Autora: Gior Miranda
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Última atualização: 19/06/2021




Mais uma manhã de trânsito quase atrasava o garoto para o trabalho. Sorria, apesar de saber que levaria outra bronca do chefe. Não se importava em sair de casa um pouco depois do que devia se isso significasse ficar mais tempo com o namorado. Sorria ainda mais, quase ria. O sol agradável da manhã aquecia o carro, mas não tanto quanto assistir ao nascer do sol todos os dias da janela de seu quarto junto ao mais velho o aquecia por dentro.
terminava de arrumar a bagunça do café da manhã na cama que ganhara de . Ainda se surpreendia com o tanto de carinho que o mais novo guardava dentro de si, e sorria feito uma criança ao pensar que o moreno o havia escolhido para compartilhar tamanho sentimento. Olhou para a cama ainda desarrumada e sentiu a brisa que vinha da janela carregando o perfume que ele adorava e que impregnava o quarto. Resolveu se deitar mais um pouco, fechando os olhos e aproveitando os raios singelos de sol que lhe acariciavam o rosto.
não entendia como o chefe podia ser tão mal-humorado. Tudo bem, era segunda-feira de manhã, mas o dia estava lindo e quinze minutos de atraso não lhe atrapalhariam o rendimento do trabalho. Saiu da sala do chefe, ouvindo-o resmungar ao fundo sobre o quanto o moreno era irresponsável e imaturo demais. Ignorou. Era novo na empresa, sabia disso, e sabia também que não era só àquilo que o homem se referia.
Era jovem, tinha apenas 23 anos, e seu relacionamento com era considerado por muitos uma rebeldia adolescente tardia que estava demorando mais do que devia para passar. Uma fase. não se importava, mas sentia por . Sendo o mais velho, o olhavam, acusadores, como se ele tivesse deturpado o outro garoto. era tão frágil que seria mais fácil corrompê-lo.
Riu ao pensar na possibilidade. O menor era puro demais para ser corrompido, e daria a própria vida se isso lhe garantisse que o mais velho estaria a salvo dos problemas do mundo. Ainda assim, reconhecia e admirava a força do garoto. havia enfrentado grandes barreiras na vida e havia lidado com elas com igual grandeza. Ainda tinha algumas cicatrizes para curar, e se sentia honrado por ter sido escolhido para ajudá-lo nessa tarefa.
O cheiro dos temperos tomava conta do apartamento inteiro. O se sentia leve, e queria fazer algo para . Estava de folga do restaurante em que trabalhava, mas simplesmente não conseguia se afastar da cozinha. Daquela cozinha, especialmente. Cada cantinho, apesar do pouco tempo em que estavam ali, tinha uma memória, e revivia todas ao preparar o almoço e parte do que seria o jantar especial que planejava.
Algumas lembranças eram doces, como o dia em que pintaram o apartamento e acabaram com um lençol todo sujo por caírem exaustos na cama depois de uma guerra de tinta; outras mais picantes, como a primeira vez dos dois, ali mesmo, no balcão da cozinha americana. Tinha as salgadas, como quando deram a festa de inauguração do apartamento e uma tia de levou um prato que foi altamente criticado (com um certo tom de humor) por , que acreditava ter sido uma piada de algum amigo deles, referente à sua profissão. As azedas, como quando discutira com o pai, defendendo seu relacionamento com , e as amargas, como a primeira briga deles.
já não tinha medo dessa última, mais. Os dois haviam amadurecido muito, e a sensação de que algo do tipo viesse a ser o motivo do mais novo desistir da vida com o chef já não existia. Claro, ainda se desentendiam vez ou outra, mas geralmente eram apenas discussões bobas causadas pelo estresse acumulado de ambos. Já haviam aprendido a lidar com situações assim juntos, o que, diferente do que temia no começo, apenas os aproximava mais.
massageava as têmporas, tentando aliviar um pouco da dor de cabeça. Seu primeiro instinto era pensar no chá de erva cidreira que o pequeno fazia quando se queixava de dor. Passar o dia todo na frente de um computador também não ajudava muito, mas ainda era meio de tarde e precisava continuar trabalhando. Tinha planos e precisava do dinheiro, mesmo que o emprego em que estava não fosse uma saída definitiva. Se tudo corresse como esperava, dentro de um ano ou um ano e meio poderia finalmente começar a lecionar na academia de dança onde havia se formado.
Por enquanto, ainda precisava encarar aquelas planilhas monótonas e cansativas, mesmo que, por dentro, ele agradecesse a estabilidade financeira que elas lhe asseguravam. Precisaria da ajuda de , bem sabia, mas queria poder bancar a maior parte dos custos. Queria dar aquele presente ao menor, pois sabia o quanto aquilo lhe era importante. Pelos seus cálculos, já tinha o suficiente para dar a largada no processo, e esperava que aquela noite fosse especial, apesar de simples (exatamente como gostava). Pensando na reação do mais velho, sorriu mais uma vez, e tratou de tomar um remédio e voltar a trabalhar.
terminava de arrumar a mesa, ansioso, conferindo o relógio cuco que herdara da avó de cinco em cinco minutos. Não entendia por que estava tão ansioso. Era acostumado a preparar surpresas aleatórias para , mas algo gritava em sua mente que aquele jantar deveria superar as expectativas. Era finzinho de tarde e o mais novo chegaria em casa a qualquer instante. Apressou-se em trocar de roupa, e checou o forno. Tudo estava em ordem.
Não muito tempo depois, ouviu a chave na porta e viu entrar no apartamento. O moreno correu os olhos pelo lugar e, assim que avistou , abriu um dos sorrisos mais sinceros que o mais velho já havia visto, e aquilo o fez sorrir também. Estavam felizes. Eram felizes, e ninguém podia tirar isso deles. O mais novo abraçou o namorado e lhe deu um beijo no topo da cabeça, fazendo algum comentário bobinho sobre o cheiro maravilhoso que sentia desde que saiu do elevador. riu sem graça e desviou o olhar.
Uma campainha sutil avisou que o jantar estava pronto, e os dois se sentaram à mesa para comer. As velas que tinha disposto tão harmonicamente ficaram inutilizadas: o laranja caloroso do pôr do sol banhava o casal, destacando seus rostos em matizes e contrastes tão agradáveis aos olhos dos garotos que ambos preferiram manter aquela paisagem durante o jantar. Ali riram, choraram, relembraram os anos que já haviam se passado e sonharam com os que ainda viriam. Amavam crianças. Queriam algumas, correndo pelo quintal da casa que teriam quando o apartamento ficasse pequeno para a família e os bichinhos de estimação.
percebeu a passagem do tempo e, quando julgou adequado, se levantou e conduziu até a varanda. A lua tão brilhante e as estrelas delicadas lá em cima compunham o cenário perfeito, que apenas complementou com as velas antes encontradas sobre a mesa. estava confuso, mas tinha um sorriso de canto de boca que simplesmente não saía dali. Cobriu-o, entretanto, com a mão quando começou a chorar ao ver o mais novo se ajoelhar e abrir a caixinha com o par de alianças douradas.
O rosto de brilhava mais do que o luar refletido no ouro, e aquilo já bastava para que perdesse as palavras ao tentar agradecer ao garoto por ter entrado em sua vida. Ali passaram o resto da noite, abraçados, chorando e rindo juntos mais uma vez, sabendo que aquilo se tornaria parte de uma rotina que ansiavam em viver. Mesmo que tudo desse errado estariam bem, pois sabiam que ainda teriam um ao outro ao anoitecer, prontos para esperar e assistir um novo nascer do sol.

Fim.



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Nota da autora: Oioi!
Obrigada por ler até aqui
Essa é a minha primeira fic no site, e eu fico muito feliz de ver meu xodózinho aqui.
Espero que tenham gostado! ♥
J'adore,
Gior


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