A TV estava ligada assim como todo mundo naquela sala estavam ligados no 220, mas eu só queria paz e sossego. Respirei profundamente ao ouvir mais uma vez sobre aquele maldito meteoro, mas minha equipe dizia que era mentira, só mais uma fake News sobre apocalipse e essas coisas. Mas se houvesse mesmo um vindo em direção a terra, eu seria salvo por ser rico, lindo e famoso. Um monte de bobagens na minha opinião, não me importava com mais nada disso.
— Se tivesse mesmo um meteoro vindo pra terra tudo isso daqui estaria um caos. – disse, com todo seu jeito espalhafatoso, suas unhas pintadas com um azul escuro muito bonito, diga-se de passagem.
— Isso daqui já tá um caos, seu louco – respondeu, rolando seus olhos e se levantando. Abriu levemente a cortina olhando para baixo e fazendo uma careta que dizia claramente o caos que estava mesmo rolando lá fora.
— , meu amor. Você não quer tomar seu shake? – veio até mim, sorri para ele como uma criança fazendo birra e ele riu.
— Queria minha almofada, escuridão e sossego pra poder tirar aquela sonequinha deliciosa – confessei, fazendo um biquinho e olhando toda a minha equipe com mais de vinte pessoas correndo pra lá e pra cá.
— Você pode cochilar enquanto faço seu cabelo. Que tal? – sugeriu, abrindo um sorrisão e já colocando as mãos em meus cabelos, devolvi o sorriso e deitei minha cabeça em seu colo, sentindo suas mãos leves e maravilhosas mexendo em meu cabelo. Fechei meus olhos e decidi que estava com sono e que dormiria no meio daquele barulho todo mesmo.
“ Abri meus olhos e estava na antiga casa de meus pais, era o aniversário de casamento dos meus pais e eles decidiram fazer aquele churrasco de sempre, convidando todos os familiares e amigos mais próximos. Eu geralmente costumava ficar no tédio nessas festas, mas o era a companhia perfeita para me tirar do tédio. era meu melhor amigo, daqueles bem de filmes e livros, não vou mentir que sempre tive medo de ter crush nele porque ele, com certeza, me via apenas como uma irmão. Então sempre freei pensamentos errados com ele e foi assim nessa base que nossa amizade sempre fora muito saudável. Mas nessa devida noite ele estava um espetáculo, estava além do normal.
Ele não era aqueles nerds clichês que filmes de comédias românticas implantavam. Ele era lindo e era crush de muitas meninas e meninos. Mas ele era sério, tímido e um garoto do bem, daqueles que abominavam garotos que pegavam pessoas só por causa de número. Ele acreditava que ter algo com alguém era mais do que por prazer, deveria existir sentimentos porque só assim valia realmente a pena. Um garoto de ouro, como minha mãe sempre dizia. Apesar do visual bad boy que ele possuía, o que era cômico mesmo. Ele começou as tatuagens cedo demais, mudava de cabelo todo ano praticamente e ficava perfeito com todos.
— Você se arrumou todo assim pra ver se alguma mulher mais velha te nota? – brinquei com ele, o empurrando levemente com o ombro.
— Claro, minha meta de vida – respondeu, rindo baixo e me abraçando de lado. – Na verdade, estou todo arrumado assim só pra você finalmente aceitar dançar comigo. – Soltei uma risada ao ouvir ele dizer isso e nego com a cabeça.
— Você ainda não entendeu que o seu pé pode estar em risco, não é? Eu sou um péssimo dançarino. – Ele rolou os olhos, fazendo uma careta de puro tédio e depois me imitou.
— , vamos lá. Eu vim preparado, meu pé já está esperando a dor. – Se levantou, estendendo as mãos para mim e abrindo aquele maravilhoso sorriso. Suspirei em derrota e segurei suas mãos, me levantando e seguindo com ele para a pista de dança.
— Mas tente não pisar no meu pé tão forte assim – sussurrou, piscando um olho pra mim e me fazendo rir.
— Não prometo nada, tá? – ergui meus ombros em sinal de que não podia fazer nada quanto a isso. Ele riu, mas antes fez um biquinho de arrependimento. A música era lenta e eu estava tentando lembrar qual era, mas não me vinha o nome na cabeça de jeito nenhum.
— Isso mesmo, dois para lá e dois para cá e então vamos rodeando o lugar – sua voz era suave e calma, talvez por medo que eu pudesse me apavorar e pisar no pé dele mesmo.
— Estou mandando bem então? – perguntei, levantando a cabeça e até me sentindo por isso, mas acabo me distraindo e pisando forte no pé dele. – Ai meu Deus, me perdoa! – mas pela careta que ele tinha feito o pisão tinha sido forte mesmo.
— Tá tudo ótimo, eu sabia das consequências – murmurou, retraindo os lábios por alguns segundos antes de voltar a sorrir um tantinho forçado. – Você precisa aprender a dançar ou não vai ter como ir no baile da escola com o amor da sua vida vulgo o babaca do capitão do time da escola. – No final ele mudou o tom de voz e rolou os olhos, dei um tapa de leve em seu ombro.
— E quem te garante que ele vai me convidar para o baile? – estreitei os olhos, era meio óbvio que o Charles nunca me convidaria para o baile, ele pegava a chefe das líderes de torcida e a garota mais rica e linda da escola.
— Se ele não te convidar você pode convidar ele. Qual o problema de os meninos convidarem outros meninos para o baile? – era um bom questionamento mesmo, algo que eu nem podia revidar.
— Mas ele namora a Spencer. – Era um ponto pra mim agora. Ele encheu um lado da bochecha e me girou de surpresa. Acabei sorrindo surpreso disso e me divertindo por finalmente estar dançando de verdade com alguém em uma festa, algo que eu nunca pensei que aconteceria.
— Namorava. – Arregalei meus olhos com essa informação e ele riu. – A Spencer mandou solicitação de amizade pra mim dias atrás e começou a puxar papo, até que a própria me disse que terminou dele porque nunca gostou dele de verdade. – Mantive a expressão de surpresa no rosto por estar recebendo essa chuva de fofocas boas. Meu crush supremo estava solteiro e livre pro baile. Era um sonho, com certeza! Mas espera...
— Por que ela te contaria tudo isso? – ergo uma sobrancelha em questionamento. Ele sorri de canto, levantando um dos ombros, mas eu mantenho o olhar fixo no dele e até paro de dançar. Ele teria que me contar essa história direito.
— Ela me convidou pro baile. – Finalmente soltou. Não sabia como reagir, estava surpreso, muito surpreso. Pela minha cara dava pra ver isso, mas tinha algo a mais ali. Estava com um sentimento ruim na boca do estômago como se tivesse começando a passar mal. – Mas eu disse a ela que iria com você se você não tivesse par até lá. – E a dor só aumentou, embrulhando meu estômago inteiro e era como se eu fosse vomitar a qualquer momento.
— , fala alguma coisa, você tá me preocupando. – levou suas duas mãos para o meu rosto, me olhando com preocupação mesmo.
— Acho que o bolinho de carne daqui não está muito bom. Depois a gente se fala, tá? E quanto ao baile, pode ir com ela, já tenho tudo programado aqui. Eu sempre tenho um plano, lembra? – Tentei tranquilizá-lo quando eu mesmo não estava tranquilo, mas apenas sai correndo dali indo direto para o banheiro.”
44 HORAS ANTES:
Acordei e ainda estava aquela mesma bagunça de antes, mas agora parecia que estava rolando algo mais sério lá fora, um caos de verdade. me olhou preocupado ao me ver acordada e todo mundo parou de gritar e correr pra lá e pra cá. Tinha menos pessoas ali também, parecia que agora tinha umas onze na sala.
— O que tá rolando? – perguntei, coçando meus olhos e me sentando novamente. me entregou uma caneca de chá, insistindo para eu beber.
— O lance do meteoro vindo para terra era verdade mesmo, pelo jeito – me contou, suspirando em seguida.
Abri a boca com a expectativa de sair algo, mas nada saiu, não sabia como reagir a essa informação. Mesmo que uma parte dentro de mim sabia que aquilo era verdade e eu já tinha aceitado isso, então não surtei, apenas aceitei.
— E o que vocês pretendem fazer? – perguntei, encostando meus cotovelos em minhas coxas e depois puxando meus cabelos para trás.
— Eu ficarei com você. Tem um jatinho reservado te esperando no aeroporto, o jatinho que era do seu pai. – me lembrou disso e eu assenti, lembrando da herança dos meus pais que infelizmente já haviam partido anos atrás.
— Vocês podem ir para a família de vocês, deve ter refúgios pela cidade que o exército construiu. Eu entenderei e libero todos vocês! – alguns assim que ouviram isso vieram até mim e me abraçaram fortemente, se despedindo e então indo embora até sobrar apenas e .
— Eu odeio a vadia da minha mãe – disse em voz alta, dando de ombros e se servindo de vodka pura. rolou os olhos ao ouvir isso. – Posso pegar uma vaga no jatinho, certo? – balancei a cabeça em confirmação, claro que daria a vaga pra ele. Eu não tinha família, não era casado e nem namorava, era só um riquinho sozinho e os únicos amigos que eu tinha eram meus assistentes, as pessoas que trabalhavam pra mim.
— Meu amor, não fica assim cabisbaixo. Vamos embora juntos e reconstruímos sua fama em outro lugar, no que sobrou. – me abraçou, tentando me consolar, mas acabou só falando coisas piores. Porém, não discuti, não queria falar mais nada e nem sabia mais de nada. Sobreviver era pelo jeito a única opção.
— Vou pegar minhas coisas e já saímos daqui. – Levantei dali e fui para o meu quarto, pegar minha bolsa com o celular que estava carregando.
Joguei tudo dentro da bolsa e assim que fui sair do quarto um porta retrato caiu da parede, pensei em deixá-lo no chão mesmo, mas algo me fez pegá-lo. Franzi o cenho ao ver que foto que era, estava e eu com sorvetes nas mãos e com o rosto todo sujo. Isso fez meu coração se apertar dentro de mim.
“O copinho de refrigerante nas minhas mãos estava ficando quente de tanto que eu o apertava e o segurava com firmeza. Louis estava pegando mais uma bebida para ele enquanto eu estava olhando todo mundo dançar alguma música do David Guetta na pista de dança. estava lindo com aquela nojenta da Spencer, seu smoking azul escuro estava tão lindo. Lembro de lhe dizer que todos o zoariam pela cor do smoking, mas ele disse não se importar, mas ele estava certo, ele estava incrível vestido daquele jeito, sorrindo daquele jeito, dançando e se divertindo. A única coisa que estava errada era que não era eu quem estava o fazendo se divertir tanto assim. Já era hora de assumir que eu estava me enganando por anos, eu nunca tinha o visto somente como melhor amigo.
Mas agora era tarde demais, ele estava com a garota dos seus sonhos no baile da escola e ele sempre me viu apenas como seu irmão, o irmãozinho que ele nunca teve. Engoli a seco ao sentir meu estômago embrulhar novamente, não era algo que eu tinha comido, agora eu sabia o nome daquela sensação. E era horrível me sentir assim. Era um sentimento egoísta e destruidor, não queria me sentir mais assim nunca mais. Assim que Louis voltou decidi que era a hora de esquecer meu melhor amigo, então sai da festa com o babaca do Louis e me entreguei a ele. E depois desse acontecimento nada mais foi como antes. Louis e eu começamos a namorar logo depois e isso me afastou de , mas sempre que nos víamos era como se existisse um ímã enorme que nos puxava de volta para o outro.
Algo dentro de mim me dizia que em seu olhar me dizia claramente o quanto ele queria que tudo tivesse sido diferente, assim como eu. Quando nos formamos na escola, antes de ir embora para a faculdade, meus pais fizeram uma festa de despedida para mim. Louis já tinha ido embora antes de mim e combinamos que era melhor terminar já que ambos concordamos que namorar a distância não daria certo. Por mais feliz que eu estava de ir embora e pela festa, eu me sentia incompleto e vazio, como se tivesse deixando um pedaço de mim mesma aqui. Encarei o lado vazio ao meu lado naquele balanço branco de madeira que tinha na varanda da casa dos meus pais, costumava sentar ali comigo e sempre chupávamos sorvete ali, fazíamos nossos planos juntos e por mais malucos que eles eram, pareciam ser reais.
— You would not believe your eyes If ten million fireflies lit up the world as I fell asleep – franzi o cenho ao ouvir essa voz conhecida, levantei dali e voltei para dentro da casa, dentro da festa, onde todos conversavam, comiam e riam, mas tinha alguém tocando e cantando.
— ‘Cause they fill the open air and leave teardrops everywhere. You'd think me rude but I would just stand and stare – parei em total choque ao ver com seu teclado no meio da sala de estar, tocando e cantando como se estivesse sozinho em seu quarto. Abri um enorme sorriso quando ele me olhou e sorriu daquela mesma maneira como ele costumava sorrir ao me ver. — I'd like to make myself believe that planet earth turns slowly. It's hard to say that I'd rather stay awake when I'm asleep 'cause everything is never as it seems – sentei no sofa em frente a ele, assistindo ele cantar e tocar do mesmo jeito que eu costumava fazer antigamente.
— ‘Cause I'd get a thousand hugs from ten thousand lightning bugs as they tried to teach me how to dance – balançou a cabeça conforme o ritmo da música e isso me fez rir baixinho. Quando ele terminou a música, ficamos nos encarando por alguns segundos, sem saber o que dizer, o que era ridículo. Ele era meu melhor amigo apesar de tudo.
— Você não existe mesmo – murmurei, sentindo meus olhos se encherem d’água. Ele largou o violão de lado e me puxou para um abraço apertado. Um abraço bom, o tipo de abraço que te dizia que você estava em casa e tudo ficaria bem. – Quando o mundo acabar vai ser nesse abraço que eu quero estar. – sussurro bem baixinho, com a esperança dele não me ouvir e como ele ficou quieto, apenas me apertando em seus braços, sorri aliviado.”
Coloquei a foto na bolsa também e sequei as lágrimas involuntárias que escorriam em meu rosto, peguei meu celular e disquei o número dele. O que eu lembrava ser dele, esperando que ainda fosse, mas ele não me atendeu. Tocou até cair na caixa postal. Sai do meu quarto, sendo puxada por um louco e desesperado de medo até um dos carros, sentei no banco de trás enquanto e sentavam nos da frente. dirigiria, ele era um ótimo motorista para situações de pânico, ele não sentia medo ou se sentia sabia esconder muito bem. Coloquei meus óculos escuros pra esconder que eu ainda estava chorando, o mundo lá fora daquele apartamento estava realmente um caos, uma loucura. Todo mundo correndo e gritando, pessoas chorando e desesperadas. Mas mesmo com esse caos todo rolando, minha mente estava longe, estava ainda naquele abraço.
ligou o rádio e ficou trocando as estações para qualquer uma que tocasse alguma coisa e não que fosse notícias desse maldito meteoro que só se aproximava. Suspirei profundamente e ouvi começar a tocar “One last time” da Ariana Grande, sempre tinha gostado muito dessa música, mas nunca tinha reparado ao certo na letra, agora seria uma boa hora. Talvez essa seria a última música que eu pudesse ouvir, vai saber o estrago que esse meteoro faria.
“I was a liar I gave into the fire I know I shoulda fought it at least I’m being honest. Feel like a failure ‘cause I know that I failed you. I should've done you better ‘cause you don't want a liar”
Cantarolei junto e senti meu estômago embrulhar, vendo como só essa parte já tinha me afetado mais do que esse maldito meteoro.
“ estava puto da vida comigo, ele sabia que eu andava matando mais aulas do que às assistindo. Mas a verdade verdadeira mesmo era que eu estava seguindo o que meu pai queria e tinha vergonha de assumir isso para o e até pra mim mesma. Passei minha vida toda negando que eu seguiria o caminho da fama e do sucesso, não queria ser cantor e muito menos ser produzido pelo meu pai sem nem sequer ter tido meu próprio esforço. Mas acabei cedendo a isso, meu pai me convenceu a gravar uma música e então todo o resto rolou. não tinha ficado puto por eu estar faltando aulas ou por ter feito isso, era porque eu não tinha lhe contado, tinha mentido por dias e meses. Eu não sabia nem como pedir perdão por isso, eu estava errado e sabia que estava errado.
— Ele vai entender. Vocês são amigos desde o berço, seja sincero com ele. – Liam me dizia, era meu colega da universidade, ele sempre me ajudava com trabalhos e as matérias que eu perdia. Mas eu não era ingênuo e sabia que tinha algum tipo de interesse da parte dele, porém, era algo que eu não me importava, já estava acostumado.
— Tá rolando aquela festa de arrecadação? – ele confirmou, mostrando o folheto da festa. Era na fraternidade do mesmo, então seria lá mesmo que eu o encontraria.
Levantei da cama e abri meu guarda-roupa, pegando uma calça jeans clara e um moletom amarelo, em seguida calcei as botas e soltei meus cabelos daquele coque ou sei lá o que era aquilo, era horroroso de quem não penteava o cabelo fazia semanas.
— Você não vai se arrumar mais não? – rolei meus olhos com a pergunta de Liam.
— , não é segredo pra ninguém que você tem uma queda enorme pelo . Já não passou da hora de você assumir isso pra si mesmo e pra ele também? – parei perto da porta e fiquei segurando a maçaneta, pensando sobre o que responder pra ele depois dessa porrada que ele me deu.
— Eu já assumi pra mim mesmo faz anos – respondi sinceramente, suspirando cansado e me encostando na porta.
— E por que pra ele não? – enchi um lado da bochecha, pensativa sobre isso.
Era óbvio a resposta: Medo. E ele sacou só pelo meu olhar e pela situação, então riu baixinho mostrando que tinha entendido tudo, como se tivesse lido minha mente.
— Eu já sei o que ele sente por mim, então por que arriscar a amizade por causa de mim? Seria egoísmo da minha parte. Eu me contento com a amizade dele, eu o amo demais pra perdê-lo só por causa do que eu sinto. Já me acostumei até. – Levantei um ombro, tombando a cabeça para o mesmo lado.
Não podia fazer nada quanto a isso e nem faria, eu me conhecia bem o suficiente pra saber que se dependesse de mim ele nunca ficaria sabendo do meu amor por ele.
- Você vai se arrepender disso pro resto da sua vida, . Não tem como saber o que existe no coração da outra pessoa, você pode achar que sabe, mas não sabe. Você acha que ele sabe o que você sente por ele? – ele tinha um ponto, mas disso eu já sabia, eu mesmo já tinha me dito isso. – , você aceitaria de bom grado e não sofreria nada se um dia ele casasse e provavelmente te chamasse para padrinho?
- Tá bom. Já chega! – Rolei meus olhos e saio dali, o deixando falando sozinho.
Odiava esses questionamentos, eles me faziam sofrer porque eu sabia que eles eram verdadeiros. Mas eu era teimoso e o pior disso era o quão acomodado eu era. Estava perfeito pra mim daquele jeito, por mais que eu soubesse que não estava nada perfeito. Bufei enquanto eu praticamente marchava em direção à fraternidade de onde rolava uma festa bombástica.
Tocava uma música com uma batida muito boa, as luzes estavam ótimas e as pessoas caindo na festa realmente, parecia que estava sendo um festão mesmo. Subi as escadarias que dava para os quartos, mas tentando ter uma visão mais ampla do local pra ver se eu o achava ali no meio. Mas estaria mais na dele por mais que ele já era acostumado a ir em festas, não era desses de estar bêbado se jogando na balada. Olhei para os cantos da festa, os lugares que tinham para se sentar e para o barzinho, mas nada dele. Será que ele tinha vindo mesmo?
— Você viu o ? – perguntei a um garoto qualquer, ele nem me respondeu, só tentou me beijar, o empurrei sem nem usar força direito e ele já voou contra a parede de tão bêbado que estava.
Então decidi ir até o quarto dele, que para a sorte dele era o último do corredor, onde o barulho quase nem chegava. Acabei passando pelo corredor do sexo, onde os casais se pegavam loucamente até porque era só entrar nos quartos pra terminar, quer dizer, alguns casos que eu estava vendo nem nos quartos eles estavam terminando. Desviei meu olhar desses casais malucos e parei na porta dele, respirando fundo e não me permitindo pensar ou eu desistiria e já voltaria pelo mesmo caminho.
Abri a porta de uma vez e me arrependi no mesmo segundo. estava com outra garota na cama, eu já tinha visto ele ficando com outras, mas sempre tinha a esperança de que com a seguinte doeria menos até o dia em que isso fosse a coisa mais normal do mundo pra mim. Mas a cada uma era mais difícil, era um pedaço a mais do meu coração que se partia. Era uma verdadeira bosta se apaixonar pela pessoa que você não deveria. Eu me odiava por isso e o odiava por ser tão apaixonável. Eles pararam imediatamente quando me viram, recuei o passo e fechei a porta sem dizer nada, saindo correndo dali. Empurrando tudo e todos na minha frente e quase caindo de boca no chão nas escadarias, mas não pararia nem se eu caísse. Queria fugir, queria desaparecer. Assim que senti o vento mais frio bater contra meu rosto, consegui respirar melhor, parando de correr.
— , espera! – ouvi a voz de e fechei meus olhos, soltando o ar pesadamente. Já tinha parado mesmo e sair correndo seria vergonhoso demais até pra mim. O que fazer? Fazer à egípcia, claro.
— , o que você está fazendo aqui? Volta lá, largou a menina lá? Que mancada! – Soltei uma risada, tentando não soar forçado. Ele semicerrou os olhos pra mim e negou com a cabeça.
— Você veio atrás de mim porque quer me dizer algo, não é? E outra coisa, , desde quando deixamos os amigos pra ficar com outra pessoa? – ele colocou as mãos nos bolsos da calça jeans e se aproximou de mim.
Ai droga, ele estava tão lindo com os cabelos bagunçados daquele jeito, a camiseta amassada e infelizmente não tinha sido por mim. Suspirei disfarçadamente por estar pensando nessas coisas perto dele.
— Eu só estava afim de ir na festa mesmo e então fui te procurar pra conversarmos, pra curtir a festa a nossa maneira – menti, não sabia porque estava mentindo, mas estar na frente dele mudava tudo, era como se toda a minha coragem saísse correndo.
— Só isso? Estamos sem nos falar faz um tempão e você vem com essa desculpinha pra mim? – ele passou as mãos em seus cabelos o que claramente queria dizer que ele estava chateado. Eu o conhecia bem o suficiente pra saber disso.
— Nossa amizade vai além de ficarmos sem nos falar por um tempinho. Aliás, nem aconteceu nada pra gente ter parado de se falar, quer dizer, eu menti pra você e eu sinto muito por isso e você sabe bem disso. Mas somos amigos, não é? – abri meu sorriso amarelo. Droga, eu era horroroso nisso.
— Nossa amizade vai além de você não confiar em mim pra me contar que você quer ser cantor sim e seu pai está te ajudando. , eu super te apoiaria, eu sou seu fã número um. Já até te filmei cantando com o controle remoto da sua casa, qual é. Você achar que eu ficaria chateado ou com raiva de você por isso só comprovou que você não tem confiança em mim mesmo. Pra que sermos amigos assim então? – abri a boca surpresa por ele ter dito tudo aquilo e ter machucado mais do que eu esperava que machucasse.
— Você tá acabando nossa amizade por isso, ? – estava magoado demais pra falar outra coisa, nem pensar direito estava conseguindo mais.
Obviamente não era assim que eu imaginava que seria, imaginava que ele aceitaria minhas desculpas e tudo voltaria como antes.
— Não, . Você que está acabando com a nossa amizade por não me contar à verdade. – ele suspirou, recuando alguns passos. Meus olhos se encheram d’água, aquele filme em que eu não o teria mais em minha vida passou pela minha mente e isso doía tanto que até ar me faltava. Eu o amava, mas não conseguia admitir isso pra ele.
— Desculpa, . Eu nunca quis mentir pra você, nunca mesmo, mas era algo que eu estava mentindo pra mim mesmo e precisava admitir pra mim antes de admitir pra você. – balançou a cabeça mostrando que tinha me entendido.
— Você tem mais medo de me magoar do que magoar a si mesmo. – Sorriu e balançou a cabeça em negação. Sorri também, afirmando. – E é por isso que eu acho que você tá sempre mentindo pra mim.
Abaixei a cabeça, era a verdade e se eu mentisse ele saberia e ficaria mais chateado, então assumi de uma vez, mas também não contaria toda a verdade. Não podia me dar esse luxo.
— Conta para mim a verdade, . Eu nunca te julgaria, nunca ficaria com raiva de você pela verdade, por favor. – Voltou a se aproximar, segurando minhas mãos.
Respirei profundamente, tentando achar no fôlego alguma coragem, algum motivo pra lhe dizer toda a verdade. E qual era a verdade, ? Olhei bem em seus olhos, querendo e praticamente implorando pra ele ler minha mente ou ler em meus olhos o que eu tentava dizer em voz alta, mas não conseguia. Ah , se você soubesse o tamanho do amor que eu sinto por ti, talvez você saísse correndo.
— , você sabe tudo sobre mim, eu nunca te escondi nada. Até as coisas que eu sabia que te magoaria, eu te contei porque sempre achei melhor você saber por mim do que por outras pessoas. – Soltou minhas mãos e suspirou cansado. – Mas eu vejo que você não faz o mesmo por mim, você engole seus segredos e são segredos que afeta nossa amizade. Então até você achar que esteja na hora de revelá-los eu acho melhor a gente parar com isso.
Arregalei meus olhos, um pouco chocado por ele ter feito exatamente o que eu tinha medo que ele fizesse. Neguei com a cabeça sentindo raiva de mim mesmo por ter permitido isso e mais raiva ainda por não estar fazendo nada pra mudar isso.
— Você está sendo egoísta, sabia? Acabar com a nossa amizade por causa de segredos? E não, nenhum deles diz respeito a nós. – soltei a raiva nele, já que pensar não estava sendo o que eu estava fazendo no momento. O nervosismo e desespero tinha tomado conta e eu decidi descontar nele. Burrice, eu sei.
— Eu estou sendo egoísta, ? Tem certeza que sou eu? Tudo bem, ache o que você quiser. Não quero mais isso, já chega. – se afastou, dando-me as costas e me deixando ali.
Cogitei várias vezes ir atrás dele naquele momento, tantas vezes que eu cheguei até dar um passo à frente, mas não fui. E eu me arrependi amargamente por isso.”
42 HORAS ANTES:
— Que trânsito do caramba! A pé a gente já estaria lá desse jeito – reclamou, bufando e se olhando mais uma vez no espelho retrovisor, ajeitando sua franja. revirou seus olhos, irritado com o trânsito e com o que não parava mesmo de reclamar.
— Vocês acham que é tarde demais procurar alguém do passado? – decidi perguntar, aquilo estava me remoendo. Ambos viraram para trás e me encararam como se eu fosse louca.
— Ir atrás de ex-namorado essas horas? – perguntou meio incrédulo, neguei com a cabeça e dei de ombros.
— Não é um ex-namorado – respondi baixinho, permaneceu me olhando como se eu fosse um cachorrinho fofo abandonado na rua.
— É o ? – ele perguntou bem baixinho, engoli a seco e o encarei sem nem dizer nada.
Ele suspirou e balançou a cabeça em entendimento, ele já sabia do nosso passado e ele sempre tinha sido o único que dizia que o era a coisa mais certa da minha vida. Mas eu era a teimosia em pessoa. Peguei meu celular novamente e disquei o número dele, esperando desesperadamente que ele atendesse, eu precisava muito falar com ele. Não podia ver o mundo acabar sem ter sido honesta com ele. A cada toque que dava meu coração palpitava tão forte que chegava até doer. Mordi a ponta da minha língua com força e perdi o fôlego quando ouvi a voz dele do outro lado da linha.
— ? – perguntei baixinho. e arregalaram os olhos e ficaram me assistindo no telefone como se fosse o último episódio de Game of Thrones.
— ? – sorri por ele ter reconhecido minha voz depois de todo esse tempo.
— Depois de todos esses anos você ainda lembra da minha voz. – comentei, sentindo uma lágrima rebelde escorrer em meu rosto.
— E como eu esqueceria? – sua voz me transmitia surpresa, apesar dele parecer calmo no meio desse caos todo.
— ...Eu sinto muito. – fechei meus olhos, encostando minha cabeça no banco e deixando minhas costas escorregarem um pouco.
— O mundo precisa acabar pra você pedir desculpa? – tudo bem que aquilo tinha doído bem mais do que eu imaginava.
Flashback on:
O vinho branco na minha segunda ou terceira taça estava absurdamente delicioso, então estava bebendo mais devagar possível. Passei meus dedos em meus cabelos, os ajeitando enquanto olhava em volta e via que as mesas estavam todas bem cheias. Era um show feo do James Arthur, então minha mesa estava bem posicionada no meio com uma visão incrível do palco. Charles era o carinha que eu estava dando uns beijos, mas nada sério, na mesa também tinha e , com seu namorado que eu odiava e sozinho tentando fisgar alguém como ele mesmo dizia. Eles riam de alguma coisa que eu tinha dito, mas eu estava prestando atenção no casal que tinha sentado umas três mesas ao lado da minha.
Arregalei meus olhos ao ver que era ali, minha vontade era de levantar e sair correndo ou me esconder debaixo da mesa antes dele me ver, mas agora já tinha sido tarde demais. Ele ficou me encarando por alguns longos minutos sem ter reação, assim como eu. Mas então ele sorriu em cumprimento, fiz o mesmo e levantei minha taça. Desviei meu olhar para o palco, engolindo a seco e prometendo a mim mesmo só olhar para o palco de agora em diante. Mais mentiras, obviamente. O show começou logo depois, eu decidi pedir mais uma garrafa de vinho porque eu precisava realmente. Cantei várias músicas e tentei esquecer o motivo do meu nervosismo todo, mas fora impossível, claro. No meio do show, onde o James Arthur deixou pra tocar as mais calmas, consegui respirar profundamente, porém meu peito doeu quando começou o toquinho de Naked.
“Hey, you there
Can we take it to the next level, baby, do you dare?
Don't be scared
'Cause if you can say the words, I don't know why I should care”
Cantei junto com a letra, mas meus olhos me traíram ao se desviarem do palco e irem para . Meu coração se apertou mais ainda dentro do meu peito e eu consegui sentir toda aquela saudade novamente, como doía!
“Cause here I am, I'm givin' all I can
But all you ever do is mess it up
Yeah, I'm right here, I'm tryin' to make it clear
That getting half of you just ain't enough”
Os olhos de se desviaram do palco também e como era de prever, ele notou que eu estava o encarando e pra minha surpresa ele não desviou, ele devolveu a encarada.
“I'm not going to wait until you're done
Pretending you don't need anyone
I'm standing here naked (naked, naked)
I'm standing here naked (naked, naked)
I'm not gonna try 'til you decide
You're ready to swallow all your pride
I'm standing here naked (naked, naked)”
Era como se ele próprio tivesse cantando pra mim pela maneira que ele me encarava, como se eu estivesse o machucando e ele tivesse me implorando pra parar. Meus olhos automaticamente se encheram d’água, não sabendo nem da onde arranjar forças pra parar de olhar pra ele.
“Hey, get out
I've got nothin' left to give for you give me nothin' now
Read my mouth
If you ever want me back, then your walls need breakin' down”
Dessa vez ele cantarolou a música, semicerrando os olhos na minha direção, ignorando totalmente que tinha alguém ali do lado dele e eu também ignorando totalmente as pessoas que estavam na mesma mesa que eu. Até porque com ele ali nada mais importava, era como se tudo que eu sentisse por ele tivesse voltado ainda mais forte, tão mais forte que chegava a me deixar totalmente sem ar.
“I wanna give you everything
I wanna give you everything”
Desviei meu olhar do dele, respirando fundo e tentando controlar minha respiração. percebeu meu estado e já soube exatamente o motivo, ele mandou uma mensagem no meu celular logo em seguida.
“Pode ir, eu te dou cobertura, se quiser...”
Sorri com ternura pra ele, extremamente agradecido por esse gesto dele porque era isso que eu iria fazer. Iria fugir, porque nisso eu era muito bom.
“You're ready to swallow all your pride
I'm standing here naked (naked, naked)
I'm standing here naked (I'm standing) (naked, naked)
I'm standing
I'm standing here”
O James Arthur cantava o ultimo refrão da música enquanto eu levantava dali e fugia. Correndo até a saída do lugar, ligando para o meu motorista e torcendo pro mentir por mim. Estava chovendo tanto que parecia que o mundo ia cair naquela noite, mas o meu mundo já tinha caído. Estava um trânsito horrível, meu motorista mandou mensagem dizendo que estava na fila de carros na outra esquina. Rolei meus olhos e bati o salto da minha bota no chão, totalmente impaciente.
— Vai fugir de novo? – meu coração gelou ao ouvir a voz dele atrás de mim. Fechei meus olhos, sentindo até minhas pernas ficarem moles.
— Não estou fugindo. – respondo baixinho, virando de frente para ele. Ele solta uma risadinha, negando com a cabeça.
— , quando você vai parar de mentir? – aquilo tinha doído, mas ele tinha razão. Minha vida toda era uma mentira.
— E o que você quer que eu diga, ? – abro os braços, o intimando. Ele se aproxima mais de mim, encarando o céu totalmente escuro pela tempestade que caía e em seguida voltou a me encarar.
— A verdade. – sua voz saiu baixa, mas o suficiente para eu ouvir.
E a verdade não foi nada disso do que ocorreu:
— A verdade é que eu nunca quis ser só seu amigo. Eu sempre quis mais do que sua amizade, sempre te enxerguei com outros olhos. Mas não podia te contar isso porque seria egoísmo demais da minha parte, entende? Éramos melhores amigos e eu amava sua amizade, você me faz bem demais e se eu confessasse para você tudo que eu sentia por você...Acabaria tudo. – acabo soltando tudo de uma vez, até rápido demais, sentia até meu coração disparado como se eu tivesse corrido uma maratona toda. Estava ofegante e agora querendo mesmo sair correndo. – Me perdoa por ter mentido e ter soltado tudo de uma vez só agora. Mas você tá melhor sem mim. – então dou as costas pra ele, saindo correndo no meio da chuva mesmo.
Sentindo aquela água gelada esfriar meu corpo quente, como se naquelas gotas de chuva eu pudesse encontrar um certo tipo de conforto pra tudo isso que tinha me acontecido. Não acreditava que tinha falado tudo de uma vez pra ele. O que eu tinha na cabeça? Meus passos eram largos e eu nem estava preocupado do salto da bota me trair e me fazer ir ao chão, só queria sair correndo mesmo. Porém, senti alguém segurar meu braço e eu já sabia quem era, então nem lutei contra, apenas deixei ele me virar de frente pra ele, fazendo eu encará-lo nos olhos mais uma vez. Engoli a seco, me segurando nele, apertando seus ombros com uma certa força como se fosse cair a qualquer segundo.
— Eu te odeio por nunca ter me dado a chance de mostrar pra você que o que eu sentia por você era recíproco. – arregalei meus olhos, confuso e até achando que eu tinha sonhado. Então ele grudou seus lábios nos meus, iniciando um beijo intenso logo de início. Subi uma de minhas mãos de seus ombros até sua nuca, enroscando meus dedos em seus cabelos e os puxando levemente, correspondendo o beijo com uma certa urgência, um certo desespero e ansiedade. Era aquele beijo que eu vivia sonhando por anos, o beijo que meus lábios sempre desejou e almejou ter. Era aquele tipo de beijo que você queria que durasse para sempre. Sentia suas mãos apertarem minha cintura contra seu corpo, deixando nossos corpos tão quentes que nem aquela chuva conseguia nos esfriar.
Flashback off.
A verdade foi que eu nunca falei a verdade para ele. tinha ido atrás de mim naquela chuva e eu tinha mentido mais uma vez olhando dentro dos seus olhos. Nunca tive coragem de dizer a verdade para ele e fantasiei como eu sempre quis que aquela noite tivesse terminado.
Era tarde demais para pedir voltar ao passado. Mas se eu tivesse essa chance eu teria lhe falado toda a verdade. A culpa sempre me acompanharia para onde quer que eu fosse. Agora o mundo ia acabar e eu ainda não tinha dito a ele o quanto eu o amava.
— Eu sei que é tarde demais, mas eu não posso deixar o Apocalipse vir sem dizer o quanto eu sinto muito. Eu errei, eu sei disso e passei todos esses anos sabendo disso. Eu falhei, você não merece um mentiroso, nunca mereceu. E eu sei, eu sei, e eu sei que ela te dá tudo. Mas, , eu não poderia te dar. – engulo o choro, sentindo minha voz até fraquejar. sussurrava para eu ter forças. — E eu sei, eu sei, e eu sei que você tem tudo ...Mas eu não tenho nada sem você aqui. – era a verdade, meu coração falava por mim, não adiantaria de nada eu mentir pra ele, precisava de toda a verdade.
Continuo:
— Eu não mereço. Sei que não mereço, mas fique comigo por um minuto e eu juro que farei valer a pena. – a música da Ariana Grande veio na minha cabeça, nunca tinha dado ouvidos a ela, mas na verdade, aquela música dizia exatamente tudo que eu precisava ter falado pra ele. Agora eu só torcia para que não fosse realmente tarde demais. — Por que você não me perdoa? Pelo menos por um tempo, eu sei que foi culpa minha. — One last time I need to be the one who takes you home…— cantarolei essa parte da música, deixando as lágrimas escorrerem em meu rosto. Conseguia ouvir a respiração forte dele do outro lado da linha, ele não me dizia nada, isso acabava comigo.
— Vá se salvar, . Tá tudo perdoado, eu já tinha o perdoado muito tempo atrás. Você não se perdoou ainda, então faça isso, não sinta remorso. Aconteceu o que tinha que acontecer, entende? Essa foi nossa história e ela termina com um meteoro e um amigável adeus. – então ele desligou ou a ligação caiu porque o sinal acabou. Olhei para e então despenquei em lágrimas.
38 HORAS ANTES
Ainda estávamos presos no trânsito e eu tinha decidido que não estava mais interessado em me salvar até porque o meu jatinho não me protegeria dos meteoros, mas e não me ouviam quando eu dizia isso e eles diziam que tínhamos que pelo menos tentar.
— Vamos morrer nesse carro. – minha voz era amarga e sincera, eu acreditava firmemente nisso.
— E qual é a sua ideia então? Morrermos onde? – estava aflito, com raiva e totalmente sem paciência, mas eu o compreendia perfeitamente. Estávamos na merda do fim do mundo, iríamos morrer esmagados por meteoros, era horrível. Mas isso não me chateava, pois parecia que eu havia morrido horas atrás.
— Já chega pra mim. Não vou morrer aqui, não vou morrer sem tentar até o último segundo. Pode ser tarde demais, mas eu não me importo mais. — soltei cansado. Decidido ao ponto de descer do carro no meio daquele caos todo e prosseguir a pé, indo ao lado oposto de todas as pessoas. Ouvi e correrem atrás de mim, tentando me parar e tentando me convencer a não fazer isso, mas nada me impediria agora, nem mesmo a minha covardia que me seguiu por toda a minha vida.
— Eu o amo mais do que a mim próprio. – parei de andar e soltei isso em voz alta. e pararam também e se entreolharam surpresos, então me deu aquele seu olhar de compreensão e um sorriso encorajador que me surpreendeu até.
— Vá atrás do seu homem, meu amor. Não temos muito tempo mesmo e morrer ao lado de quem amamos parece ser a melhor maneira de morrer. – isso me fez sorrir, aquele sorriso verdadeiro e caloroso. Eu amava meu melhor amigo por sempre me entender e por sempre falar a coisa certa em todos os momentos. Já o odiei por isso, mas o que era só uma prova do meu amor por ele.
— Eu amo vocês. – digo aos dois. sorri daquele jeito dele e então me abraça brevemente. Sem dizer nada, mas naquele gesto já me dizendo tudo que eu precisava.
— Você é meu orgulho, . – sussurrou, seus olhos cheios d’água e então nós dois nos abraçamos juntos, aquele abraço forte que todo mundo precisa na vida. tinha sido meu melhor amigo, meu melhor ombro pra chorar, meu melhor assistente e uma das melhores pessoas que eu conheci.
— Nos vemos em outra vida? – ele brincou, secando suas lágrimas assim que nos separamos do abraço. Acabei rindo baixo disso, concordando e querendo mesmo acreditar nisso pra criar a esperança de poder vê-lo novamente.
As ruas estavam um tremendo caos. Tudo um tremenda confusão. Pessoas chorando para todo canto. Gritos histéricos. Policiais tentando acalmar as pessoas.
Explosão.
Arregalei meus olhos, sentindo meu coração fraquejar até pelo susto. Precisava chegar até . Não sabia como porque estava impossível dirigir. Como eu iria falar pra ele que eu o amava? Não podia morrer sem dizer isso a ele. Não podia. Eu me recusava. Iria lutar por ele até meu último instante. Até o último sopro que eu desse.
Céus, eu sentia tanta falta dele. O som da sua risada era espetacular. Seu sorriso que era mais bonito que um bolo Velvet. Sempre dizia isso a ele. O mesmo se achava de rir e ainda brincava que seu beijo também era mais gostoso.
Nunca senti seus lábios nos meus. O tanto que desejei e ansiei. O tanto que clamei. Implorei. Mas nunca fiz nada para conseguir por medo de perdê-lo. Até realmente perdi sem nem ter ao menos lhe dito a verdade. Ele não merecia um mentiroso.
Consegui visualizar perfeitamente um cara descendo de sua moto para pegar alguma coisa que ele derrubou. Não perdi tempo, corri em direção à moto, montei e dei partida sem nem pensar duas vezes. Fazia muitos anos que não pilotava. Até que uma lembrança me tirou um sorriso.
Flashback:
dava risada enquanto segurava minha cintura, ele apertava com uma certa força que me arrepiava. Fazia zigue-zague com a moto apenas pra ele me apertar mais e soltar sua risada gostosa quando via que eu estava somente brincando.
Até que deixei a velocidade em linha reta, deixando apenas o vento gostoso bater contra a gente num ritmo equilibrado. Pude sentir seus braços me abraçarem, suas mãos passarem por minha barriga e seu queixo encostar no meu ombro.
— Você é a pessoa mais incrível que eu conheço, . Nunca quero te perder. — sussurrou, quase me fazendo perder o equilíbrio da moto. Sorri abertamente daquilo e desejei demais parar a moto e tomar seus lábios com os meus. Como era possível se apaixonar por ele cada vez mais?
Flashback off.
A primeira parada foi no apartamento dele que eu sabia onde era. Estava impossível de entrar, mas consegui com todo meu esforço. Subi pelas escadas de incêndio. Meu cabelo suado grudava na minha nuca, estava cansado, mas mesmo assim seguia firme atrás dele. Mas todo meu esforço foi em vão porque ele não estava ali. Não tinha ninguém no seu apartamento totalmente aberto.
Por favor, Deus, me dê uma última chance com ele.
Quanto tempo faltava? Estava sentindo que iria surtar. Mas não antes de olhar seus olhos castanhos e perfeitos por uma última vez.
25 HORAS ANTES:
Roubaram minha moto e agora estava a pé no meio do caos. Lágrimas quentes rolavam pelos meus olhos.
Lembrei de ter visto ele beijando Spencer na escola e de como aquilo doeu em mim. Todas as vezes que via ele xavecando alguma garota e ainda ficava adorável quando se sentia inseguro. Não se achando bonito suficiente para isso.
Faça-me o favor. Inseguro? Não havia homens que superavam sua beleza. Era o que eu pensava sobre ele. Deveria ter dito tudo isso para ele quando tive a chance. Não podia ser tarde demais mesmo que tudo indicasse que fosse.
O metrô parecia funcionar pela minha sorte. Consegui me enfiar no meio de todas aquelas pessoas e fugi de levar um soco quando empurrei um cara. Precisava chegar até e nem um meteoro me impediria disso. O metrô me levou até a estação que me levaria até nossas casas.
Quando passava pelas ruas sentia lembranças nostálgicas invadirem minha mente. Nós dois aprendendo a andar de bicicleta. Meu primeiro tombo e o joelho ralado. chorou tanto quando viu como sangrava. Ficou segurando minha mão bem fortinho mesmo. Seus dedos apertando os meus. Ele me dizendo o quanto sentia muito por aquilo e que ficaria ao meu lado até meu dodói sarar.
Ele era adorável desde criança. Fofo, romântico, preocupado. Um excelente melhor amigo para todos os momentos. Eu não o merecia. Sabia bem disso.
Parei em frente minha casa, lembrando de todas as vezes que ele me deixava na porta. Esperando eu entrar pra ver se eu estaria seguro. Então quando eu só fechava a porta da frente que ele ia para a casa dele. Sentia falta disso. Chegava doer até.
não estava na minha casa como esperei que estivesse. Na verdade, eu desejei que estivesse. Queria tanto ter aquelas últimas horas com ele. Ao seu lado. Sentia falta do seu cheiro, da sua risada, do seu sorriso e desejaria demais conhecer o sabor dos seus lábios. Pelo menos um única última vez, esse era meu pedido para poder morrer em paz.
Segui para sua casa e vi seus pais ali, os dois me abraçaram na mesma hora. Surpresos demais por eu estar ali e me senti totalmente aliviado em estar nos braços de ambos. Era o mais próximo dele que eu poderia estar agora. Comecei a chorar desesperadamente nos braços deles, dizendo o quanto eu sentia muito por tudo que passamos. Por não ter sido a melhor pessoa para o quando ele tinha sido meu mundo todinho. Os parabenizei pelo filho incrível que eles tiveram, falei o quanto ele era bom, o quanto foi importante em cada detalhe da minha vida miserável. E eu não tinha dado valor.
— Vocês sabem onde ele está? Eu preciso pedir perdão para poder… Céus, eu preciso dizer para ele que ele foi o único homem que eu amei em toda minha vida. Eu menti todos esses anos, menti para ele desde a primeira que o vi. Eu me apaixonei pelos seus olhos castanhos no momento em que o vi. Ele é o amor da minha vida e vou morrer o amando mais do que a mim próprio. Só queria que ele soubesse. — despenquei em lágrimas, confessando aquilo em voz alta para os pais dele. Eles precisavam saber o quanto meu coração inteiro era do filho deles.
— Realmente o mundo precisou acabar para você falar a verdade. — ouvi sua voz rouca atrás de mim e meu coração deu um pulo. Virei meu rosto para trás e ali estava ele. Seu cabelo castanho, mas as pontas loiras, estavam maiores. Sua franja poderia cobrir seu rosto todo, mas ele a jogou para trás que só o deixou mais sexy. Deus do céu, ele estava lindo.
— Vocês precisam conversar, é a última chance para isso. — ouvimos Trisha dizer. Sorri docemente para ela, recebendo seu beijo na minha bochecha e então se afastou. Engoli a seco ao ter que encarar seus olhos castanhos de novo.
— … — ele negou com a cabeça, me interrompendo de falar. Apenas fez um gesto com a cabeça para que o seguisse. Estranhei aquilo, mas fui atrás mesmo assim. Ele andava na frente, a rua estava totalmente vazia, o céu estava mais claro, bem mais claro que o de costume. Sim, estava mesmo vindo um meteóro. Logo tudo isso daqui não existiria mais, aqueles carros, aquela rua, aquelas casas. Nossas lembranças. Tudo que vivemos e tudo que eu adoraria viver com ele. — Chega, não sei quanto tempo teremos mais. Eu preciso falar pelo menos uma única vez e sei que será a última. Então, por favor, me escute e depois me manda embora. Mas só me escuta.
Ele parou, vi seus ombros subirem e descerem como se ele estivesse puxando ar e então virou apenas sua cabeça, me olhando por cima do ombro. Seus lindos e perfeitos olhos castanhos continham lágrimas e aquilo me quebrou demais.
— Queria tanto te odiar por ter tido coragem de falar tudo isso só agora, . Não temos muito tempo e você sabe disso. Você é a porra de um egoísta fodido, sabia? Como você pode esperar … Se o mundo não estivesse acabando você nunca me falaria, não é? — virou de costas para mim de novo, cobrindo seu rosto com as mãos. Funguei, engoli a porra do meu choro e o abracei pelas costas mesmo. Colando meu peito nas costas dele, o puxando contra mim e cruzando meus braços em seu peito.
— Sei que não mereço seu perdão, sei que não mereço nada seu. Nunca te mereci, nunca mesmo. Mas eu não posso morrer antes de te falar toda a porra da verdade, . — beijei seu ombro e o apertei um pouco mais contra mim. Ele conseguiu se soltar dos meus braços e segurou minha mão, me puxando com ele de novo. Acabamos que correndo segundos mais tarde, pude ouvir ele rir por causa daquilo e acabei rindo junto.
Seus dedos entrelaçados nos meus, meu cabelo voando para trás e o dele também, ele virava para trás e me puxava em uns solavancos para frente, o que me tirava umas risadas altas por quase sempre ir quase para o chão. Isso fazia ele sorrir maravilhosamente para mim. Até que chegamos em nossa antiga escola. Entramos pelo ginásio e subimos todas as escadas, até as de incêndio até chegarmos no telhado dela. Era plano e dava praticamente para ver o bairro todo. Nossas casas. As ruas que costumávamos brincar. Nossa vida poderia passar ali como um filme diante de nossos olhos. Ele ainda segurava minha mão e quando seus dedos apertaram os meus, soltei o ar e o olhei.
— Quando aquela idiota da Spencer derrubou meu suquinho de morango no chão e meus olhos se encheram d’água, você veio até mim pela primeira vez. Tínhamos uns seis anos, eu acho. Você me entregou o seu e sorriu para mim. Eu chorava demais, apenas peguei o suco e tomei enquanto soluçava baixinho. Você mantinha seus olhos castanhos e doces em mim, em uma frase muda dizendo que estava tudo bem. — sequei algumas lágrimas rebeldes que escorriam do meu rosto enquanto falava, me ouvia e tinha um sorriso no canto dos lábios. — Eu me apaixonei por você ali, . Seus olhos me pegaram e me roubaram para eles. Seu sorriso enlaçou meu coração. E quando ouvi sua voz me dizendo seu nome… Eu soube que nunca amaria outra pessoa além de você.
Levei suas mão até meus lábios e deixei seus dedos, tirando um outro sorriso pequeno dele.
— A cada ano que passava eu me encontrava mais apaixonado por você. Meu coração era tomado por esse sentimento que nossa...É devastador e eu mal podia respirar. Mas o pensamento de que eu poderia te perder se você soubesse disso me matava ainda mais. Eu preferia ir para casa todos os dias chorar no meu travesseiro enquanto você se apaixonava por outras pessoas do que não ter você na minha vida. Então mentia para você sempre que dizia que estava tudo bem você desmarcar nossos compromissos. Menti por anos. Menti tanto que me afoguei na própria mentira. E o perdi. — abaixei a cabeça, lambendo meus lábios e sentindo mais lágrimas escorrerem em meu rosto.
— Olha pra mim. Deixa eu ver seus olhos, por favor. — sua voz baixa ainda me fazia tremer, fechei meus olhos apenas para puxar mais ar, mais fôlego e então o encarei. Deus, eu o amava demais. Cada detalhe do seu rosto. O seu tom de pele. O contorno de seu rosto. Seus lábios avermelhados e sexy. Seu nariz afinado que eu sempre desejei beijar e fazer carinho com o meu. Amava seu corpo, cada tatuagem dele, cada músculo que ele tinha. Era apaixonado até em suas mãos, seus dedos tatuados, a palma dele que era quente e protetora.
— Eu me apaixonei por você antes disso.
Arregalei meus olhos e senti que eu estava sonhando. Estava, não era? Não podia ser real que eu estivesse mesmo ouvindo aquilo.
— Todos os dias você chegava com seu lanchinho, bem organizadinho em sua mesa. O suco de morango era o mesmo sempre. Você tirava as bordas do pão como um ritual. Meu coração ficava apertado dentro do meu peito, quando você bebia do suco e sorria por achar delicioso, meu coração só faltava sair pela boca. Quando a Spencer derrubou o suco, sabia que não veria o seu sorriso naquele dia e estragou meu dia. — ele suspirou triste ao se lembrar disso e meus dedos apenas apertava ainda mais os dele. — Tive que te dar o meu porque só o seu sorriso me fazia feliz. Só o seu sorriso me faz feliz até hoje, .
Prendi meu ar quando ele se aproximou mais, tirando meu cabelo do rosto e depois alisando a lateral dele com as costas dos seus dedos. Desci meus olhos para seus lábios quando ele encostou sua testa na minha. A ponta do seu nariz raspou no meu e isso me tirou um suspiro pesado.
— Imploro seu perdão por ter falado só agora, . Queria que tivéssemos mais tempo, como fui tolo. — choraminguei, apertando meus dedos em sua camisa, segurando sua cintura e sentindo suas mãos no meu rosto. Alisando minha pele em um carinho que me fazia suspirar ainda mais. Droga, seu toque era tão bom, tão protetor e quentinho daquele jeito que te fazia sentir em casa.
— Quando o mundo acabar eu quero estar nesse abraço. Lembra? — arregalei meus olhos e o encarei. Ele tinha ouvido aquilo e tinha se lembrado perfeitamente. Abri meu sorriso e o deixei extremamente largo. Sentia lágrimas escorrerem pelo meu rosto também, mas tentava secá-las com seu polegar, uma por uma.
— Lembro e eu precisava cumprir isso. Queria te perguntar muitas coisas, mas … — olhamos para o céu, já dava para ver o meteóro se aproximando. Parecia longe ainda, só que tinha estrelas no céu e ainda estava claro. Estava uma bagunça, era o mundo nos avisando que tinha chegado nossa vez. E agora estava tudo bem, estava nos braços do meu próprio paraíso.
— Olha pra mim, vai ficar tudo bem. — sua voz rouca me puxou para baixo, fazendo eu encarar seus olhos. Toquei seu rosto, deixei meus dedos deslizarem por sua barba perfeita e sorri quando foi a vez suspirar com meu toque. Fiz o contorno de seus lábios, deixando eles entreabertos e mordi meu lábio quando ele colocou apenas a ponta da sua língua para fora, tocando nos meus dedos e em seguida os lambendo, os puxando para dentro de sua boca. Sorri de lado para aquela visão espetacular, prendendo um gemido que queria sair.
— Por favor, me beija. — implorei, fazendo ele soltar meus dedos de seus lábios deliciosos e então passou seus lábios nos meus, beijou minha bochecha e meu queixo, depois a ponta do meu nariz.
— Queria te beijar inteiro. — engoli a seco com sua voz embriagada de um prazer triste, eu queria também que tivéssemos tempo dele me beijar inteiro. Tocar em cada centímetro do meu corpo com aqueles lábios avermelhados, macios e esplêndidos. — Você é perfeito, sabia? Sua pele, nossa… Tá bom, não vou conseguir pôr em palavras o meu desejo por você, mas vou tentar te mostrar nesse curto período.
Assenti com a cabeça e no segundo seguinte meus lábios foram tomados em um beijo urgente, aquele beijo de desespero mesmo e era como se fosse o último. Porque talvez fosse. O nosso último primeiro beijo.
Sua língua deslizava na minha e a minha de volta na dele, ele conseguia atingir mais fundo quanto mais o beijo se aprofundava naquela pressa de que não tínhamos muito tempo mesmo. Suas mãos seguravam meu rosto numa tentativa que eu não me afastasse. E as minhas apertavam sua cintura com força, até o envolvi com meus braços ao redor do seu quadril. Subi minhas mãos por todas suas costas largas. Ele suspirou tão gostosinho no beijo que me tirou um sorriso leve contra seus lábios. Afastei meu rosto apenas para lambê-los de baixo para cima até chegar em seu nariz.
Ele riu. Uau, que delícia de risada.
Suas mãos fortes desceram do meu rosto para o meu pescoço, sua língua invadiu minha boca de novo, seus lábios tomaram os meus com força e urgência novamente. Retribuí e colei ainda mais meu corpo no dele, não era possível, mas eu queria tornar. Queria muito sentir o calor dele contra o meu. girou o beijo, intensificando seus toques, lambendo o interior da minha boca com sua língua quente e deliciosa, a qual fiz questão de chupar com muita vontade. Ouvi um gemido sair dele e gemi de volta com ele puxando meu cabelo pela nuca. Ficamos nos beijando por tanto tempo até que o ar realmente faltou. Ficamos sem fôlego total e rimos juntos por causa disso.
Mas seus lábios estavam nos meus de volta, não iríamos nos separar mais. Realmente estávamos desejando mais tempo do que poderíamos ter. Sentia o quanto ele me desejava e ele sabia o tanto que eu o desejava. Juramos que se tivesse vida após a morte, ficaríamos juntos, iríamos compensar o tempo perdido dessa vida injusta que tivemos. Sabia e assumi que a culpa fora minha, mas ele também assumiu a culpa dele porque ele sempre foi apaixonado por mim e nunca tinha me dito também. Achávamos que não era recíproco de ambas as partes. Fomos tolos demais.
No entanto, estava feliz. O dia da minha morte era o dia mais feliz da minha vida.
Irônico, eu sei bem. disse a mesma coisa, morrer sentindo meus lábios seria a melhor coisa que ele já fez em vida. Sorri e chorei por isso, o abraçando forte contra mim e sentindo seus lábios beijarem meu ombro, meu pescoço, senti ele me lamber, chupar minha pele e distribuir mordidinhas deliciosas. Até nos beijarmos de novo. O barulho do meteoro era ensurdecedor. As explosões nos faziam tremer. Senti lágrimas escorrerem dos meus olhos.
— Eu te amo. Se foca somente no meu beijo, por favor. — ele sussurrou contra meus lábios. Forcei minhas pálpebras e amassei seus lábios com os meus em retorno.
— Eu te amo também. — sussurrei de volta, engolindo os soluços.
— O mundo está acabando e estamos nos braços um do outro. — ele sorriu contra meus lábios. Abrimos os olhos e vi seus olhos castanhos ficarem até mais claros, até puxando para um tom mais dourado. O fogo atrás de nós completava aquele cenário de filme, era bem cena de filme mesmo, o mundo acabando e a gente se amando.
— Não tinha lugar melhor para morrer. — o beijei de novo.
E o mundo acabou.
O barulho da música estava me deixando com dor de cabeça. Pisquei meus olhos e esfreguei levemente minha vista. Estava na casa antiga dos meus pais, aniversário de casamento deles. Aquele tipo de festa que me entediava demais. Sorte minha que sempre vinha para me tirar do tédio.
Espera...Tudo fora um sonho? Não, não era possível.
Não tinha sido um sonho.
Descobri no mesmo instante que o vi e ele estava lindo, todo perfeito e arrumado. Tínhamos ganhado uma segunda chance. Soltei a brincadeira sobre ele querer impressionar uma mulher mais velha e ele respondeu da mesma forma:
— Claro, minha meta de vida. – ele respondeu, rindo baixo e me abraçando de lado. – Na verdade, estou todo arrumado assim só pra você finalmente aceitar dançar comigo. – solto uma risada ao ouvir ele dizer isso e nego com a cabeça.
O que ocorreu a seguir foi exatamente da mesma forma que tinha acontecido da primeira vez. Mas só que dessa vez eu sabia tudo que ele falaria. Até quando ele falou de Louis, que eu deveria aprender a dançar para ir ao baile com ele e então chegamos no assunto da Spencer.
— , fala alguma coisa, você tá me preocupando. – ele levou suas duas mãos para o meu rosto, me olhando com preocupação mesmo.
— Não vai com ela no baile, por favor. — soltei, finalmente declarei aquilo como deveria ter feito a primeira vez. Se aquela era uma segunda chance então eu a teria, lutaria por ele. Não estragaria igual fiz da primeira vez. — , eu quero ir com você no baile. Não quero o Louis, não quero ir com mais ninguém que não seja você. Quero ir com aquele garotinho que me deu o suquinho de morango quando nos conhecemos.
Ele abriu um sorriso adorável em seguida, seus olhos castanhos brilhavam como a estrela mais bonita de todas as noites.
— Vai ser a melhor noite da minha vida ir ao baile com você, . — me apertou mais contra ele naquela dança meio desengonçada.
— Então você vai ter que me ensinar a dançar porque não quero que meu par passe vergonha lá. — ele riu e concordou.
— Não me importo com isso. Mas eu ensino sim porque meus pés agradecem. — soltei uma risada mais alta com isso e neguei levemente com a cabeça.
— Tem certeza disso, ? — seu polegar passou na minha bochecha. Então levei minha mão até sua nuca e fiz um carinho em seu cabelo ali.
— Você é a única certeza da minha vida toda, . Sempre vai ser. — não aguentei e colei meus lábios nos dele. Senti ele congelar um pouco, talvez pela surpresa, mas quando suas mãos desceram e envolveram minha cintura, soube que fiz a escolha certa. Ele retribuiu o beijo.
Agora sim o primeiro beijo de muitos.
E não o último.
Fim.
Encontrou algum erro de script na história? Me mande um e-mail ou entre em contato com o CAA.
Nota da autora: Espero que gostem dessa shortfic, ela será bem curtinha mesmo. Mas queria dizer que escrevi ela na época que a Ariana lançou One last time e eu surtei de amores! haha