo deixando a capa dele e meu casaco atrás dos auto falantes, conectei os cabos, fiz o teste rápido de som e fiquei aguardando que falassem que poderia começar.
Quando ouvi a voz falando “pode começar, você tem dez minutos” eu me empolguei, comecei por Opinion Overload como tinha me programado, em seguida toquei American Idiot do Green Day e finalizei com I’m Just A Kid do Simple Plan com direito a pulos e caminhadas no que delimitaram como palco, quando terminei ouvi aplausos vindo da penumbra e em seguida o Mark vindo em minha direção.
- Well done, , os chefes ficaram empolgados, por favor aguarde novamente ao lado da primeira sala.
- Ok, obrigada, Mark!
Sai da sala ouvindo os mesmos sussurros, voltei para as cadeiras que fiquei anteriormente e notei que estava sozinha, os outros dois não estavam ali, naquele momento senti a ansiedade tomar conta de mim, eu não sabia se aquilo era bom sinal ou não, antes que eu pudesse ficar muito ansiosa a moça dos cabelos azuis apareceu.
- Bom, imagino que você já esteja deduzindo, mas meus parabéns, você está selecionada para a segunda etapa, pode entrar por favor. – segui ela para dentro da sala, onde encontrei o Mark sentado na mesa junto com mais três pessoas.
- , correto? – o de cabelos pretos falou.
- Sim.
- Bom, sou o Frank, engenheiro de som, esses são Tom e Chris, Tom cuida da parte da iluminação, Chris da parte de afinação de instrumentos, nós notamos que você tocou duas músicas do Simple Plan. – ele me entregou uma setlist com músicas da banda. – Gostaria de saber se você consegue tocar todas elas.
- Claro. – bati o olho por cima e vi que de fato eu sabia tocar todas.
- Certo, você tem disponibilidade para ir conosco até a casa de show Audio?
- Sim, seria agora?
- Sim, essa será a segunda etapa.
- Certo. – continuei encarando a setlist, só então que me deu o estalo mental de que a chance de ser audição para substituir o David existe.
- Bom, saímos em quinze minutos, este cartão te dará direito a comer algo no restaurante, fique a vontade. – Frank me entregou um cartão que provavelmente era do quarto dele.
- Obrigada, encontro vocês onde?
- Sabe chegar no estacionamento?
- Sim, estacionei meu carro lá.
- Ótimo, nos encontramos lá ao lado do elevador.
- Combinado.
Fui até o restaurante e pedi um lanche e um guaraná, me sentei na mesa e no mesmo instante peguei o celular. Porra eu sou fã da banda e nem vi indícios de que iriam fazer uma audição para baixista, depois de revirar todas as redes sociais e não encontrar nada, resolvi repassar mentalmente todos os acordes das músicas do setlist que que me entregaram.
No tempo combinado eu desci para a garagem, encontrei eles já no elevador, entramos em uma van e fomos até a áudio, chegando lá já tinha todo um palco montado com microfones, uma bateria e luzes.
- Bom, , agora vamos ver como você se sai junto com a banda, ok?
- Tudo bem.
- Vai acontecer assim, você vai começar a tocar a música e aos poucos a banda vai entrando e tomando seus lugares.
Assenti com a cabeça e rapidamente subi no palco, faziam anos que eu não entrava naquela casa de show, ironicamente meu último show lá foi do Simple, comecei a tocar a primeira música, Addicted e mais ou menos no meio dela a bateria começou, eu segui o que havia programado e continuei tocando sem olhar para o restante da banda, em poucos acordes entrou a primeira guitarra, logo depois a segunda, eu sentia meu coração acelerar por querer olhar para os lados e ansiosa pela voz que não vinha, na segunda música que era astronaut e o baixo começaria um pouco depois, foi quando olhei ao redor e senti meu mundo parar, eram eles mesmos, eu estava ali, no palco, tocando com eles, dei alguns passos para trás meio que saindo do foco e dando espaço para o Jeff ir mais para frente, quando foi o momento do baixo entrar eu me entreguei a música, reparei que a palheta estava gasta já, joguei no chão enquanto pegava outra do pedestal de microfone na frente do Jeff, sorri para ele e continuei tocando e andando pelo palco.
Ser realmente eles tinha uma vantagem, eu já sabia bem como funcionava o esquema de palco deles, chegando no meio do setlist eu me aproximei do Seb para pegar outra palheta, ele olhou para mim empolgado e virou de frente, rapidamente peguei uma palheta do pedestal do microfone dele e tocamos um de frente para o outro, voltei a caminhar pelo palco empolgada e quando a música acabou aproveitei a brecha para tomar água.
- Olha, tenho que ser sincero, sua sincronia com a gente aqui no palco está ótima! – Pierre falou parando ao meu lado e pegando uma garrafa de água.
- Ah, obrigada. – sorri para ele. – Vão fazer uma pausa nessa música?
- Sim, não somos mais adolescentes. – ele deu risada. – Depois vamos tocar mais duas músicas apenas, ok?
- Ok, mas por que não o setlist inteiro?
- Ah, Pierre, eu quero ensaiar welcome to my life, Podemos? – Jeff apoiou no ombro do amigo me olhando.
- Claro! Toma uma água e vamos!
O bom é que eu sabia aquela música de cor e poderia tocar de olhos fechados, afinal foi a primeira que aprendi, mas sinceramente estava com medo de como iria reagir, toda vez que ouço aquela música ao vivo eu choro, não quero chorar aqui agora em cima do palco, tocando com eles.
Respirei fundo, peguei outra palheta e parei ao lado do Jeff esperando o momento que o baixo entra junto com a bateria, o Seb e o Jeff começaram os acordes, senti meu estômago parei, respirei fundo olhando para o Chuck e assim que ele começou a tocar eu comecei junto, enquanto eu tocava mais para o fundo do palco, me deixei levar pela emoção, comecei a caminhar até o lado do Jeff cantarolando a música junto com o Pierre, apoiei em umas caixas ao lado do Jeff e senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto, me mantive firme sem perder o ritmo, no último “welcome to my life” que o Pierre cantou soltei o baixo e limpei as lágrimas enquanto respirava fundo.
- está tudo bem? – Pierre parou na minha frente.
- Sim, só emocionada. – falei sendo interrompida por um soluço. – Qual será a próxima música?
- Eu tinha certeza! – Jeff parou ao lado do Pierre. – Lembro de você de todos os últimos shows que fizemos aqui no Brasil, a garota de cabelos vermelhos que sempre fica na grade, você sempre chora em welcome to my life.
- Ah, por isso queria treinar ela? – Pierre olhou atento ao amigo.
- Sim, precisava de uma confirmação.
- Olha, espero que vocês não se importem, mas sim, sou fã de vocês. – falei olhando para eles enquanto dava um gole de água. – Mas se quiserem parar por aqui e procurar outro baixista eu também vou entender.
- Não! – Chuck falou atrás da bateria. – Você é incrível, acompanha certinho os momentos, sabe nosso ritmo, não teríamos que treinar você.
- Só teriam que me ajudar em algumas coisas, como a emoção que sinto quando tocam algumas músicas.
- Como quais?
- This Song Saved My Life, Welcome To My Life, Save You e Astronaut.
- Olha, dessas todas a única que a gente toca com frequência é welcome to my life. – Seb comentou do outro lado do palco. – Talvez com o tempo você consiga lidar melhor com ela.
- Bom, parece que temos uma nova baixista então. – Pierre falou empolgado.
- É sério isso? – perguntei sentindo um mix de emoções enormes dentro de mim.
- Sim! – os quatro falaram em coro.
- Seja bem vinda! – Pierre me puxou para um abraço. E que abraço. – Bom, amanhã você encontra a gente no Renaissance às dez da manhã, iremos te entregar o contrato com os shows.
- Achei que estavam hospedados no Tangará.
- Não, foi só para os testes mesmo. – ele sorriu.
- Fechado então, até amanhã!
O Frank me levou de volta ao tangará, peguei meu carro e voltei para casa, completamente desnorteada com o que tinha acontecido naquele dia, tomei uma ducha e fui direto para a cama, meus músculos estavam doendo como se eu tivesse ido ao show, não exatamente tocado nele.
Me joguei na cama e a primeira coisa que fui ver foi a agenda de shows, afinal agora eu faria parte dela também, quando abri o site vi que teria show deles no Brasil dali um mês, abri o site de ingressos e claro, já estava esgotado, fiquei completamente em choque que o meu primeiro show com eles seria aqui, em São Paulo.
No dia seguinte cheguei pontualmente às dez da manhã no hotel, desci do uber e fui em direção a porta de entrada, ali tive que me identificar e os seguranças demoraram um certo tempo até liberar minha entrada, depois que entrei encontrei eles no restaurante da cobertura, conforme fui avisada pelo Frank por mensagem, quando cheguei tive uma recepção bem calorosa onde todos se levantaram para me cumprimentar, me sentei ao lado do Jeff, o único que estava com a cara amarrada de quem não havia dormido bem.
- Bom, não sei se você viu, mas nosso show juntos será mês que vem, aqui em São Paulo. – Pierre falou empolgado me entregando um papel. – A setlist será essa.
- Eu vi no site ontem a noite. – peguei o papel e olhei por cima, as mesmas músicas de sempre. – Ok, será que posso dar uma sugestão?
- Claro!
- Por que não tocamos Never Should Have Let You Go?
- Mas será que alguém conhece?
- Pode ser no soundcheck, eu vi que vai ter os vips do sound e do pizza.
- Ah, aí é uma boa idéia. – Jeff comentou olhando para mim. – Quando tocamos Lucky One ninguém esperava.
- É, eu sei, nem mesmo eu esperava. – suspirei lembrando. – Enfim, sobre o soundcheck, de preferência a gente podia separar algumas músicas né?
- Claro, mas você sabe tocar todas as nossas músicas, não? – o careca interrompeu o Pierre.
- Sei, claro que sei. – olhei para ele inconformada.
- Bom, eu finalmente trouxe seu contrato. – Frank interrompeu o climão que havia se formado entre eu e o Jeff. – Leia com calma.
Parei para ler o contrato enquanto eles conversavam, lá dizia que eu faria parte de processos criativos de próximos cds, deixava bem claro a minha porcentagem de cada show, quais suportes eu teria, estava tudo conforme eu esperava, na verdade até mais, assinei o contrato e entreguei para o Frank já com meu passaporte para ele providenciar os vistos, conforme ele tinha me pedido por mensagem na noite anterior.
- Bom, agora você é oficialmente da banda. – Pierre sorriu empolgado.
- Temos que fazer fotos novas!
- Bom, a nossa fotógrafa chega na sexta, o que acham de fazermos algumas fotos aqui?
- Eu acho que o Beco do Batman daria ótimas fotos, mas temos que ir durante a semana, caso contrário aquilo fica lotado.
- Chuck, pesquise se não dá para locar o lugar – Pierre olhou para o amigo que só concordou com a cabeça já procurando as coisas no celular.
- Guys, eu montei uma postagem para anunciarmos que temos um novo integrante ainda hoje. – ele olhou para mim. – usei uma foto sua só que sem você aparecer, veja o que acham.
Chuck colocou o celular na mesa, a foto era uma minha provavelmente tirada por ele ontem enquanto eu ensaiava naquela sala escura, mas eu estava recortada, era apenas o contorno do meu corpo e do baixo, eu achei divertida a foto e concordei com ela, todos concordaram, menos o Jeff que achou que seria um jogo ridículo com os fãs, mesmo assim o Chuck postou.
- , sei que você mora em São Paulo, na semana do show você quer ficar no hotel com a gente?
- Claro! – respondi empolgada.
- Combinado então!
- Guys, eu vou para casa, se quiserem ir lá em casa também, tenho cerveja gelada e podemos pedir uma pizza.
- Claro! – Pierre se levantou pronto para sair. – Você veio como?
- De Uber.
- Bom, vamos de Uber então! Vocês vem? – ele olhou para os amigos.
- Eu topo. – Seb se levantou seguido pelo Chuck.
- Ah, vou descansar, curtam bastante. – Jeff respondeu os olhares dos amigos.
Me despedi do Jeff que me deu um abraço bem forte, o que eu estranhei já que achava que ele não estava curtindo a idéia de eu fazer parte da banda, chamamos um uber e fomos até a minha casa, chegando na porta do apartamento foi quando lembrei que eu tinha posters emoldurados deles na parede, coloquei a chave na fechadura e me virei para os três.
- Guys, seguinte, tenho pôsteres de vocês na parede, por favor não estranhem.
- Eu já imaginava. – Pierre sorriu.
- Sejam bem vindos, sintam-se à vontade. – falei abrindo a porta e entrando em casa, na geladeira tem cerveja, copo no armário em cima da pia, vou pedir a pizza para nós.
Pedi duas pizzas, uma de atum com catupiry e uma de muçarela, em vinte minutos a pizza chegou, o Pierre fez questão de descer comigo e de pagar a pizza, a noite foi rolando e as conversas foram fluindo, eles me contaram como era fazer turnê, como era bom ser reconhecido pelos fãs e claro, o carinho dos fãs brasileiros que era incomparável, cerca de oito da noite meu telefone começou a tocar insistentemente, na tela marcava o número da Rê.
- Herow, mana.
- , É VOCÊ NA CARALHA DA IMAGEM DO SIMPLE?
- Então... – dei risada. – Sim?
- COMO VOCÊ NÃO ME CONTOU ISSO ANTES?
- Se acalme mulher, está tudo bem.
- Claro que tá tudo bem, você FAZ PARTE DA BANDA AGORA!
- Então, eu me inscrevi em um teste para ser baixista, não sabia que eram eles, foi tudo tão corrido que não te mandei mensagem, i’m sorry, i can’t be perfect... – ouvi uma gargalhada vindo do sofá, olhei para trás e os três estavam em silêncio prestando atenção. – Enfim, sim, sou eu mana.
- Eu ouvi o que acho que ouvi?
- Depende do que você acha que ouviu.
- Eles estão na sua casa, né?
- Sim, três deles, tá faltando o careca.
- Oxe, tá. Eu comprei ingresso para o show.
- Pois venda, eu tenho direito a dois ingressos cortesia.
- Ah, e agora você me fala isso?
- Nem vem Renata, acabei de te explicar que fiquei sabendo de tudo ontem, o show está sendo vendido já tem meses, inclusive tá esgotado já. – parei para ascender um cigarro. – E tu nem me avisou, só comprou a porra do show. – continuei reclamando enquanto ia até a sacada, senti os três pares de olhos me acompanharem. – Tu ia fazer o que com o ingresso? Ir sozinha ou enfiar no cu?
- Se acalme, bixa. – ela gargalhou do outro lado. – Era para ser seu presente de aniversário.
- Ah... – falei sem graça. – Bom, pode vender que você vai comigo, a não ser que não queira.
- Claro que quero.
- Fechado então mana, depois te dou mais detalhes, mas você vai estar comigo.
- Ok, depois falamos mana, segura que vai ter surto da fanbase, beijo.
- Beijo maninha. – desliguei e virei para os três que estavam em silêncio sentados no sofá.
- Parece que era importante.
- Era minha irmã. – dei risada. – Nada de mais.
- Ela vai no show?
- Claro, pensando agora, creio que minha família inteira vá querer ir, isso dá umas dez pessoas no mínimo...
- A gente dá um jeito, tem camarotes que não foram à venda. – Chuck sorriu. – Claro que eles vão querer prestigiar a filha, prima, sobrinha...
- Obrigada, sério. – me sentei na frente deles. – Cara, eu acho que o Jeff não foi muito com a minha cara.
- Que nada, , ele só é assim mesmo, meio que se mantém afastado.
- Tem certeza?
- Absoluta. – Pierre sorriu. – Pode confiar!
Sorri para o Pierre e passamos a noite conversando e bebendo, eles foram embora eram quase cinco da manhã, o show seria no início do mês que vem, o que me dá quinze dias para poder treinar e conversar com todos.
Tomei um banho e me deitei na cama, minha cabeça estava a milhão e esses quinze dias se passaram em um piscar de olhos, eu já havia dado a notícia para minha família toda, meus pais, minhas irmãs e meus cunhados confirmaram a presença no show, minha tia, o marido dela e os dois filhos, meu padrinho e a namorada dele também, eu já tinha mandado a lista para o Chuck, finalmente chegou o dia de ir para o hotel encontrar eles, seria a minha estreia com eles, as fotos para divulgação nós havíamos tirado algumas durante as semanas mas não podíamos postar até o show.
Peguei minha mala pronta e fui para o hotel encontrar eles, chegando lá entrei pelo estacionamento pois já tinham fãs na porta do hotel, encontrei o Frank na recepção, ele me ajudou a fazer meu check in em nome da banda e me levou até o quarto, por ironia do destino meu quarto seria ao lado do Jeff.
- Frank, você viu minha camiseta preta... – Jeff que estava sem camisa no meio do corredor, parou e me encarou. – Ah, já chegou?
- Não, não, estou lá em casa ainda. – revirei os olhos, não estava com paciência para ele. – Obrigada, Frank.
Entrei no meu quarto fechando a porta atrás de mim e respirei fundo, não sabia o motivo do Jeff ser estúpido comigo daquela forma mas sabia que ele não me queria ali, foi o tempo de apoiar a mala no canto alguém bateu na porta.
- Hey ! Seja bem vinda! – Pierre segurava uma caixa de bombons enquanto sorria.
- Entra! – ele entrou e eu fechei a porta. – Pierre, sério, eu de coração acho que o Jeff não curte eu estar na banda. – suspirei e olhei para ele que estava a ponto de rir. – Para, é sério, ele foi grosso comigo.
- Sério, ? Tu não conhece seus ídolos?
- Oxe, como assim?
- Nada, deixa pra lá, você vai descobrir uma hora ou outra. – ele sorriu. – Bom, que tal aproveitar os últimos dias como pessoa não famosa?
- Pierre tem uma galera já desconfiando, você acha que não?
- Pode até ser...
- Mas bom, vou aproveitar, vou fingir ser apenas uma fã lá embaixo. – dei risada. – encontro vocês lá fora, obrigada pelos bombons! – dei um abraço nele e quando fui dar um beijo na bochecha ele virou e demos um selinho.
- ! – ele falou assustado e completamente corado.
- Sorry, não foi a intenção, juro! – soltei o abraço sentindo meu rosto queimar.
- Isso me lembra, você provavelmente vai conhecer a Lachelle, o que acontece na turnê.
- Fica na turnê. – falei interrompendo ele e dando risada. – Achei que fosse regra básica de bandas.
- Bom que pensa assim. – ele sorriu, me puxou pela cintura e selou nossos lábios dando início a um beijo intenso, puxei ele para mais perto pela nuca e apertei levemente a cintura dele, notei que ele retribuiu descendo a mão ate meu quadril e apertando levemente enquanto beijava meu pescoço, fomos interrompidos por alguém batendo na porta. – Ninguém precisa saber. – ele sussurrou enquanto se ajeitava.
- Ninguém irá saber. – falei firme e fui até o espelho ajeitar a maquiagem enquanto ele abriu a porta. – Hey, Chuck!
- Vim te dar boas vindas! – ele sorriu. – Parece que cheguei atrasado. – ele olhou para o Pierre que corou instantaneamente e gargalhou. – Mas você não presta Bouvier, depois não vale vir reclamar hm?
- Pode deixar. – Pierre deu risada e saiu do quarto. – Te vejo lá embaixo, !
- Bom, vim te dizer para aproveitar ao máximo os últimos dias antes da fama, mas creio que o Pierre já deu esse recado. – ele deu risada. – Inclusive tem algo no seu pescoço.
- O que? – olhei no espelho. – Filho da puta...
- , é sério, não crie expectativas com eles.
- Relaxa, Chuck, o que acontece na turnê fica na turnê, estou sabendo, pura curtição.
- Bom que pensa assim! Nesse caso, aproveite ao máximo!
- Pode deixar que irei aproveitar! – terminei de cobrir a marca que o Pierre tinha deixado no meu pescoço. – Bom, vou ser apenas uma fã comum, encontro vocês lá embaixo!
- Até daqui a pouco!
Eu desci e fui em direção a entrada lateral, sinceramente ainda não tinha tido o surto de tudo que estava acontecendo, assim que pisei na calçada e acendi o cigarro o surto veio, eu entrei em estado de completo choque, caminhei sem perceber até a entrada principal onde estavam os outros fãs, assim que cheguei ali a Bia e a Nila me viram e vieram falar comigo mas eu estava em um estado de choque tão grande que não conseguia responder elas.
- ? – a Bia apoiou a mão no meu ombro.
- Bia... Beatriz... – parei olhando para ela. - Eu... CARALHO... PUTA QUE PARIU...
- , O QUE ACONTECEU? – a Bia me chacoalhou e eu finalmente voltei a mim mesma.
- Mulher, tantas coisas aconteceram, a começar com isso. – peguei a foto do instagram que eles haviam postado. – Não reconhece?
- Espera...
- Sim mana, apenas sim. – olhei para ela que travou na mesma hora e olhou para a Nila que estava sem entender. – Mana além disso, teve um rolê louco aí com um vocal...
- Mas já!? Tu é ligeira!
- Não, não fui eu, foi ele.
- AMADA? – Nila interrompeu a gente. – É tu na foto do insta, tu será a nova baixista!
- SHIU fala baixo caralho, mas sim.
- Na moral, me arruma um vip?
- Vip não dá, ingresso pro próximo show no Rio dá, são regras do Chuck, eu não discuto. – dei risada. – Ó, eles vão sair para atender agora.
Elas deram risada comigo e fomos em direção a entrada do hotel, eu fui tirar foto com eles como uma fã normal, tirei com o Seb que super se divertiu com a situação, com o Chuck que abriu um baita sorriso quando me viu, quando chegou a vez do Jeff eu não sabia como ele iria reagir, esperei a moça na minha frente terminar a foto e fui até ele.
- Hey, giiiirl!!! – ele falou empolgado.
- Hey, Jeff!
- Sabe, podemos tirar essa foto a qualquer momento né? – ele sussurrou enquanto batia a foto.
- Eu sei, estou aproveitando os últimos minutos antes da fama. – sorri para ele. – Obrigada pela foto.
Fui em direção ao Pierre e senti meu rosto queimar assim que me aproximei, respirei fundo e fui tirar a foto com ele, ele foi mais prático com a foto, saiu sorrindo tranquilamente e me entregou o celular, achei um pouco estranho levando em consideração tudo o que tinha acontecido, agradeci a foto e fui para o canto olhar uma por uma, parei ao lado da entrada e quando me dei conta o Jeff estava parado ao meu lado.
- Sabe, eu não sou contra você fazer parte. – ele falou baixo ao meu lado. – Realmente você toca muito bem.
- E por que você é grosso comigo?
- Não é grosseria, eu sou assim. – ele me encarou. – Já decidiu a roupa do show?
- No dia você vai saber, mas por que a pergunta? – respondi ríspida.
- Curiosidade só. – ele cruzou os braços.
- Você não tem fãs para atender não?
- Talvez, você não tem maquiagem para esconder esse chupão?
- Talvez. – dei risada.
Ele saiu e foi atender aos fãs que chegavam, eu entrei no hotel e fui até a lanchonete pedir gelo e um pano, assim que me entregaram eu coloquei no pescoço fazendo movimentos circulares, em dez minutos não existia mais marca nenhuma no meu pescoço, subi para meu quarto, tomei um banho e assim que encostei na cama eu dormi.
Os dois dias que faltavam para o show se passaram muito rápido, e a grosseria do Jeff comigo só aumentava, fomos tirar fotos e tudo o que sugeri ele foi contra, quando finalmente chegou o dia do show acordei de manhã psicologicamente pronta para o show, seria minha apresentação à fanbase, eu estava de baby doll ainda quando alguém bateu na porta, quando eu abri dei de cara com o Jeff segurando um saco de paletas.
- Ó, chegaram. – ele me entregou minhas palhetas roxas com escrito em preto. – Assim você não precisa usar as nossas.
- Bom dia para você também. – peguei o saco. – Obrigada. – sorri para ele e notei que ele me mediu de cima a baixo. – Que foi agora?
- Nada não. – ele respondeu em tom grosso.
- Gostou? Tira uma foto, dura mais! – falei alto fechando a porta.
Eu não sabia se ele estava jogando, mas sinceramente se um dia ele quiser eu também quero. Suspirei balançando a cabeça e afastando os pensamentos, vi a mensagem do Chuck no meu celular falando que hoje seria postada a primeira foto de nós cinco no Instagram, assim que abri o aplicativo vi mais de trezentas notificações de seguidores novos, curtidas em fotos aleatórias, eu espalhei as palhetas em cima da bancada e bati uma foto, afinal a partir daquele momento oficialmente eu podia postar fotos relacionadas a banda.
Mal postei a foto nos stories e recebi várias respostas perguntando se eu estaria nos vips, elogiando a escolha da palheta, respondi cerca de vinte pessoas e fui me arrumar para comer alguma coisa e ir direto para a casa de show, eu vesti a calça jeans preta rasgada na frente, meu vans e um top roxo escuro, por cima dele coloquei uma camiseta de meia arrastão, parei na frente do espelho me encarando quando ouço alguém na porta de novo, pela voz deduzi que fosse o Jeff.
- Oi? – abri a porta.
- Vim te perguntar se você vai comer. – ele falou encarando a própria mão.
- Claro que vou, depois de comer vamos direto né?
- Sim, temos que passar o som, o Chuck te falou isso.
- Ok, já vou pronta.
- Você que sabe. – ele me olhou novamente de cima a baixo e saiu.
Bufei com o que o Jeff havia feito, tirei a roupa e guardei na mala, por via das dúvidas peguei também meu short jeans e os cintos que eu usava formando um X na cintura, coloquei uma roupa confortável e desci, encontrei todos no restaurante, comemos algo juntos e fomos para a casa de show, passamos o som duas vezes antes do primeiro vip e fomos para o camarim.
- Preparada, ? – Pierre parou atrás de mim enquanto eu me maquiava.
- Jamais vou estar preparada para ver meus amigos de cima do palco, mas vamos que vai dar certo.
- Mal dá para ver as pessoas. – o Jeff comentou jogado no sofá.
- Falou a pessoa que disse me reconhecer em todos os shows. – bufei, terminei a maquiagem e fui até ele. – Me diz qual é a tua de ficar sendo estúpido comigo?
- Não sou estúpido, estou falando apenas a verdade, o seu cabelo brilha na luz azul, fica fácil de ver
- Verdade porra nenhuma, teve show que eu não estava com o cabelo vermelho e você diz que lembra, você está pegando no meu pé desde que fui aceita! Acho que seria uma boa deixar isso de lado durante o show, que tal? – ele foi responder mas interrompi ele. – Ah verdade, você é outra coisa na frente dos fãs.
- Quero só ver como você vai ser.
- Pelo amor de Deus, vocês dois parecem duas crianças, me poupe. – Chuck falou do outro lado da sala. – O vip vai começar, vocês estão prontos?
- Vou só trocar de calça.
Eu me vesti e fui para a lateral do palco encontrar eles, assim que cheguei já entramos no palco e vi a galera entrar na casa de show também, sorri vendo pessoas conhecidas e peguei uma palheta esperando o Pierre falar qual música iríamos tocar.
- Não tinha uma roupa melhor não? – o Jeff falou meio grosso
- Ah tinha, aguarde e vai ver na hora do show, honey. – sorri para ele e caminhei em direção ao Pierre.
O Pierre assim que me viu fez questão de me apresentar para a pequena plateia, deixando claro que sou a nova integrante da banda, perguntei baixinho se a gente podia descer no vão, ele apenas concordou sorrindo, eu desci ali no meio enquanto ele falava e fui abraçar a Bi, a Rê e a Nila que estavam ali, entreguei uma palheta para cada uma e fiquei esperando o Pierre decidir a música.
- E você e ele heim? – a Bia perguntou olhando para o Jeff.
- O que tem?
- Sei lá, o jeito que ele te olha.
- Mana acho que ele me odeia para ser bem sincera.
- O T grande que ele tem por você não é tensão não. – A Nila comentou olhando para o Jeff.
- Olha mana, não é por nada não, mas se ele quiser eu quero. – dei risada.
O Pierre decidiu tocar In, uma música que eu mesma nunca tinha ouvido ao vivo, subi de volta para o palco, e parei ao lado do Seb que sorriu empolgado para mim, comecei a tocar a música e como o esperado eu me entreguei, saí andando pelo palco, bem na parte do refrão eu parei ao lado do Jeff, ele olhou para mim e virou de frente para tocarmos juntos, como eu sabia a cifra de cor sem ter que olhar para o baixo toquei olhando para ele enquanto cantava.
-If you’re in, I’m in, If you’re down, I’m down, Do you want this too, ‘Cause I need it now.
- If you say the word, I'll erase your doubts, I can show you, I can show you – ele completou terminando o refrão.
Eu arqueei uma sobrancelha e sorri de canto, continuei empolgada pelo palco até o fim da música, depois tocamos mais duas músicas, dentre elas a que eu havia sugerido, never should have let you go, e o soundcheck havia acabado, descemos do palco para tirar foto com todos ali, fiquei bem surpresa de ser tão bem recebida pela fanbase, tiramos a foto em grupo e depois a individual, quando a Bia chegou ela olhou para mim e sorriu.
- Miga, você está maravilhosa, arrasou! Vi algumas pessoas comentando que você substitui bem o David, inclusive gravei o momento seu e do Jeff, vou te mandar no whats.
- Mulher, obrigada! – abracei ela. – Vai lá abraçar teu homem. – falei me referindo ao Chuck.
Ela não pediu poses diferentes então tiramos a foto comum abraçando ela, depois da foto ela me deu um outro abraço forte e senti meus olhos se encherem de lágrimas.
- Muito sucesso, miga, respira que já deu certo.
- Você sabe bem o que falar e quando falar.
- É sua amiga? – O Chuck perguntou sorrindo e apoiando a mão no meu ombro.
- Sim. – sorri para ele. – Amiga minha por causa de vocês.
Ele sorriu com a informação e se manteve na pose para a próxima foto, em seguida veio a Rê que quase me derrubou pulando em cima de mim, se não fosse pelo Pierre segurar a gente, nós duas tínhamos ido para o chão.
- Mana, você não tem idéia de como estou feliz por você!
- Ah Rê, é tão bom você ter vindo!
- Menina eu tinha comprado os vips pra você também, vendi os dois para o Bruno.
- Love you little sis.
- Love you big sis.
- São irmãs? – ouvi o Pierre perguntando para o Seb.
- Sim, minha irmã mais nova que você ouviu eu falar no telefone outro dia.
- Ah! – ele sorriu. – Prazer!
- Prazer! – ela deu risada e cumprimentou toda a banda. – Bora tirar essa foto, eu vou subir de cavalinho em você mana.
- Eita porra, tá bom. – demos risada, afinal ela é mais alta que eu.
Tiramos a foto com ela de cavalinho em mim e em seguida continuaram vindo pessoas que eram amigos meus, todos desejaram sucesso e elogiaram a forma que eu me portava em cima do palco, depois de todas as fotos tiradas nós voltamos para o camarim, eu estava sentindo um turbilhão de emoções diferentes ao mesmo tempo, estava feliz pela fanbase ter me recebido bem, por ter visto pessoas conhecidas empolgadas comigo no palco e ao mesmo tempo meio triste por não estar lá na plateia com essas pessoas, em contrapartida minha empolgação de estar no palco era gigante.
- Está bem, ?
- Sim, só bem emocionada.
- Será que vai se acostumar? – Jeff falou meio grosso e arqueou a sobrancelha.
- Em menos tempo do que você imagina, resta saber se você vai se acostumar a me ter no palco. – respondi ríspida.
Fomos avisados que o show começaria em dez minutos, eu fui até o banheiro trocar de roupa, coloquei o short jeans com os cintos e um pano xadrez pendurado na lateral do corpo, por fim meu top preto brilhante, respirei fundo sussurrando para mim mesma enquanto retocava o batom vermelho “vai dar tudo certo, já deu certo.” Quando sai do banheiro senti os quatro olharem para mim, sorri para eles e peguei o baixo.
- Let’s go!
- , você vai ser a última a entrar, iremos te apresentar primeiro.
- Ok!
- Tem certeza que a roupa não vai incomodar? Ah, eu pretendo interagir bastante com você durante o show, então não estranha, tá?
- Tenho sim Pierre, está tudo bem pensado para não me machucar nem me incomodar, sobre a interação, fica tranquilo!
- So let’s go!
Segui eles até a coxia e assisti eles entrando, o Pierre pediu silêncio da plateia agradecendo os aplausos e gritos, depois que ficaram em silêncio ele começou a falar que a banda, depois de muitos anos sendo somente os quatro, estavam com um novo baixista, que eles esperavam que a plateia recebesse bem e que tratassem ele muito bem, quando ele gritou meu nome eu entrei e vi todos aplaudindo e assoviando, aquilo me fez tão bem, sorri e agradeci o Pierre.
O show começou com I’d do anything, eu já comecei pulando e andando pelo palco, não sabia muito o que esperar da tal frase do Pierre mas decidi me divertir, no momento refrão eu estava ao lado do Pierre tocando e ele me abraçou pelas costas e continuou cantando.
- I'd do anything, Just to hold you in my arms,To try to make you laugh, Somehow I can't put you in the past.
Ele me deu um beijo na bochecha e foi em direção a plateia, vi a Bia me olhando ali de cima com a expressão de quem sabia de algo, dei risada e fui para o lado do Jeff, onde ficavam minhas palhetas, joguei uma para o chão que vi quicar e cair no vão, algumas pessoas que estavam ali imploraram para o segurança pegar, como vi que ele nem se moveu eu peguei uma nova e joguei em direção a eles, a menina que pegou abriu um mega sorriso e agradeceu fazendo gesto de coração com as mãos.
O show foi rolando dentro do esperado, então chegou o momento de welcome to my life, eu estava de costas para a plateia tomando água, olhei para o Chuck que sussurrou um “você consegue” concordei com a cabeça, respirei fundo e comecei a tocar, me entreguei a música, perto do final da música eu parei ao lado do Seb que apoiou a cabeça no meu ombro como forma de dizer que tudo iria ficar bem, por um milagre a música acabou e eu não estava chorando, somente com os olhos marejados.
- Olha, eu tenho que contar para vocês – o Pierre começou a falar me dando brecha para tomar um gole de água. – Não foi fácil a decisão de termos mais um integrante, mas acho que escolhemos a pessoa certa, o que vocês acham? – a plateia vibrou em resposta e eu fui para o lado do Pierre. – Viu só, ? Eles gostaram de você, aqui no Brasil nós temos o melhor público, se você está aprovada aqui, com certeza será aprovada nos outros lugares, sabiam que ela é brasileira e era que nem vocês, uma fã que acompanhava nosso trabalho? – a plateia vibrou novamente e eu sorri. – Acabamos de tocar a música que ela mais se emociona e ela segue aqui, firme e forte!
Agradeci o Pierre abraçando ele que retribuiu o gesto, em seguida tocamos Crazy e em seguida Summer Paradise onde a gente soltou as bolas, o show foi indo conforme o esperado chegando perto do final nós fizemos a pausa de costume da banda, eu aproveitei para ajeitar a maquiagem e ir ao banheiro, saí do banheiro e dei de cara com o Pierre tomando um gole de caipirinha, ele me ofereceu e claro que eu também dei um gole, voltamos para o palco naquele típico momento onde o Chuck sobe com a bandeira do país, ali eu sabia que o show estava acabando.
- , vamos tocar mais três músicas, começar com The Antidote, você topa?
- Claro! Que tal tocar Anxiety acústica antes de Perfect?
- Gostei, eu ia tocar untitled, mas anxiety é melhor!
- Por que não as duas?
- Hm, vou pensar. – ele sorriu e entrou no palco.
Tocamos the antidote e em seguida eu fui para a lateral do palco, o Pierre pegou o violão e começou a tocar anxiety, olhei para a plateia e vi a Rê aos prantos, no mesmo momento peguei meu celular para gravar, gravei a Rê e em seguida o Pierre, como ele tocou a música inteira acústica eu gravei só um pedaço, guardei o celular e fiz um alongamento básico de braços e pernas para voltar ao palco, quando estava com uma perna apoiada em uma das caixas e segurava a ponta do meu pé o Jeff chegou do meu lado sem eu ver.
- Hm, quanta flexibilidade. – o Jeff sussurrou no meu ouvido.
- Caralho, Jeff, que susto. – falei baixo dando uns passos para o lado, desequilibrei e ele me segurou para não cair, em seguida me puxou para mais perto dando passagem para o assistente de som passar. – Thanks.
- De nada. – ele sorriu notando que eu estava corada. – Sabe, não é que eu não goste de você. – ele falou ao pé do meu ouvido e deu um beijo no meu pescoço, eu senti um arrepio subir pela minha coluna e apertei a cintura dele.
- É o que então? – sussurrei no ouvido dele notando que ele ficou arrepiado.
Ele me soltou quando percebeu que o Chuck estava se aproximando, eu terminei meu alongamento sentido o olhar malicioso do Jeff nas minhas costas, no momento certo de Perfect nós entramos novamente no palco, terminamos de tocar junto com o Pierre que deu a palheta para a Rê que estava aos prantos, quando terminamos o show, jogamos algumas palhetas para as pessoas, fizemos o agradecimento, voltamos para o camarim para comer e ir para o vip.
- E aí já descobriu que o Jeff não te odeia? – Pierre perguntou sentando ao meu lado – Eu vi vocês dois na lateral do palco.
- Magina, foi coisa da sua cabeça. – dei risada. – Mas muita coisa fez sentido.
- O que fez sentido? – Seb perguntou se sentando ao nosso lado.
- Ela descobriu que o Jeff não odeia ela.
- Ah! Isso, é eu vi vocês na lateral do palco.
- Caralho, todos viram?
- Talvez não a plateia. – o Chuck deu risada. – Mas tinham algumas pessoas olhando para o canto do palco, só não sei se dava para ver.
- Olha, como quem já ficou ali na grade, dá para ver sim. – suspirei. – Bom, faz parte. – dei risada.
O Frank entrou avisando que estava na hora de irmos para o local onde seria o vip, me olhei no espelho constatando que estava tudo certo e vi o olhar do Jeff em mim pelo reflexo, fui em direção a porta e o Pierre me parou avisando onde seria o lugar que eu ficaria, concordei com ele e fomos em direção à sala, chegando perto respirei fundo mais uma vez, afinal seria o momento de ter certeza se os fãs iriam querer fotos comigo, nós entramos e nos posicionamos, conforme o Pierre falou eu fiquei próxima ao Jeff, mal deu tempo de dar oi a todos e filas já foram formadas, na minha frente vi pelo menos sete pessoas na fila, pessoas essas que eu conhecia somente de vista dos outros shows.
O vip foi passando e quando notei a Bia, a Nila, o Bruno e a Rê estavam no fim da fila para tirar foto comigo, na frente deles tinham quatro pessoas, tirei foto e conversei rapidamente com cada um, quando chegou o rapaz que estava na frente da Bia, esse eu sabia bem quem era, ele sorriu me abraçando e já pegou o celular para tirar fotos.
- Thank you, . – ele falou empolgado.
- De nada, Carlos. – respondi em português e ele me olhou chocado.
- Você fala português e sabe meu nome?
- Sim, eu sou daqui de São Paulo, sempre fiz parte da fanbase. – sorri para ele. – Até te sigo no twitter!
- Caraca!
- Vai lá tirar foto com os outros, vi que ainda não tirou com o Jeff.
- Claro que vou. – ele saiu em choque ainda – Meu deus ela sabe meu nome – ouvi ele falando enquanto ia para a fila do Jeff e dei risada.
- ! – Bruno chegou me abraçando. – Cara eu to tão feliz por você!
- E aí, Bruno! Quanto tempo! – retribui o abraço e pude ver o Jeff olhando, tirei a foto com o Bruno que estava muito empolgado por estar ali e ele foi em direção ao Pierre.
- , o que foi aquilo. – a Rê, a Nila e a Bia chegaram juntas.
- Aquilo o que Rê?
- No canto do palco...
- Eu falei que o T grande que ele tem por você não era tensão, não falei?
- Caralho deu mesmo pra ver?
- Olha, se te conforta, miga, nem todos viram, tinha muita gente focada no Pierre, mas nós três estávamos de olho em você.
- Eita, assim, conforta mas ao mesmo tempo dá aquele medinho, sabe?
- Mulher, aceita que tu vai ter groupies, vai ter hater, vai ter tudo, olha a banda que você entrou.
- Ah, Rê, às vezes nem eu acredito, a ficha não caiu, sabe?
- Ô se sei. – ela deu risada.
- Vocês já tiraram foto com eles?
- Sim, falta você só.
Tirei foto com elas e ficamos conversando, só parávamos quando vinha alguém pedir foto, aproveitei o pouco tempo livre para pegar um pedaço da pizza e comer, as três tiveram a idéia de tirar foto de nós quatro comendo juntas, achei incrível e tirei a foto com elas, quando chegou o momento da foto em grupo eu fiquei do lado do Jeff também, logo em seguida veio a foto individual da banda com os fãs, quando terminou as fotos nós cinco voltamos para o hotel, eu cheguei e fui direto tomar um banho, estava exausta, suada do show e só queria descansar um pouco, assim que saí do banho ouvi alguém batendo na porta.
- Hi... – abri a porta só de roupão e vendo o Jeff. – Não achei que viria aqui depois do show, bom que veio por que precisamos conversar.
- ... – ele me mediu de cima a baixo com um olhar malicioso.
- Olha, fiquei sabendo que o que aconteceu hoje na lateral do palco tiveram fãs que viram. – fechei a porta e fui até a pequena bancada com espelho para passar meu creme.
- É me contaram também.
- E aí o que foi que você respondeu?
- Que eu te segurei para não cair, só isso.
- Hm, bom que a resposta bate. – terminei de passar o creme e virei de frente para ele.
- Mas sabemos que não foi só isso. – ele se aproximou e passou a mão pela minha cintura por dentro do roupão, pude ver pela expressão dele que ele notou que não havia roupa por baixo do roupão. – Então é assim que você abre a porta?
- Pelo menos estou vestida. – sorri de canto passando a mão pela nuca dele.
Ele selou nossos lábios dando início a um beijo intenso, as mãos dele percorriam livremente meu corpo, tirei a camiseta dele e alisei o peitoral que ficou exposto na minha frente, ele soltou o nó que segurava meu roupão e deixei a peça deslizar pelo meu corpo até o chão, vi ele me olhando com certa vontade e o puxei para perto selando novamente nossos lábios enquanto eu soltava o cinto de sua calça, ele me deitou na cama e com certa agilidade colocou a camisinha e me penetrou arrancando um gemido alto de mim.
- Se machucar avisa. – ele sussurrou ao pé do meu ouvido.
- Só continua. – respondi beijando o pescoço dele.
Ele começou o movimento de vai e vem, a cada estocada eu gemia mais, quando percebi que ele estava chegando ao ápice eu inverti a pose, deitei ele na cama e me sentei nele, apoiei as mãos em seu peitoral e a cada rebolada que eu dava nós gemiamos juntos, a sincronia estava perfeita, quando eu estava perto de gozar ele me segurou firme pela cintura com as duas mãos e me ajudou no movimento de sobe e desce, gozamos juntos e eu soltei um gemido alto, me deitei em cima dele com ele ainda encaixado sentindo meu corpo trêmulo, desencaixei e rolei para o lado, ele foi apoiar a mão em minha cintura e eu acabei me esquivando pois meu corpo todo estava muito sensível a qualquer toque.
- Garota, você acaba comigo desse jeito. – ele falou ofegante e se levantando.
- Você não tem idéia há quanto tempo eu imagino isso. – falei quase sussurrando.
Ele foi ao banheiro se lavar e em seguida se jogou na cama ao meu lado, quando consegui me recompor também fui ao banheiro, assim que voltei ele me olhou e notou minha tatuagem na costela, se levantou e veio na minha direção olhar mais de perto.
- Isso...
- Sim, são os autógrafos de vocês quatro com a logo da banda, quando disse que sou fã eu não estava brincando.
- Sabia que era fã, mas não assim. – ele me olhou. – Se bem que faz sentido, você chorava em todo show.
- Sim, demorou para perceber. – dei risada. – Enfim, lide com a idéia.
- Lidar com a ideia de que você é fã é fácil, o problema é outro. – ele me puxou pela cintura e selou nossos lábios.
- É? Qual? – sussurrei ao pé do ouvido dele.
- O problema vai ser lidar com você tão próxima e ter que fingir que não quero nada com você.
- E quem disse que tem que fingir? O restante da banda já sabe.
- Como?
- Aí você vai ter que perguntar para eles.
Sorri para ele e fui pegar meu roupão, ele dormiu comigo naquela noite e a turnê está apenas começando, não faço ideia do que me aguarda nos outros shows, mas sei que se continuar tendo noites como essa eu sinceramente vou amar continuar trabalhando com eles.
Fim!
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