Autora: Li
    Scripts: Autora Independente
    Visualizações: acesso gratis

Finalizada em: 16/09/2021.




Porto Alegre, 2005
Mais um dia sem graça no Colégio Concórdia. Realmente, nada de interessante acontece nesse colégio. Andando pelos corredores, sempre as mesmas pessoas, sempre as mesmas frustrações em minha vida. Tudo normal. Confesso que nem ligo mais para os outros ao meu redor. Os únicos que ainda dou atenção são meus amigos: o e o . O mais antigo, em amizade, me dá um tapa no ombro.

- ! – chamou meu nome. , prazer =) – Vai aonde, tão apressado? – Questionou, encarando-me com seus olhos azuis. Tais olhos que tiravam o fôlego de muitas gurias do colégio.
- Oi, ! Bom, eu estava indo para quadra. – Respondi, sem muita animação para treinar. Fazemos parte do time de vôlei masculino. é o nosso animador do grupo, não eu.
- Hoje vamos ter plateia. Chegaram novos alunos no 1° ano e eles vão nos ver treinar.

Normalmente, nossos treinos não são abertos para plateia, mas, pelo que entendi, o 1° ano quer montar um time também e quem sabe não tem alguém bom para integrar nosso time, né? Ah, sim, eu e meus amigos somos do 2° ano. Durante o treino, algumas gurias gritavam meu nome. Isso é comum. Sou um cara “lindão”, meio galã. Pelo menos é o que elas dizem, né? Kkkkkk
Eu não ligo para o assédio delas, não mesmo. Finjo que não é comigo. Ao fim do treino, sempre fazemos um jogo entre titulares e reservas, mas hoje, em específico, dois dos nossos não vieram para o colégio. Nosso treinador pediu para o professor do 1° ano para indicar dois alunos para jogar. Ele, então, chamou um cara e uma guria. Eu juro que não havia reparado nela. Como disse, eu não reparo muito nas gurias que ficam gritando por mim. Se bem que, eu acho que ela não estava fazendo isso, mas enfim.
Ela estava bem tímida, ficou ao fundo da quadra, como um líbero. Ela usa óculos, manteve as mãos esticadas e segurava uma mão na outra. Parecia estar nervosa. Parecia querer chorar também.
Começamos o jogo e os caras pareciam não querer que a bola chegasse nela. Ela se movia muito bem, parece ter familiaridade com o jogo. Mas, não tocou na bola. Aquilo começou a me incomodar. Em dado momento, eu ataquei uma bola muito forte, bem na direção dela. Achei que um dos caras pegariam, mas o colega de classe dela saiu, de propósito, da frente e a bola foi certeira nela. A menina esticou os braços numa manchete e amorteceu, um pouco, a bomba. Porém, a bola desviou para a frente; ponto nosso. Nem comemorei, pois, assim que a bola desviou, o colega dela a empurrou e começou a gritar com ela.

- Sua burra! Deu a vitória para eles! Isso que dá menininhas jogarem vôlei, estragam tudo! – Gritou o moleque. Odeio injustiça, principalmente contra mulheres. Ela fez o que pôde, fez até demais por esse time que só boicotou ela.
- Não fala com ela dessa forma! – Eu disse irritado e atravessei por debaixo da rede, indo de encontro à confusão.
- É verdade! Ela é uma burra! – Bravejou novamente.
- Eu... eu tentei pegar... eu tentei pegar a bola... – Ela dizia entre soluços e com os olhos molhados de lágrimas. Ela esfregava o braço que estava bastante vermelho. Me arrependi de ter batido tão forte na bola.
- Cala a boca! – Gritou o moleque e fez menção de bater nela. Obviamente, não deixei que o fizesse.
- Se ousar a fazer isso novamente, eu quebrarei a sua mão. – Falei, segurando o pulso dele e o encarei.
- Chega de briga! – Disse o treinador. – Solta ele, ! – Ordenou. Eu não soltei e continuei encarando. – Solta ele, !!!! – Bravejou irritado. Soltei e fui ajudar a guria a levantar. Mas, antes que eu lhe estendesse a mão, eu a vi correr para fora do ginásio. – ! Espera! Volta aqui, Lucas! – Gritou o treinador ao me ver correr atrás dela.

Eu não podia deixa-la sair daquela forma. Corri e gritei para que ela parasse de correr. Durante a corrida pelo colégio, quase deserto, pois já passava da hora de ir embora, ela caiu, seus óculos foram parar longe. Logo após a queda, ela levou a mão no pé esquerdo.

- Você está bem? – Aproximei-me dela e agachei. Pus a mão no pé dela que recuou a perna e choramingou. – Deixa eu te ajudar, por favor. – Sorri e estendi a mão. Ela se segurou em mim e ajudei ela a andar. – Melhor eu carregar você. – Ela mal estava conseguindo andar por causa da dor.
- Não quero ir para enfermaria. Não quero que me vejam assim. – Ela disse e completou: – Avisa ao meu irmão. Ele é do 2° ano, da sua turma. – Da minha turma? Quem será?
- Quem? – Questionei, curioso.
- O .
- O ? - Era o apelido dele.
- Sim, fala com ele. – Ela respirava forte, estava assustada e ofegante.
- Ok, eu chamo ele, mas se acalma, ok? Vai acabar passando mal se continuar nervosa assim.

Ela concordou e eu a deixei sentada em um banco no jardim, onde não poderiam vê-la. Fui atrás do . Ele é meu outro grande amigo, muito gente boa. Uma hora dessas ele deve estar no vestiário saindo do treino de futebol. Dito e certo! Lá vinha o andando com os cabelos molhados, enxugando-os com uma toalha. Ele me viu de longe e já me gritou animado. Aproximei-me dele e contei o ocorrido. Logo, fomos ao encontro dela. No caminho, ele me disse que ela se chama , a .
... =)
Ao ver o irmão, levantou-se para abraça-lo.

- Está tudo bem, meu amor, está tudo bem agora! – Guerra disse e beijou o topo de sua cabeça. Já mais calma, sentou-se no banco. Todos nos sentamos. – Como está o pé?
- Dolorido. Vou querer massagem! – Ela fez um biquinho. Um biquinho que deu vontade de morder, confesso.
- Faço sim! Tudo que minha princesa quiser. – Ele respondeu sorrindo, todo meloso com a irmã. Nunca tinha o visto assim. Da forma que ele falava da irmã, eu achei que ela tinha 6 anos. Mas, pelo visto, ela não tem, né? É uma bela e fofa guria de 14 anos. – Ah, sim, esse é meu amigo . – Finalmente ele nos apresentou.
- Oi. – Eu disse com um sorriso envergonhado. – Prazer. – Ela sorriu de volta e ajeitou os óculos no rosto.
- Prazer, pode me chamar de . – Concordei com a cabeça.

Ficamos os três conversando no jardim por alguns minutos. Até que disse que já estava na hora de irem para casa. Eu também já deveria estar em casa. Nos despedimos e fomos para casa. Ao chegar, fui direto para meu quarto. Nem quis ficar na sala e ouvir mais um dos sermões do sr. . Sem paciência.
Já no quarto, não pude deixar de pensar na . Ela é diferente, não sei dizer e não me peçam seriedade neste momento. E muito menos lógica em meus pensamentos. Mais tarde eu encontrei com os caras na casa do . Dormimos todos lá. Durante a conversa, o assunto surgiu, nem sei como. contou que ela chegou de Salvador/BA, onde nasceu, para morar com o , que é originário de Recife/PE. Eles são filhos do mesmo pai, mas de mães diferentes. Parece que os pais dela se separaram e estavam disputando por ela. Pela guarda dela. Ele contou que eles brigavam muito, às vezes, no meio da rua, por ela. Ela acabava machucada, aí o juiz determinou que ela ficaria com a mãe de aqui no Sul. Era o parente mais próximo e disponível para cuidar dela. Me deu um nó na garganta ao ouvir a história. A mãe dele quer adotar legalmente a . Tomara que dê certo, pois, pelo que vi, ela sofre muito e prefere ficar ao lado do irmão. É o melhor para ela.

Algum tempo depois...

e eu nos tornamos grandes amigos. Temos quase a mesma idade, sou dois anos mais velho. Sempre eu vou na sala dela para ver como ela está. Aquele moleque que quis bater nela naquele dia na quadra, ficava sempre importunando ela todo dia. Eu vou na sala dela para vigiar aquele moleque idiota. também vai comigo. adora nos ver, sempre abre um enorme sorriso e seus óculos levantam um pouco ao sorrir. Tão fofa, meu Deus. Enfim...
Alguns dias depois, eu e fomos na sala da e ela não estava lá. Estranho. Sempre combinamos para lancharmos juntos. Ela preparava sanduíches para todos, incluindo e (já que antes, eles roubavam nossos sanduíches). e eu procuramos por ela pelo colégio, mas não a encontramos. Comecei a ficar preocupado, de verdade, encontrei uma colega dela e a mesma me disse que ela está no banheiro trancada e não quis contar o que houve. Meu coração apertou dentro do peito e eu fui correndo atrás dela.
Ao chegar no banheiro feminino, a colega dela entrou e disse que eu estava do lado de fora esperando por ela. Gritei do lado de fora.

- ! O que aconteceu? Estou preocupado! – Gritei.
- Já estou saindo, ! – Ela é a única que me chama assim. A única.
- Ok! – Gritei de volta. Minutos depois, o Guerra apareceu. Contei o que eu sabia, ele ficou tão angustiado quanto eu. – ! – Falei ao ver que ela saía do banheiro acompanhada da colega. Ao aproximar-me pude ver seu estado. – Quem fez isso? – Os óculos quebrados, o canto da boca sangrando, ela mancava um pouco. Uma raiva tremenda começou a consumir meu peito. Meu rosto esquentou. – Quem foi, ? Fala, por favor. – Perguntei novamente.
- Maninha, quem foi? – perguntou, igualmente irritado.
- O André. – Ela disse com a voz embargada, chorando. André é o nome do moleque que persegue ela. – , por favor, não faz nada. – Ela segurou minha camisa, olhei para ela que me fitava com um olhar tristonho, amedrontado.
- Desculpa, meu amor, não posso... – Falei e dei um beijo em sua testa. – Não posso deixar isso passar. – Falei e fui atrás daquele infeliz.

Finalmente o achei e fui logo desferindo um soco em sua cara covarde. Quando ele levantou e ameaçou me bater, eu peguei seu pulso e o retorci.

- Ai, caralho! Para, está doendo! – Ele choramingou.
- Você pensasse nisso antes de bater na . Seu covarde! – Falei, sério, irritado e continuei torcendo seu pulso. – Te disse que quebraria seu pulso se encostasse nela novamente, não disse?! E o farei! – Num movimento só eu torci o pulso dele. Deu para ouvir o “crack” do pulso torcendo. Ele gritou de uma vez. Gritou de dor.

Saí dali e o larguei no chão. Voltei para o banheiro e não tinha ninguém lá. Mandei mensagem para o e ele disse que a levou para a enfermaria. Ao chegar lá, eu fiquei em pé na porta. estava chorando, a enfermeira limpava o canto de sua boca e cuidava dos outros ferimentos. Ele estava ali com ela. O nó em minha garganta voltou ao vê-la novamente. Não tive coragem de entrar. Ao terminar, ajudou ela a caminhar. Seus óculos não são tão fortes em grau, mas como ela chorava muito, ela não enxergava direito com os olhos inchados. Ajudei eles, estava envergonhada, o tempo todo com a cabeça baixa, encostada ora nos ombros do irmão ora nos meus ombros.
Estou na casa do , está no quarto dela dormindo. Conseguimos fazê-la dormir depois de bastante tempo e remédios para aliviar as dores que sentia. Guerra e eu ficamos conversando. Ele agradeceu o soco e o pulso quebrado que fiz ao André. Não fiz mais do que minha obrigação de melhor amigo e... bem, eu tenho um sentimento especial por ela. Confesso, vai. Está meio óbvio, eu sei, faço questão de deixar estampado na minha cara. Ela é uma garota incrível e ela me apoia em minha decisão de seguir na carreira musical. Montei uma banda com o , e . Eu mesmo componho, algumas músicas os caras me ajudam, mas a maioria das músicas é de minha autoria. Meu pai não gosta desse fato, mas eu não ligo. O importante é que eu amo o que eu faço. E eu... bom, eu... ah, esqueçam! Bobagem. =)

[...]


Meses se passaram, me formei e fui com os caras para São Paulo. ficou um ano no Sul para terminar os estudos. sempre soube que eu tenho sentimentos por ela, mas nunca comentou nada. Eu sei que ele sabe. Todos perceberam, na verdade.
Conversava todo dia com ela, via Skype ou por mensagem do WhatsApp. Quando ela finalmente concluiu o ensino médio, achei que viesse fazer sua faculdade aqui em SP, mas não foi o que ocorreu. Ela passou em Jornalismo na Federal do RS, então resolveu cursá-la. Ela até queria vir, mas sempre quis a Federal e preferiu ficar lá com a mãe do . Agora ela é a mãe da e tem a guarda oficial dela. Ainda bem, espero que nunca mais ela reencontre os pais biológicos que só a fizeram sofrer por anos. Com a rotina forte de estudos dela e a rotina intensa de shows da banda, nós nos afastamos.
Muito.
Infelizmente.

São Paulo, 2014.

A banda comemora 15 anos este ano. Então, resolvemos comemorar gravando um DVD ao vivo aqui mesmo em SP. Sampa foi uma cidade que nos acolheu e nos impulsionou para o Brasil. Estamos finalizando as reuniões do DVD que será gravado dia 16 de outubro, será lindo! Estamos com a mesma formação desde o início e a amizade que tenho com eles é incrível. [n/a: quem dera essa formação atual da Fresno fosse a mesma desde o início da banda. Hahahaha teve tantos integrantes, mas a matriz, Lucas e Vavo, continuam até hoje. <3]
e eu nos afastamos. Circunstâncias do tempo. Soube, pelo , que ela se relacionou com alguns caras, eu também tive alguns desastres que chamo de relacionamentos. Mas, eu nunca me esqueci do sentimento que tenho por ela. Nunca.
me deu uma incrível notícia: vem morar em SP! Nunca estive tão feliz nos últimos nove anos, tempo exato que não falo com ela.
Não sei dizer ao certo o porquê de não nos falarmos mais. Só sei que isso gerou algumas composições para ela. E eu creio que ela já as ouviu, mas não faz ideia de que as dedico a ela.

- ? – Guerra me distraiu de meus pensamentos. Eu estava sentado no sofá em meu apartamento, dedilhando notas aleatórias no violão.
- Oi. Fala aí, cara! – Falei sem emoção.
- Você está bem, cara? – Não, nunca estive, meu amigo. – Tu está assim desde que soube que minha irmã está na cidade.

Ele me conhece bem, afinal. está na cidade há semanas e nem se deu o trabalho de vir me ver ou até mesmo ver algum show nosso. Eu estou chateado. E medroso. Eu que devo ir lá vê-la, né? Eu devo isso a mim. A nós.

- Pois é... e eu estou morrendo de saudades dela. – Falei saudosista.
- Então, por que não vai até ela? – Perguntou o óbvio. É tão lógico, né? Por que não vou visitar a minha amada ? Que porra de medo é esse? – Você sabe onde eu moro. Hoje estarei na casa da Júlia, - namorada dele – vou dormir lá. Você tem o meu aval e meu apoio, meu amigo. – Ele apoiou a mão em meu ombro e apertou de leve. – Não perca mais tempo!

me fitou com um olhar encorajador. Tomei toda essa coragem e me levantei. Me despedi dele e fui tomar banho. Estou tão nervoso. Como será que ela vai reagir ao me ver? Como eu vou reagir ao encontrar com ela? Eu sei como é a fisionomia dela agora. me mandou algumas fotos que ele tirou dela na visita que fez ano passado. Ou até mesmo as fotos que tirou ontem. Maravilhosa é a mulher que se tornou. Orgulho define o que sinto por ela. E amor. Muito amor.

Ding dong

- Quem será?

questionou para si mesma, levantou e foi atender a porta.

– Você? – Ela disse ao me ver parado em frente à porta. Estou muito bem arrumado, bonito, cheiroso. Abri o meu melhor sorriso.
- Posso entrar? – Trouxe uma garrafa de vinho. Dica do . – ? Você lembra de mim? – Perguntei sorrindo, fitando a cara de interrogação que ela fazia.
- Claro, ... – respondeu debochando. – Entra. – Disse e eu entrei. – Meu irmão não está.
- Eu sei. Ele me disse. – Usei do mesmo deboche. – Eu vim ver você, matar a saudade. – Engoli em seco. Minha voz estava trêmula. Mãos suando. Tremedeira. Nossa, estou quase enfartando aqui...
- Hum... senta. – Ela ignorou o que eu disse. Sentei-me antes que eu caísse duro ao chão de nervoso. – Vinho! – Deu um riso nasal. – Aposto que foi ideia do meu irmão.
- É. Ele quem me disse que você gosta. Toma uma taça comigo? – Perguntei.
- A garrafa toda.

Nossa! Meu coração deu um salto agora. Que tesão que me deu ao ver ela me fitar, sorrir de canto de boca e me falar isso.

– Então, o famoso está aqui na minha casa. Que honra! – Ela disse e entregou-me uma taça cheia de vinho tinto suave.
- A honra é minha em estar aqui com você, . Como eu disse: estou com saudades suas. Muitas saudades. – A encarei sedutoramente e dei uma golada no vinho sem olhar para taça. Ela sorriu e fez o mesmo. Que saudades desse sorriso...

e eu bebemos bastante. Matamos aquela garrafa que eu trouxe e ainda bebemos mais duas que tinham na geladeira. A casa dos sempre tem vinho gelado. Ela está mais solta, mas maleável, menos sarcástica ao meu sentido. De início ela não quis me ver, mas agora é diferente. Dizem que quando estamos bêbados somos mais sinceros, mais abertos às coisas que não faríamos quando estamos sãos, coisas que sempre quisemos fazer, mas nunca tivemos coragem. Isso me parece ser bem verdade...
Fomos nos envolvendo a fundo. O cheiro dela continua o mesmo, esse aroma doce e marcante que eu tanto amo. Nos beijamos pela primeira vez após nove anos separados. Antes da ficar em POA e eu vir para SP, nós ficamos duas vezes. Dois beijos rápidos. Nenhum deles continha o tesão e a saudade de anos desse de agora. Que beijo intenso! Forte. Delicioso. Nos deitamos no sofá, sem parar o beijo, e fomos nos despindo devagar. De repente, ela parou e me fitou ofegante. A encarei sem entender o porquê daquele olhar confuso, diria até assustado. Mas, com o quê? Ela me empurrou devagar e sentou-se ajeitando o sutiã.

- O que houve, ? Fiz algo errado? Me desculpe se... – Comecei a falar, preocupado. Ela me interrompeu de imediato.
- Não, não! , está tudo bem! – Ela disse. – É que... é que é a nossa primeira vez e... não sei o que fazer... tenho medo de decepcionar você de alguma forma.
- Mas, por que você me decepcionaria? – Questionei confuso.
- Você é famoso, . Pode ter qualquer mulher. E tenho certeza de que já teve muitas que...
- Nem precisa terminar a frase, ok? Para! – Falei impaciente. – Não fala assim. Nós temos uma história de bem antes dessa fama. Você sabe que eu amo você... eu te amo, ! É só isso que me importa. – Segurei suas mãos e falei olhando fixamente em seus lindos olhos marejados. Abracei ela e dei-lhe um beijo no rosto. Senti seu corpo arrepiar-se. - Não precisa ser hoje e nem agora. Quando ambos estivermos preparados, ok? – Nem precisei falar mais sobre o assunto, ela já entendeu rapidinho o que eu quis dizer.

Combinamos isso e nos abraçamos. Ela me pediu para dormir com ela. Não recusei. Conversamos boa parte da noite. Ela me contou dos anos que ficou estudando em POA e dos trabalhos que fez como jornalista. Contou dos ex namorados idiotas que teve. Essa parte não me agradou muito, mas fui eu quem iniciou o assunto, né? Agora aguenta, !
está há dois anos solteira e sozinha. Me disse que não quis se relacionar com ninguém mais. O mais interessante é que eu também estou sozinho há dois anos. Na verdade, eu sempre tive dentro de mim a esperança de ter o amor dela. De poder viver esse amor com ela. Dela poder finalmente se entregar para mim e viver esse amor, sem medo. Ela sempre teve receio do que os outros poderiam dizer de nós, por eu ser mais velho. E agora, pelo visto, ela tem receio por eu ser famoso. É uma besteira, eu sei. Mas, eu até que entendo o lado dela. Ela se confessou para mim. Admitiu que ainda, depois desses anos todos, sente algo por mim. Que aquele amor não morreu, está apenas adormecido.
O medo dela de ficar comigo é a minha fama. Admito que isso é intimidador, mas nada que a não possa encarar. Nada que nós dois juntos não possamos encarar. Por ela, eu enfrento o que for!

Alguns dias depois...
e eu voltamos a nos falar e estamos saindo. Nos vemos quase todo dia. Ela trabalha na filial de SP de uma revista famosa. Uma revista teen. Aliás, foi por isso que ela veio morar aqui. Para nossos amigos: nós estamos juntos. Porém, não assumimos nada para mais ninguém, não publicamente.
Ordens da !
Não consegui convencê-la de que isso é uma bobagem tremenda. Enfim...

- Vai sair com a hoje, cara? – Vavo perguntou, enquanto afinava sua guitarra. Estamos ensaiando para gravação do DVD.
- Sim. Vamos no restaurante japonês aqui perto. Vou pedi-la em namoro oficialmente. – Falei empolgado e com um enorme sorriso no rosto. – Estou nervoso!
- Eita! Vai rolar casório, com certeza! – Brincou .
- Pois é. – confirmou .
- Se dependesse de mim, já teríamos nos casado em 2006! – Falei.
- Senti firmeza, meu amigo. Quero muito que você e minha irmã se casem. – Disse enquanto batucava algo na bateria.
- Eu sei que sim, irmão. – Falei sorrindo.

Terminamos o ensaio e corri para casa para me arrumar. Vesti uma roupa nova, arrumei os cabelos para o lado, do jeito que ela diz que eu fico lindo. Peguei o carro e fui até o apartamento do busca-la. Sou suspeito para falar, mas a está maravilhosa. Recentemente, depois de começar a trabalhar na revista, ela adotou outro guarda-roupas. Agora ela usa vestidos e saias, peças que jamais usaria na adolescência e não usava mesmo. E ela fica maravilhosa de vestido. Aliás, ela é maravilhosa de qualquer forma.

[...]


Chegamos ao restaurante japonês que fica perto do estúdio onde ensaiamos. , assim como eu, ama comida japonesa. Fizemos o pedido, comemos, bebemos nosso vinho tinto, conversamos bastante sobre assuntos aleatórios. Eu estava tentando tomar coragem para pedi-la em namoro. Enquanto ela foi ao banheiro, aproveitei para conferir as alianças de compromisso que guardei no bolso do blazer. Guardei-as de volta e respirei fundo. Ao levantar o rosto, avistei uma mulher caminhando na minha direção.

- Ai, !! Que bom te ver, meu Deus, você é lindo! – Ela disse meio histericamente. Logo notei que é uma fã.
- Oi... obrigado! – Respondi sem graça. – Quer uma foto? – Perguntei.
- Claro! – Sorri simpático e tirei uma foto nossa.

De longe, eu vi a caminhar de volta para nossa mesa. Ela nunca foi de demonstrar o ciúme dela por mim, se bem que não tivemos tantas oportunidades disso, mas enfim.

– Ah, , você é tão legal! Obrigada! – A fã disse rindo.
- Obrigado! – Falei ainda sem graça. Não me acostumei com essas coisas.
- Posso te perguntar algo?
- Diga.
- Você tem namorada? – Sério? Revirei os olhos e respondi.
- Ainda não, mas logo terei. – Falei e é claro que eu me referi a .
- Aff, que desperdício.

Ela disse revirando os olhos.

- Olá... com licença. – falou, um pouco sem graça, e sentando-se na cadeira.
- Bom, se nos der licença... – Falei para a fã, para que ela saísse e deixasse e eu jantarmos. A moça olhou de cima a baixo com uma cara de nojo e falou.
- Nossa... você merece mais, . Ela não combina com você. – Comecei a me irritar. Seriamente.
- Quem decide isso sou eu e não você. – Falei visivelmente irritado.
- Não precisa ser grosso! – Ela disse também irritada.
- Melhor você sair... agora! – falou meio indiferente e bateu na mesa com os punhos fechados, sem olhar para a moça. A outra simplesmente virou-se e saiu murmurando.
- Você está bem? – Questionei. Ela fitava o prato, suas mãos estão um pouco trêmulas e isso ela não consegue disfarçar.
- Sim. – Sua voz saiu embargada. – Está tudo bem, . Não se preocupe. – Ela sorriu, obviamente, forçando para disfarçar o embargo em sua voz. Segurei uma de suas mãos e apertei.
- Não ligue para o que ela disse, ok? Quem sabe de nós, somos nós! – Ela sorriu de leve, dessa vez sem esforço algum, e concordou com a cabeça.
- Eu sei, . – Ela seguiu sorrindo. Esse sorriso lindo que eu amo. Ah, que mulher!
- ... – Chamei sua atenção. Tentei não gaguejar ao falar. Tentei não embolar as palavras. Segurei as mãos dela novamente. – Eu amo você... muito. E eu quero saber se... quero saber se você quer namorar comigo? – Saquei as alianças do blazer e mostrei para ela que me olhava com os olhos brilhando.
- Você tem certeza, ? – Ela perguntou e meu cenho franziu involuntariamente.
- Absoluta. Por que não teria? – Antes dela responder, eu falei. – Por que sou famoso? Não liga para isso, . Pensa só que somos dois amigos de adolescência que se amam. Apenas isso. – Senti que suas mãos ainda tremiam. Segundos depois ela respondeu.
- Aceito! – Finalmente ela respondeu e eu não me aguentei de alegria. Beijei-a.

Ah, como eu amo beijar a boca macia da minha !

[...]


Semanas depois, e eu estávamos só “na lua-de-mel” do nosso namoro. Tiramos o atraso de mais de nove anos longe um do outro. Eu passo mais tempo com a do que com os caras da banda. O ciúme deles era nítido Kkkkkk. Brincadeiras à parte, estamos cada vez mais unidos. Hoje, no show que faremos aqui em Fortaleza, cidade onde nasci e fui criado por um tempo antes de ir para POA, resolvemos assumir nosso namoro para o público. É a primeira vez que vamos parar de não confirmar que estamos namorando.
Antes de irmos para o hotel, nos prepararmos para o show, todos fomos dar um rolê na praia. Não sei se mencionei, mas é pernambucano e baiana, então, o amor pela praia está no DNA deles também. e eu preferimos piscina, mas curtimos nos banhar no mar. Não há nada mais tranquilizante do que ver o mar. Relaxante.
Estamos aqui há quase duas horas e nenhum fã veio... AINDA!

- Cuidado com a maré, viu, mana? Está puxando. – Alertou ao voltar de dentro d’água. Ele sacudia-se parecendo um cão molhado. Bem hilário!
- Pode deixar, meu irmão. – Ela sorriu e levantou-se. – Vem comigo, amor? – Ela disse olhando para mim.
- Hmmmmmmmmm, amor!! Ui! – e disseram rindo.
- Eita, amorzão! – Completou .
- Idiotas! – Falei, ajeitando os óculos escuros em meu rosto. – Agora não amor, acabei de comer. Daqui a pouco eu vou com você. – Pisquei para ela, antes abaixei os óculos, senão ela não veria, né? Kkkkkk – Toma cuidado, ok? – Ela sorriu, se abaixou e selou nossos lábios.
- Pode deixar!

Enquanto ela caminhava até o mar, pelo longo bloco de areia que separava a água da calçada, eu senti algo estranho. Uma sensação de que eu DEVERIA ir com ela. Poucos minutos se passaram, mais ou menos uns dois minutos, desde que ela foi para água.

- está demorando. – Comentou .
- Verdade! – Disse . O mesmo levantou-se e olhou em direção ao mar. – Olhem lá! A está se afogando! – Gritou ele.

Acho que eu fiquei surdo após o “A está se afogando”, porque eu só ouvi zumbidos. Corri tão rápido em direção à água que devo ter chegado lá em milésimos de segundos. Fui seguido, segundos depois, pelos outros.

- ! ! – Eu gritava desesperado, enquanto corria, meio estabanado, em direção à água.
- ... Soco... Cof cof!

Eram as poucas coisas que ela conseguiu gritar antes de ser vencida pelo cansaço e afundar. Eu pulei na água e mergulhei até ela, que não sabe nadar, de olhos abertos eu tentava enxergar onde ela estava. Ao acha-la, segurei-a pela cintura. Depois subi à superfície, pude respirar, mas não estava aliviado, por que ela havia desmaiado.

- ? Amor, acorda! – Já tinha colocado ela na areia. e os outros estavam em volta, apreensivos. Fiz respiração boca a boca nela e massagem cardíaca. Ela cuspiu a água que tinha dentro de si. – Amor? Você está bem? – Falei, enquanto ela tossia.
- ... – ela me abraçou e repousou o rosto em meu braço. Respirava ofegante.
- Calma, amor, está tudo bem agora.
- Ah, graças a Deus! Que susto da porra! – dizia e bagunçava os cabelos molhados.
- Minha cabeça está doendo. – Reclamou .
- Vem, eu te ajudo. – Falei ajudando ela a se levantar.

Ajudei ela a sentar-se na areia e dei algo para ela beber, cobri seu corpo com uma toalha. Fortaleza é uma cidade litorânea e hoje, particularmente, está ventando bastante. Um vento frio, diria. Voltamos para o hotel e tomou um remédio para a dor de cabeça. Ela e estão no mesmo quarto. Ele “não deixou” ela ficar no mesmo quarto que eu. Mesmo se estivéssemos, não faria nada que a não me permitisse fazer. Como disse antes: nós só vamos fazer amor quando estivermos preparados para isso. Não sei porquê, mas eu sinto que ela me esconde algo. Enfim...

Alguns meses depois...

Finalmente chegou o tão esperado dia da gravação do DVD de 15 anos ao vivo! Estou ansioso! Quase não dormi ontem, praticamente virei a noite revendo as músicas que tocaremos mais tarde. Pelo que vi, já tem fãs na porta da Audio, a casa de shows onde faremos o show, tenho certeza de que está uma loucura lá. Minha relação com a está meio estranha. Ela anda meio estranha. Para falar a verdade, eu não sei o que está acontecendo realmente. Só sei que estamos brigando bastante e ela está se afastando de mim.
Assim que ela chegou na Audio, fui falar com ela que estava bem linda, como sempre.

- Amor! – Eu disse assim que a vi entrando na casa de shows. – Já ia te ligar. – Selei nossos lábios, sorrindo.
- Oi. Estava com saudades. – Ela falou como se tivesse um nó na garganta. Notei que tem algo diferente com ela.
- Seus lábios estão tremendo, por quê? Aconteceu algo? Parece nervosa... – Eu disse, descobrindo seu segredo.
- Precisamos conversar. – Ela disse sem coragem de me olhar. Segurei seu queixo e ergui sua cabeça para que me olhasse.
- Agora? – Questionei nervoso. Estou começando a imaginar mil coisas na minha mente... – Vem...

Puxei seu braço e a levei até o camarim, que estava vazio. Antes, avisei ao segurança que estava na porta para não incomodar. Para que não deixasse ninguém entrar ali. Tranquei a porta e sentamos no sofá.

– O que aconteceu? – Questionei visivelmente nervoso. Ela mal conseguia levantar o olhar e sustenta-lo no meu.
- Eu... , eu preciso... – Ela estava decidida, pelo menos parecia assim, a não contar nada para mim do que estava realmente acontecendo com ela. – ... – Gaguejou muito nas poucas palavras que pronunciou, após longos segundos sem dizer nada. Aparenta estar com medo. Ter calafrios que tomam conta de seu corpo e não a deixam raciocinar direito.
- Amor... – Segurei as mãos dela, de repente, e a fitei profundamente. Tentei transmitir o máximo de sentimento bom que consegui naquele momento. Pois, assim como ela, eu também estava muito nervoso, mesmo sem saber direito o porquê. – Eu te amo! – Essas palavras amoleceram ela que desabou a chorar e eu a consolei por algum tempo. – Está tudo bem, vai ficar tudo bem, meu anjo. – Afaguei seus cabelos, como eu sempre fazia, para acalmá-la. Ter ela em meus braços é algo incrível, precioso. Nunca mais quero soltá-la...
- Eu não posso, ! Eu não posso te perder! – Falou desesperada, do nada, e eu a olhei confuso.
- Você não vai me perder! Nunca! – Repeti tais palavras diversas vezes até que ela se convença disso. Ela nunca vai me perder. Nunca! – Me fala, o que aconteceu, amor?! – Questionei mais uma vez. Ela não conseguia falar. Apenas pegou o celular, com as mãos tremendo mais que vara verde, e me entregou. – O que tem aqui...

Eu fitava a tela do celular e deslizava o dedo para cima. Minha respiração ficou cada vez mais intensa. Minha expressão mudou. Meu cenho agora estava franzido numa careta de raiva, repulsa. O celular exibia mensagens de um cara, que aparentemente já teve um relacionamento com a , e que a ameaçava. “Melhor cuidar do seu novo boy... senão, pode acontecer algo a ele, sei lá, de repente. Acidentes acontecem, né?!”, dizia uma das mensagens debochadas e ameaçadoras. Mas, que diabos está acontecendo?

– Esse cara te conhece? – Perguntei sem olhar para ela. Ela estava acuada num canto do sofá, assustada com a minha reação.
- Ele é meu ex namorado, de POA. – Ela disse sem ao menos me olhar. Não teve coragem.
- Sabia que havia algo errado! Sabia! – Explodi em palavras e ela recuou ainda mais assustada. Me levantei e caminhei de um lado para o outro fitando o chão. Uma raiva tremenda invadiu meu ser e me fez explodir daquele jeito. Comecei a imaginar coisas que eu me odiei em pensar. Não resisti e tive que perguntar sobre uma delas... – Esse maldito alguma vez bateu em você? – Parei de andar e encarei ela. Ela não disse nada, apenas negou com a cabeça. – Não mente para mim, ... – Eu disse, quase chorando. Eu estava explodindo de raiva. Ela se levantou e segurou meu braço. Eu estava inteiramente trêmulo, incluindo a voz.
- É sério. Ele nunca me bateu, mas sempre me ameaçou. – Soltei a respiração num suspiro de alívio e raiva, ao mesmo tempo, e olhei para ela. Segurei suas mãos. Agora eram meus lábios que tremiam juntamente com a minha voz.
- Eu não vou me afastar de você por causa dele. É isso que ele quer, se fizermos isso, ele ganha. Não vamos permitir isso, meu amor! Nunca! – Falei e algumas lágrimas caíram de meu olhar. – Eu te amo! – Essas palavras pareceram confortar seu coração e ela amoleceu mais uma vez e apertou de leve minhas mãos.
- Eu também te amo, mas eu tenho tanto medo, , tenho medo que... – a calei com um beijo apaixonado e desesperado ao mesmo tempo.
- Vamos dar um jeito, ok? – Concordou com a cabeça – Só não vamos nos afastar, isso nunca!

Ela, após se acalmar mais, me contou que teve medo do que pudesse acontecer comigo. Disse que pensou em terminar e sumir da minha vida para sempre ou pelo menos até esse tal ex sumir. Eu já fui logo avisando que esta não é a solução. Mas, qual seria a solução? Polícia? Fugirmos para longe desse mal? Eu não sei direito o que faremos. Não sei como agir. Só sei que eu jamais conseguiria ficar longe dela. Ficamos abraçados um tempo até sermos interrompidos pelos outros membros da banda que entraram no camarim. O segurança deixou-os entrar, pois em pouco tempo nós subiremos ao palco para começar a gravação. Quase me esqueci da ocasião para estarmos aqui hoje.

- Finalmente achamos vocês! – Falou o irmão dela, o Guerra, assim que bateu o olho em nós dois, que ainda estávamos em pé, abraçados quase que no centro da sala – Falta uma hora para o início do show e ninguém sabia onde vocês estavam. Isso não é hora para namorar!

Ele disse e “separou” a gente com as mãos ainda sorrindo. Quando viu nossas caras, espantou-se: a minha expressava raiva e apreensão e a da , além de apreensão, um grande toque de medo e desespero.

– O que houve? – Guerra logo murchara seu sorriso animado e passou a ficar sério.
- Está tudo bem agora. – Tomei a frente da fala antes mesmo dela cogitar falar algo. Esbocei um sorriso forçado e voltei a abraça-la com um braço. – Não se preocupe, está tudo bem mesmo! – Falei, pois, o nos encarava com uma cara não muito feliz. Uma expressão de que não estava acreditando muito na nossa declaração de que estava tudo bem.
- Está tudo bem, maninho... – disse ainda com a voz embargada e também esboçou um sorriso.
- Ah... – suspirou irritado e ergueu o dedo indicador apontando-o para nós dois. – Eu conheço muito bem os dois e sei que estão mentindo, mas não se preocupem, pois logo eu descobrirei o que realmente está acontecendo, ok? – Ele disse e virou-se irritado para mesa onde estavam as comidas, pegou um pedaço de queijo e enfiou na boca mastigando-o com a cara amarrada.
- Maninho... – foi até ele, que agora atacava o frigobar, muito irritado. Os outros foram falar comigo e ela ficou à sós com o irmão. – Irmão... – Puxou ele de leve pelo ombro e ele virou, ainda com a cara amarrada.
- Vai falar o que está acontecendo ou eu terei que descobrir sozinho? – Falou, encarando com os braços abertos e erguendo as sobrancelhas.

Ela suspirou frustrada e pegou o seu celular, entregou para o irmão e ele leu o conteúdo das mensagens que o outro mandou para ela. A expressão dele, de longe, era muito parecida com a minha.

- ... – agora tinha uma expressão de pânico no rosto. Expressão esta que eu jamais vira em seu rosto em nenhum momento de nossas vidas. – Esse cara é... esse cara é louco! já sabe, né? – Ela concordou com a cabeça. Ele expressou um olhar de quem junta dois mais dois e devolveu o celular para a irmã. Neste momento, eu me aproximei deles com uma expressão séria no rosto. Já tinha contado tudo para os outros.
- , eu... - comecei a falar, mas o irmão dela me interrompeu.
- Cara, vocês têm que dar queixa na polícia. Agora! Não esperem acontecer algo, pelo amor de Deus. Eu tenho medo por você, minha irmã! E por você, , que é meu amigo. Não quero que nada de ruim aconteça com vocês. Sério, denunciem este lunático! – Ele falou e eu concordei com a cabeça.
- É o que faremos, mas não agora. Temos um show para fazer. Uma gravação de um DVD que tanto almejamos. Quando terminarmos isso tudo, nós o faremos. – Abracei o e depois a com um braço só – Eu vou cuidar da , sempre. Independentemente de quem quer que seja.

Minutos depois, o produtor do show veio ao camarim avisar que já estava na hora de se preparar para subir ao palco. Ela nos acompanhou até onde a deixaram ir, se despediu de todos e me deu um longo beijo apaixonado. Beijo esse que me deixou mole e aliviado. Sussurrei em seu ouvido, antes do produtor me gritar para adiantar, que ficará tudo bem e que eu a amo. Mesmo com aquelas palavras de conforto, meu coração não se acalmou por completo. O perigo iminente de acontecer algo ou a mim ou a estava me desconcentrando. foi para o camarote, onde a família e amigos próximos ficam, e ficou observando tudo ao redor à procura de algum perigo que pudesse atingir ou a mim ou qualquer um dos caras. Do palco, pude ver sua expressão mista de alegria pela realização do nosso sonho, o DVD, e apreensão pelo perigo.
O início do show foi incrível. A produção está de parabéns! Ao fim do show, após quase três horas de gravações e muita emoção (eu mesmo já chorei incontáveis vezes durante o show, cantando mesmo), algo estranho começou a acontecer na plateia. Nós da banda caminhávamos pelo palco e batíamos nas mãos dos fãs mais próximos e um deles me chamou a atenção. Eu não sei quem é, mas só senti algo acertar a minha perna, eu estava de costas para o público. Uma dor intensa do joelho para baixo. E um puxão na bainha da minha calça. Ouvi alguns gritos de euforia se transformarem em gritos de desespero ao me verem cair. Eu despenquei do palco e caí por cima da barreira que separa o público do palco e diretamente no chão. Eu caí muito rápido, muitos se assustaram e abriram uma roda, então caí diretamente no chão, por cima das caixas de som e da grade que separava o público do palco. Logo, eu estava cercado pelos fãs preocupados comigo. Eu havia desmaiado com o impacto. , que já havia visto o perigo de longe e correu para me socorrer (só que os seguranças não a deixaram subir ao palco, mesmo assim ela o invadiu quando viu que eu caí) e foi ao encontro dos rapazes que ainda tentavam entender por que eu havia caído.

- !! – Quase que ela cai lá embaixo junto comigo, mas foi segura pelo Vavo que a puxou de volta. – Amor! !! – Ela chorava desesperada, com os braços estendidos. – Alguém chama uma ambulância! !

pedia para ela se acalmar, mas a última coisa que ela conseguia ter agora é calma. Ela queria descer, mas ele não a deixou descer.

– Me solta, Vavo! Me deixa descer! – Debateu-se nos braços do Vavo que teve que ter ajuda do irmão dela para conter a em cima do palco.

Ouviu-se alguns fãs gritarem “Foi ele! Peguem ele! Foi ele quem machucou o , correu o olhar pela multidão, ao ouvir isto, e encontrou os seguranças correndo atrás dele. O lunático do ex dela foi detido pelos seguranças que o levaram para outro lugar. Depois descobrimos que ele me esfaqueou na perna, por isso que eu me desequilibrei e caí. Finalmente o socorro chegou e me imobilizou para me levar para o hospital. O pior que eu poderia imaginar que o outro fosse capaz de fazer, aconteceu. E foi comigo.

Horas depois...

Que dor de cabeça. Que dor filha da puta que estou sentindo na cabeça! Antes fosse apenas na cabeça... para recapitular minhas últimas lembranças deste dia: eu lembro-me de estar no palco abrindo a câmera do meu celular para tirar uma selfie com o público após um show épico de gravação de DVD de 15 anos de banda; depois lembro-me de sentir uma dor intensa na perna esquerda e dar um passo involuntário para trás; depois, lembro-me da visão do palco sumindo para baixo da minha visão e a imagem do teto da Audio, gritos e uma dor nas costas, que atingiram algo extremamente duro (que creio eu ser a grade de separação do público) e, finalmente, o impacto contra o chão que foi o pior.
Apaguei.
Acordei agora, após não sei quantas horas, deitado numa cama de hospital com as mesmas dores que eu senti em minhas últimas lembranças. Minha perna está enfaixada, mas latejando violentamente. Minhas costas estão doendo bastante, provavelmente estão com um baita hematoma roxo. E, finalmente, a minha cabeça lateja de um jeito tão violento quanto a minha perna. Suspirei frustrado e logo vi a figura da sentada toda torta na cadeira ao meu lado. Ela dormia de braços cruzados e ainda de óculos. Ri pelo nariz, pois ela sempre faz isso. Eu digo para ela tirar os óculos quando sentir que está com muito sono, mas ela nunca faz o que eu falo e acaba proporcionando cenas como esta: ela, mais uma vez, dormindo de óculos.

- Amor... – Minha voz saiu rouca e um pouco sonolenta, apesar de eu não estar com sono. Devem ser os remédios... – !! – Chamei mais uma vez por ela que resmungou, virou-se da cadeira e caiu no chão. Ela levantou de um salto, assustada com a queda e olhando para os lados procurando o que lhe atingira. Eu caí na gargalhada. – Sua bobinha! Você caiu da cadeira, amor... – Ela me olhou com censura e os olhos semicerrados.
- Já está ótimo, né, ? – Disse ela, aproximando-se da minha cama. Logo sua expressão mudou para uma mais séria e preocupada. Eu também me calei e sorri de leve – Eu fiquei apavorada quando vi aquele lunático lá perto de você e mais apavorada ainda quando te vi caindo do palco. ... meu Deus, que medo imenso eu senti quando te vi esparramado ao chão, desacordado... – Ela suspirou chorosa e eu segurei suas mãos trêmulas e me sentei, com uma dificuldade imensa, na cama.
- Calma, calma, amor, está tudo bem. Eu estou bem! Olha só, - eu disse apontando para mim mesmo – eu estou ótimo agora. Estou vivo e sou todo seu, meu bem. – Ela sorriu e eu abracei ela – Eu te amo! – Ela retribuiu meu abraço e começou a chorar baixinho. Afaguei suas costas e dei beijinhos em seu pescoço. Logo sua pele estava toda arrepiada.
- Ele foi preso. – Ela disse após alguns minutos, referindo-se ao ex dela. – Parece que foi indiciado por tentativa de homicídio. Guerra, Vavo e algumas testemunhas foram até a delegacia para prestar depoimento. Mario está lá fora, foi ele quem me trouxe para cá. Mais tarde os outros devem vir te ver. Ficaram preocupados.
- Não foi dessa vez que se livraram de mim. – Eu disse rindo e me deu um tapão no braço. Gemi de dor e logo ela ficou preocupada achando que tinha me machucado muito – Não me machucou, , sério. Olha só, eu estou bem. – Ela me deu outro tapa, dessa vez mais leve, quando percebeu que eu exagerei no meu gemido.

Passei a noite no hospital e na manhã seguinte eu tive alta. e nos contaram que o ex da foi realmente indiciado por tentativa de homicídio e que ficou preso. E parece que o juiz negou o pedido de soltura dele, então ele terá que ficar preso até o julgamento. Ótimo! Assim nos livramos deste encosto. contou também que aproveitou a situação para contar das ameaças que o outro fazia com a . Mostrou cópias das conversas deles dois, que, em algum momento, o Guerra copiou do celular da e mandou para o dele. Esse meu cunhado é quase um CSI. Rápido no gatilho.
[n/a: a cena a seguir foi um sonho que tive, antes de concluir esta fic, então, precisei coloca-la aqui.]
me levou até meu apartamento e ficou para cuidar de mim. Eu ainda estou com a perna enfaixada. Ela pediu comida para gente e jantamos felizes, rindo das piadas que eu fazia com o fato de eu ter caído do palco. Bebemos suco, pois estou tomando remédios para dor, então o médico proibiu bebidas alcóolicas. Foi até melhor, pois assim não perderei a consciência novamente.
Horas se passaram e está deitada aqui do meu lado, com a cabeça apoiada em meu tórax. Ela dorme levemente, dormiu meia hora depois de colocar um filme que ela queria ver muito. Mas, os filmes têm esse poder sonífero de fazer com que ela durma quase que instantaneamente. Me mexi um pouco, para poder coçar a perna (que aliás está coçando desde que saí do hospital, mas a não deixa eu ficar mexendo) e ela acabou acordando e gemeu de um jeito bastante manhoso.

- Ainda acordado, mocinho? – Ela disse e me encarou, seu rosto estava virado de cabeça para baixo.
- Estou sem sono, amor. – Eu disse sorrindo e ela me encarou maliciosa. Ergui a sobrancelha esquerda – Para quê esse sorrisinho malicioso aí, hein? – Ela não falou nada. Apenas ergueu o corpo e me deu um beijo cheio de desejo. Logo, eu percebi que ela não pararia até conseguir o que quer. – Tem certeza de que quer agora? – Falei quando ela parou de me beijar para se ajeitar em cima de mim.
- Você quer que eu pare, amor? – Ao fim da frase ela foi beijando minha barriga e folgando o short que eu usava. – Eu posso parar se quiser... – A bunda dela estava erguida e eu comecei a me excitar demais. Não poderia parar. Ah, não poderia... – Deixa que eu comando, ok? – Ouvir isso foi maravilhoso. Puta que pariu...
- Não ouse parar, amor...

Agora ela estava com a boca encostada em meu membro despido, dando beijos e chupadas que me levaram à quase loucura. Deve ser o desejo imenso que tenho por ela misturado com o amor que sinto. A vontade de anos se concretizou, algumas horas depois, mais de três vezes, mesmo eu estando com a perna enfaixada (é bom que se lembre disso).

– Eu te amo, ...

Ela já estava deitada em meu peito novamente, mas desta vez nua. Eu comecei a pensar em todas as coisas que vivemos e imaginar àquelas que ainda viveremos juntos. Flashes de cenas que já aconteceram e outras que eu sonho que um dia aconteçam rodam minha mente agora.

– Amor... – foi então que eu tomei uma decisão, outra, que mudará nossas vidas – quer casar comigo? – A única coisa que fez foi erguer o corpo, sorrir lindamente e me beijar com todo seu amor. Com isso, eu já soube sua resposta.

Alguns anos depois...

Recife, 2020.

Acordei com uma brisa suave tocando meu rosto. Acabei cochilando na cadeira aqui na beira da piscina. Me espreguicei e olhei ao redor, logo eu vi e ouvi os tesouros da minha vida brincando dentro de uma piscina menor, de plástico, ao lado da piscina maior. ajudava Theo e Matt a brincarem na piscininha. Theodoro e Matheo, nossos gêmeos de dois anos de idade. Meus dois tesouros lindos que a minha maravilhosa esposa me deu. e eu estamos casados há quase cinco anos. Não demoramos muito, após o pedido, para preparar o casório. Talvez, se eu tivesse pedido ela em casamento em 2006, estaríamos hoje comemorando catorze anos de casamento. E quem sabe nossos filhos estariam com dez ou doze anos, quem sabe, né?

- Papai!! – Theo berrou assim que me viu aproximar de onde estão. – Me leva pra ‘pixina’ grande!

é do tipo de mãezona, faz quase tudo que os meninos pedem e está sempre protegendo eles de qualquer perigo. Já eu, sou um pai companheiro, procuro conversar com eles antes de dar bronca. A não ser que a travessura seja algo explícito que mereça uma bronca sem conversa prévia. Aliás, ela e eu somos assim com eles.

- Oi, princesa! – Dei um beijo apaixonado na e o Matheo me encarou com uma careta muita engraçada – Que foi, filhão?
- Pode dar beijo na mamãe não, papai... só eu posso. Eu e o Theo – ele disse, sério, e eu comecei a rir.
- Está bem, mas será que você pode deixar eu beijar ela mais uma vez? – Pedi com uma cara de pidão.
- Pode. – Ele disse e voltou a fazer o que estava fazendo antes do seu mini ataque de ciúmes de filho.
- Puxou a você... ciumento... – Falei e dei um beijo na .
- Ah tá, eu que sou a ciumenta, né? Ok, então, ... – Ela riu e ficamos ali brincando com os meninos. Estamos hospedados num lindo resort aqui em Recife, pois amanhã o Mario irá se casar. Finalmente ele vai sossegar! Será um casamento ao ar livre, na praia que fica aqui em frente ao resort. Os meninos levarão as alianças.

No dia seguinte, o dia do casamento, eu acordei com os gritos do Matheo que pulava em cima de mim cantarolando. Theo pulava em cima da mãe dele. agarrou ele pelas pernas e jogou-o na cama fazendo cosquinhas enquanto ele ria descontroladamente. Fiz o mesmo com o Matt. Ele adorou. Levantamos e demos banho nos meninos para prepara-los para o casamento que será logo mais. Enquanto eu arrumava os dois com seus ternos em miniatura, tomava banho. Logo estávamos todos arrumados e descemos para tomar café da manhã. Todos já estavam lá, menos a noiva, claro. Mario estava nervoso, suava frio e se abanava a cada cinco minutos ao mesmo tempo que olhava para o relógio.

- Calma, cara, ela não vai fugir. – Falei brincando ao lado dele no altar. Guerra será o padrinho dele ao lado da . – A , quando nos casamos, se atrasou quase duas horas, lembra? – Ele concordou – E eu quase enfartei, mas ela chegou e ficou tudo bem. Relaxa, cara! – Dei uns tapinhas nas costas dele. subiu ao altar tão maravilhosa quanto no dia em que nos casamos. Dei-lhe um abraço carinhoso – Vamos nos casar de novo? Agora! – Sussurrei em seu ouvido e senti que ela sorriu.
- Vamos, amor... logo depois que o Mario se casar, ok? – Ela disse e me deu um beijo. – Olha a noiva! — Alertou ela.

Quando a marcha nupcial começou a tocar. Eu corri para meu lugar na frente, onde havia três lugares vazios: um para mim, um para e outro para os gêmeos. Essa cadeira extra é só de enfeite, pois eles gostam de ficar sentados ou no meu colo ou no da .

- Que gracinhas! – Nossos bebês vinham caminhando, cada um com uma aliança presa numa almofadinha. A cerimônia começou e eles vieram correndo para sentar-se comigo. Theo logo subiu no meu colo. – Olha a mamãe ali! – Falei no ouvido dele e apontei para , que sorria emocionada ao lado do irmão.

Findada a cerimônia, a noiva jogou o buquê e adivinhem quem o pegou? Pois é, vou me casar novamente! pegou o buquê, apesar de ter se posicionado num lugar onde seria improvável que ela o pegasse, mas acabou pegando [n/a: isso aconteceu comigo, no casamento de minha prima. Peguei o buquê, mesmo estando num canto, longe de todo mundo. Não me casei até hoje HAHAHAHA Ninguém mereceu, ainda, o meu “sim”]. Já combinamos que vamos renovar nossos votos de casamento, desta vez com nossos filhos presentes. Teve uma festa após a cerimônia, onde comemos e bebemos (sucos diversos) bastante. Depois que os meninos nasceram, e eu paramos de beber. Na verdade, diminuímos bruscamente a bebida alcóolica. Ela, por causa da mama e eu porque eu não gosto de beber sozinho, sem ela. As crianças estavam na piscina junto com o e o , estava cumprimentando os convidados e e eu sentados na cadeira perto da piscina junto com a Maria Paula e seu filho de cinco meses, o Romeo (que é a miniatura perfeita do ).

- Gente... – Disse o , enquanto caminhava com o Theo no colo. – O Theo está dizendo que está com dor de cabeça. Acho que ele está com febre. – e eu levantamos ao mesmo tempo e peguei o Theo no colo.
- Ele está quentinho mesmo. – Pus a mão na testa dele e realmente ele está um pouco quente.
- Vamos para o quarto, . Eu trouxe remédio. – disse e depois virou-se para o Guerra – Cuida do Matt, maninho. Por favor. – Guerra concordou com a cabeça e nós fomos para o quarto.
- Vou dar um banho frio nele, para abaixar a febre. – Eu falei e fui tirando a roupa do Theo, que estava bem molinho no meu colo.
- Não deixa a água muito gelada, ok? – Disse e eu concordei. Dei um banho no Theo que choramingou o tempo todo, manhoso igual a mãe, levei ele de volta para a cama. Vesti uma roupa nele e deu o remédio para febre. – Tem que tomar filho, para ficar bom logo. – Ela disse tentando convencer Theo a não cuspir o remédio, que é líquido.

Ele tomou, finalmente, e colocamos ele para deitar. Deitei ao lado dele e do outro lado. Logo, ele adormeceu. Ela sempre fica preocupada quando um dos meninos fica doente. Eu também, é claro, mas ela fica bem mais.

- Amor, não chora. – Eu disse, pois ela estava chorando. Decerto, está se sentindo culpada de alguma forma.
- Odeio quando eles ficam doentes. Me sinto tão impotente. – Lamentou-se ela ainda chorando baixinho. [n/a: eu quando tiver filhos e eles ficarem doentes: vou chorar mais que eles]

Dei um beijo nela e ficamos observando o Theo dormir. Deixei ela no quarto e fui até a piscina para ver como o Matt está. Guerra deu comida para ele e disse que estava tudo bem. Voltei para o quarto e encontrei e Theo dormindo. Sorri de leve e me deitei no lado vazio da cama. Dormi também.
Duas horas depois acordei com a entrando no quarto junto com o Matt. Botei a mão na testa do Theo e a febre havia abaixado. Suspirei aliviado.

- Ele está sem febre, amor. – Eu disse e ela sorriu, colocando o Matt, que estava dormindo, na cama.
- Que bom! Que alívio! – Ela também suspirou aliviada. – Matt cansou. disse que ele ficou preocupado com o irmão. Acho tão fofinho. – Ela falou sorridente e um pouco manhosa.
- Coisa de gêmeo, né? – Eu disse e me levantei, abracei ela e dei-lhe um beijo. – Te amo! – Ela sorriu e me abraçou de novo. – Vou tomar um banho para gente jantar, ok? – Ela concordou com a cabeça e eu fui para o banheiro tomar banho.

Logo, eu ouvi barulho de risadinhas dos meninos. Devem ter acordado. Eu aparava minha barba, demorei um pouco no banheiro.

– Entra, está aberta! – Falei, pois bateu na porta. Ela entrou e eu estava me ensaboando. – Oi, amor. – Falei, mas não vi como ela estava, pois estava com sabão no rosto. Ouvi o barulho do box abrindo e fechando. Senti o toque dela em minha cintura.
- Oi, amor... – ela disse e passou a mão em minhas costas e foi deslizando pelo meu corpo. O sabão foi escorrendo e ela começou a beijar meu pescoço. – Amo seu pescocinho... bom de morder!
- Morde, então. - Abri os olhos e ela me fitava de um jeito sexy. Sorri de canto de boca e beijei sua boca. Começamos a nos empolgar nas carícias.
- Temos que ser rápidos por causa dos meninos. – Ela disse e nós rimos.
- Vai ser rápido, minha querida. – Eu disse e voltamos a nos beijar. As investidas dentro dela foram intensificadas e logo eu havia gozado. Mas eu não queria terminar aquilo sem que ela gozasse também. Ela já estava saindo no box, quando eu a puxei de volta. – Não terminamos, mocinha. – Ela me olhou confusa.

nunca se importou quando não gozava, ela gosta de me dar prazer e não liga se ela não conseguir gozar. Mas, eu sempre me irrito quando não consigo ou quando não dá tempo de isto acontecer. Às vezes, temos que transar rápido por causa dos meninos.

– Senta aqui e rebola para mim. – Falei ao me sentar no chão e puxei ela para se sentar em mim.
- Seu safado! – Ela mordiscou minha orelha e começou a rebolar em cima de mim. Ah como eu adoro quando ela rebola sobre meu membro. É tão delicioso. Apertei a cintura dela e fixei meu olhar sobre o dela.
- Vai, amor, goza para mim. – Eu disse com a voz falha e ela apertou os movimentos. Suspirei excitadíssimo e logo ela gozou e eu o fiz em seguida. – Amo você, bebê. Amo demais! – Eu disse acariciando os cabelos molhados dela e ela sorriu.
- Te amo, , meu gostosão! – Ela sorriu de um jeito safado.
- Abre a porta, mamãe!!!

Fomos interrompidos pelos gritos do Theo que, aparentemente, está ótimo já.

- Papai! Mamãe! com fome! – Gritou Matt. Nós rimos.
- Estamos indo, meninos! – Eu gritei e voltei a rir em seguida.
- Melhor sairmos, se não eles derrubam esta porta. – Ela falou e eu concordei.

Tomamos outro banho, vestimos uma roupa e saímos. Os meninos estavam pulando para lá e para cá dentro do quarto. Fomos jantar e o Theo não teve mais febre o resto da noite. Ainda bem. Ficamos aqui em Recife mais alguns dias, após o casamento, miniférias, pois merecemos. Este ano gravaremos outro DVD para comemorar os 20 anos de banda. Na verdade, a banda já tem quase 21 anos, mas vamos gravar o dos 20 anos primeiro. Merecemos estas férias. Eu, minha linda esposa , e nossos pimpolhos, Theodoro e Matheo, que são duas miniaturas da mãe, mas não contem para ela que eu disse isso.
Não sei quanto tempo viveremos, mas sei que enquanto estivermos vivos, estaremos juntos e de fato felizes com isso. Feliz, ao lado da minha guria.




Fim.



Encontrou algum erro de script na história? Me mande um e-mail ou entre em contato com o CAA.

Nota da autora: Olá, amores! E aí, curtiram? Eu amei escrever esta fic. Normalmente, eu escrevo fics sobre a Fresno que o Lucas, vocalista, é o meu irmão (pois eu tenho um amor - quase - fraternal por ele). Porém, quando vi uma foto antiga dele em que ele está lindo, como sempre, e tão fofo, eu não pensei duas vezes e comecei a escrever. Aí juntei com a cena final, que surgiu após eu ver a foto do casamento do Mario, tecladista da banda, que foi ente ano (2020) e o Lucas estava tão bonito, não resisti em escrever. Enfim, tenho um sentimento muito louco por ele, forte e indestrutível. A cada dia que passa, eu tenho certeza de que o Lucas é o "cara certo" em quem depositar meu amor e admiração de fã. Ele é incrível!
Obrigada Luquinhas, por ser este homem incrível e me inspirar sempre (since 2005).

Beijos!!








© 2021 Fanfic Connection. Todos os direitos reservados.