POV
Que inferno de vida! Que raiva que estou sentindo, de mim, do Pedro, de tudo! Como ele pôde me dar esperanças com aquele beijo e depois dizer que não me quer? Como? Mas eu não o culpo por não gostar de mim. Não sou do tipo “gostável” pelos rapazes. Não quero mais me aventurar assim, nunca fui de chegar em nenhum cara. O Pedro foi o primeiro e deu nisso. Voltarei a ficar quieta e não revelar meus sentimentos por mais ninguém. De repente me veio a imagem do na cabeça. Como ele é bonito e gentil. Será que ele gosta de garotas como eu? Não, eu não devo fazer o tipo dele. Na verdade, será que eu faço o tipo de alguém?
- ? Posso falar com você? - Pedro veio falar comigo. Suspirei irritada.
- Eu não quero falar mais nada, ok? Deixa tudo isso para lá Pedro, por favor. - Eu disse, enquanto enxugava algumas lágrimas que insistiam em cair.
- Mas, eu quero falar… - ele insistiu e ajoelhou-se ao meu lado – Eu não quero perder a relação boa que a gente tinha. Poxa, nós somos amigos! Não quero perder você como minha amiga. Por favor… - ele disse sincero, segurou minhas mãos que estavam frias por conta do clima daquela noite fria de POA.
- Eu também não quero te perder como amigo, Pedro. - Suspirei. - Deixa isso para lá, ok? Vamos fingir que nada aconteceu. Está tudo bem!
Nos abraçamos e ele saiu me deixando sozinha novamente. Quando ia voltar a me sentar na beira da piscina, me desequilibrei e caí dentro dela. Eu não sei nadar. Fiquei desesperada e afundei desmaiada. Não sei bem o que houve, mas só sei que se ele não estivesse ali eu provavelmente não estaria viva. me tirou da piscina, me deitou no chão e tentou me reanimar. Ele ficou desesperado ao me ver desacordada. Fez respiração boca a boca em mim. Foi o que me fez cuspir a água que estava em meus pulmões. Acordei com o semblante dele me fitando preocupado.
- O que houve? - Perguntei para ele, eu estava um pouco zonza ainda.
- Você escorregou e caiu na piscina. Quase se afogou, mas eu te tirei de lá. - Ele respondeu suavemente. Sua voz era doce, suave, gostosa de ouvir. - Está tudo bem?
- Sim, agora estou bem. - Respondi ajeitando meus cabelos molhados para trás. - Obrigada por me salvar, . - Comecei a espirrar sucessivamente. Ele demonstrou preocupação comigo e me levou até as cadeiras que haviam ali. Ele ficou disperso de repente, tentei chamar sua atenção. - ?
- Oi! - Ele despertou de seu transe momentâneo. - Desculpa guria, te deixei falando sozinha!
- Falando? Eu não estava falando . - Eu ri da cara que ele fez. Fofo. - Está tudo bem?
- Sim… está tudo bem sim, não sou louco! É que… - antes dele concluir a frase, a voz de meu irmão o interrompe.
- ! - veio correndo e assustou-se ao nos ver molhados. - O que houve? Por que estão molhados desse jeito?
- Ela caiu na piscina e eu tirei ela de lá. - respondeu. – Mas, ela está bem agora. Não se preocupe.
- Caraca! Você sumiu maninha, vim atrás de ti. Obrigado, , por ter ajudado ela. - disse agradecido.
- Eu estou bem mano, graças ao . - Ele me olhou com um olhar sereno e sorridente.
Acho que estou ficando louca, mas cada vez que encontro o eu sinto algo. Um arrepio bom na espinha, sabe? Estou muito atraída por ele. Muito! Ao mesmo tempo estou confusa. O que eu sentia pelo Pedro era diferente de agora. Acho que pelo Pedro era só fogo no rabo mesmo. Será que isso que sinto agora pelo é o que chamam de paixão? Ou é só tesão? Eu não paro de olhar para ele e ele para mim. Parece que nos conhecemos há anos, mas faz alguns meses que ele entrou para banda e nos vemos poucas vezes agora que ele foi morar em São Paulo com os meninos.
- , posso te perguntar uma coisa? - Quebrei o silêncio, a fim de sanar uma dúvida que tenho desde o início desta noite.
- Po-Pode guria. – Ele respondeu gaguejando. Achei fofo. Mais uma vez. Será que vou achar tudo que ele faz fofo? Não seja tola …
- É difícil, mas vamos lá. Sobre hoje mais cedo, quando o disse que você estava afim de mim e você foi baita grosso com ele. Isso é verdade? - Ele ficou envergonhado, começou a coçar a nuca e se ajeitar insistentemente na cadeira.
- Quer saber se estou afim de você ou se sou grosso? – Esquivou-se da minha pergunta e me respondeu com outra pergunta. Ah, …
- Creio que ambos. - Soltei uma risadinha nasal. Ele hesitou a falar.
- Bom… - Finalmente a mudez largou dele - eu estava nervoso naquela hora e acabei me excedendo com o . Desculpe se te assustei. - Respondeu sem graça.
- Tudo bem, . Mas você não respondeu minha pergunta. - Pare de se esquivar, guri! Bah, que inferno. Parece eu. ~risos~
- Digamos que… eu estou bem atraído por ti guria. Por isso fiquei nervoso com aquilo que o disse. É porque eu fico nervoso quando estou perto de quem eu gosto. - Senti sinceridade nele. Ele sorriu sem graça.
- Então, você gosta de mim? - Perguntei o óbvio, pois ele acabou de confirmar isso, né ? Por Deus!
- Gosto e muito!
Nossos olhares não se desgrudaram um só segundo após ele se declarar para mim. Antes mesmo que nossos lábios se unissem num beijo, fomos interrompidos novamente. Desta vez pelos gritos da Gy. O que aconteceu? Fomos correndo seguindo os gritos dela. Cheguei na sala e Gy estava em pé em cima do sofá.
- O que houve amiga? - Perguntei preocupada. e os outros estavam rindo dela.
- Uma barata! UMA BARATA! - Tudo que eu precisava agora.
- AONDE?! - Fiz o mesmo que minha amiga e pulei no sofá procurando a todo custo onde a maldita barata estava. Está aí um animal desprezível do qual eu odeio:
barata. Para meu desespero completo a maldita barata é voadora. Deus, por que dar asas para um bicho nojento desses? Só pode estar de zoeira com minha cara. [
n/a: isso é real: tenho pânico de barata! Deus me free!] - Mata essa porra! Pelo amor de Deus! - Comecei a chorar. sabe que odeio baratas. Ao me ver chorando, ele foi lá e a matou. Um ponto fraco do meu irmão:
me ver chorando.
Após matar a barata, meu irmão nos ajudou a descer do sofá. Deu um selinho na Gy. Olha só, parece que o cupido acertou mais uma vez! Vou virar casamenteira, anotem. Enfim… Eu precisava falar com alguém. Falar que o se declarou para mim. Isso nunca tinha acontecido antes. Nenhum cara se declarou para mim antes, NUNCA! O que eu faço? Até pediria conselho da Gy, mas ela está ocupada desentupindo a boca de meu irmão. Por Deus, não precisava ver a cena deles quase acasalando num dos cantos da sala. Já sei, cadê o ?! Preciso dele, AGORA!
- ! - Finalmente achei o filho da puta que estava no lugar mais óbvio: cozinha.
- PORRA! - Ele disse assustado, me fazendo rir do gritinho que ele deu. - Quem foi o filh… - antes de terminar ele se virou e me viu. Sua expressão de raiva logo se transformou num lindo sorriso. Ah, o meu sorriso! - ! É você! Porra, achei que fosse o filho da puta do ou do .
- Desculpa o susto amor. - Falei, ainda rindo. e eu nos tratávamos como amigos bem íntimos. Muitos achavam que eu namorava ele, mas isso está fora de cogitação. O é meu amigo, ora essa. Não namoraria ele. Eu acho. - Preciso de um conselho, por favor! - ... se bem que, ninguém namora inimigos, né?
- Ok, só um instante – ele disse com o indicador em pé. Pegou uma bandeja de salgados e abriu outra garrafa de
Smirnoff Ice. - Pronto, podemos conversar agora. - O olhei com a expressão de surpresa.
- Nossa!
- Que foi? Até parece que você não come para caralho e bebe para caralho também. - Falou debochando de mim. - Te conheço, .
- Teu cu!
- Oh a língua, garota! - Falou rindo e puxando minha orelha.
- Me dá uma garrafa também, porra estou com sede.
- Cachaceira. - Falou me estendendo a garrafa que tinha acabado de abrir. Foi até a geladeira pegar outra para ele. - Não pode beber muito hein.
- Por quê?
- Porque você fala mais merda que de costume quando está bêbada. Melhor evitar.
- Corre! Agora! - Saí correndo atrás dele que disparou a correr na frente. Quase derrubou quase todos os salgados da bandeja, mas a Ice estava intacta na mão dele. Impressionante. Depois de nos perseguirmos pela casa, nós dois achamos um lugar sossegado para conversar.
- Pronto, , fala aí o que aconteceu para você ficar tão nervosa desse jeito? - questionou dando mais uma golada na
Ice.
- Eu não estou nervosa.
- E por que está estalando os dedos descontroladamente? Só faz isso quando está irritada ou nervosa ou angustiada. Como eu disse antes: te conheço, ! - E o diabo me conhecia mesmo afinal. Me conhecia até demais.
- Só por que estou estalando os dedos não significa que estou nervosa. Estou estalando porque eu quero. - Disse orgulhosa, sem querer admitir que ele estava certo. - Alguma coisa contra, ?
- Precisa me chamar de ? - Perguntou com a cara entediada e a sobrancelha arqueada.
- Desculpa, eu estou nervosa!
- Novidade… - comeu mais um salgado e me de outro. - Fala, o que houve?
- Na verdade, não é nada demais. Mas é que nunca aconteceu comigo antes. - Comecei a falar em disparada. ouvia tudo com muita atenção. - Eu estava lá na piscina, depois de ter tomado um fora do Pedro, meu amigo da faculdade, sabe? - Ele fez que sim com a cabeça – Pois então, aí eu estava lá pensando na minha vida. Acabei caindo na piscina e o me salvou, mas a questão não é essa. A questão é que o se declarou para mim! E eu não sei o que fazer, amigo, me ajuda! - ele parecia incomodado com algo, mas não consegui identificar o que era.
- E quando você vai admitir que gosta do ? - Ele falou após longos segundos calado. Ele ainda estava incomodado com algo.
- Gostar? Eu gosto do , mas não do jeito que você está pensando, safado! - Ele riu do meu comentário.
- , nunca tinha visto você com essa empolgação toda, com essa carinha de felicidade ao falar de um cara. Nem quando você me contou do Pedro. Você gostou que o se declarou para você, deve gostar dele.- ele disse e eu fiquei meio sem reação. Será que eu mudei assim minha expressão facial só pelo fato de falar do ? - Não acredito que o se declarou para ela. - Ele mudou o tom de voz ao falar a última frase, foi quase um sussurro para si próprio. Parecia irritado, decepcionado. Algo do tipo.
- Está tudo bem, ? Parece irritado. - Questionei.
- Está, está tudo ótimo. - Ele mentiu, disso eu tenho certeza. Mas, por quê?
- O que eu faço hein? O que devo falar para o ?
- Fala o que você sente, meu bem. Você disse que gosta dele, diz isso para ele. Ele com certeza vai gostar. - Percebi que estava apertando a garrafa com força, seus dedos estavam tensionados e as pontas esbranquiçadas.
- Será? Eu não sei se gosto mesmo dele e…
- Claro! Vai lá procurar ele e conta o que sente. Vai te fazer bem falar.
Eu fiquei pensando no que o disse e também na reação dele ao dizer aquilo. Ele estava irritado com algo, só não sabia dizer o porquê. Já passava das 2 a.m. e fazia um frio sem igual. Fui até a sala onde meu irmão e os outros estavam.
- , - eu disse chamando a atenção dele - você viu o ?
- Bah, não o vi. - Disse meio sonolento. – , você viu o por aí? - Perguntou ao que estava deitado no outro sofá.
- Ele já foi, . - falou com a voz de sono. - Disse que estava cansado dos ensaios e que iria para casa. Saiu daqui faz uns cinco minutos. Se correr, dá tempo de pegar ele na garagem.
Agradeci a informação e saí correndo até a garagem. Ah, espero que ele esteja lá ainda, pois não sei se terei coragem de fazer o que estou prestes a fazer. Estou agindo por impulso, não me julguem! Cheguei à garagem e encontrei o ajeitando algo dentro do carro. Aquela linda bundinha empinada foi uma bela visão de se assistir. Espantei os pensamentos safados da mente e me aproximei dele.
- ! Que bom que não foi embora ainda. - Falei sorrindo. Ele se virou e também sorriu ao me ver.
- ? O que faz aqui, está frio, né? – Por que você está falando do tempo ?
- Sim. É, então, eu preciso falar com você. - Minhas mãos estavam suando e às vezes minha voz falhava. - Aquilo que me disse lá na piscina é verdade? Você… Gosta mesmo de mim? - Finalmente eu disse o que queria, mas, sei lá… No fundo do meu coração, algo me dizia que eu não deveria fazer aquilo. Que tinha algo errado. Que aquele não era o meu destino. Ah, não sei explicar direito. Posso ter ficado louca. Ignorem.
- Claro que é. Jamais enganaria você. - Ele disse e meu coração disparou. A sensação de que havia algo errado ainda estava ali, mas eu a ignorei. - Eu… , você… - ele hesitou um pouco, mas logo perguntou aquilo que mudaria minha vida dali para frente. - Quer namorar comigo?
Namorar!? Namorar! Namorar? Meu coração, bem controverso, ao mesmo tempo que estava feliz (?) e empolgado com aquele pedido, com a possibilidade de alguém querer me amar, também estava preocupado e indeciso. Eu queria recusar e voltar para o meu quarto, porém não foi isso que fiz. Aceitei o pedido do . Devo estar louca apenas, o é um cara legal, gentil e lindo. Quem não iria querer namorar ele? Aproximei-me dele e envolvi meus braços em seu pescoço. Dei-lhe um beijo de leve na boca, mas aos poucos fui dando passagem para sua língua adentrar minha boca e a minha adentrar a dele. Foi um beijo acolhedor, sensual e quente. Muito quente!
- É melhor pararmos por aqui. - disse, muito ofegante após o beijo quente que demos. Ele ajeitou o casaco e eu fiz o mesmo com o meu. - Está muito frio, é melhor a gente entrar ou pode ficar resfriada. - Ele falou me puxando pelo braço. Eu brequei nossa ida.
- Não! Espera! - Falei e me repreendi por dentro. - Vamos para o seu apartamento, por favor. Não quero ter que dar explicações para o meu irmão agora. Eu quero… Quero passar a noite com você, .
me olhou confuso e ao mesmo tempo feliz. Aceitou irmos para casa dele. E foi o que fizemos. Chegando lá, nós ficamos no sofá, nos beijando. Ele me ofereceu uma bebida, aceitei e ficamos lá bebendo, conversando. E foi só o começo da noite.
FIM POV