Eu estava na minha casa jogada no sofá descansando depois de um dia puxado de trabalho, peguei o controle da televisão e comecei a passar os canais em busca de algo interessante para assistir, parei em um canal de desenhos e larguei o controle na mesinha de centro que eu havia puxado para mais perto do sofá. Estava quase dormindo quando a campainha tocou insistentemente, me levantei e caminhei lentamente até a porta de entrada, olhei no olho mágico e notei que era Tom parado ali na frente da casa, abri um pouco a porta e logo ele me olhou esperançoso.
Tom era um dos meus amigos de infância, nos conhecemos ainda bebês por causa de nossas mães que eram melhores amigas, normalmente quando ele tem problemas em seu relacionamento vem até minha casa pedir conselhos, mas daquela vez eu sentia que seria diferente, o olhar dele não era de quem queria conselhos e sim uma outra coisa.
- Thomas o que faz aqui?
- eu preciso de... – Ele olhou para a porta ainda entreaberta. – Posso entrar?
- Depende do que você está fazendo aqui.
- Oras , o de sempre.
- Brigou com ela de novo?
- Sim. – Ele abaixou a cabeça.
- Vem, vou fazer um chá.
Deixei ele entrar mesmo sendo contra o que meus instintos falavam, na verdade berravam, ele foi em direção a sala e eu fui para a cozinha para fazer o chá. Eu estava quase terminando o chá quando olhei para trás e o vi encostado no batente da porta me observando.
- Tá quase pronto.
- ...
- Se você vai tocar no assunto sobre nós dois pode ir embora. – Falei interrompendo ele, conhecia bem aquele olhar. – Não inventa.
- Mas você nem sabe o que vou te falar.
- O mesmo de sempre eu imagino. – Me virei de frente a ele. – “Nossa eu nunca devia ter deixado de ficar com você, sinto falta do seu cheiro” e coisas do gênero, tenho certeza que seria isso.
- Você devia jogar na loteria, sempre acerta essas coisas. – Ele falou irônico e pegou a xícara de chá atrás de mim, ficando realmente muito próximo, próximo o suficiente para poder poder sua respiração em meu pescoço.
- Não Tom, acontece que te conheço, bem até demais. – Tentei manter a voz firme mas foi em vão.
Caminhei até a sala e me sentei no sofá, ele se sentou ao meu lado em silêncio, coloquei o desenho para passar novamente e ficamos em silêncio.
“Caralho ele está do seu lado, está nítido que ele quer fazer algo a mais do que somente conversar, assim como é óbvio que você também quer, custa se entregar? Na realidade custa mas só uma última vez...”
- No que está pensando? – Ele perguntou me tirando de meus pensamentos.
- O que você fez com ela dessa vez, Thomas?
- Nós brigamos por que a vi com outro.
- Não era o irmão dela?
- Não, o irmão dela não é loiro dos olhos azuis.
- Parece que você viu realmente de perto o cara. – Dei risada. - Então você veio até aqui para que? Afinal sabe bem o que vou falar.
- Que é para eu terminar... – Ele me olhou e eu apenas concordei com a cabeça. – Acontece que eu terminei... v
- Tom você tem fuckings trinta anos! Deveria saber tocar sua vida independente dos outros! – Falei brava. – Mas não, a realidade é que você sempre precisa de alguém te dizendo o que fazer, caralho Thomas.
- Você nem deixou eu terminar de falar! Não sabe se eu preciso de ajuda nesse quesito! - ele me olhou incrédulo.
- Aham, então diga.
- Vim aqui para te contar que terminei com ela e que estou me mudando de casa, comprei um apartamento no centro, caso você queira ir me visitar.
Eu fiquei completamente sem palavras depois do que ele falou, ele sempre precisou de ajuda para decidir o que fazer, a vida inteira foi assim, nos conhecemos quando tínhamos apenas sete anos e desde lá ele sempre me perguntou coisas como “o que acha de construir um castelo de areia?” “Vou sair da casa dos meus pais, o que acha dessa casa?”
- Eu sempre te perguntei o que achava, por que me importo com sua opinião. – Ele deu um gole no chá. – Você é uma pessoa importante para mim. – Falou me tirando dos meus pensamentos. – Sabe, estando com ela esse tempo todo mas eu sempre te pedi opinião, foi em uma conversa com o Danny que cheguei à conclusão que na realidade eu amo você e não a minha ex, eu só achei que você precisava saber disso .
-- Flashback --
Estávamos no colégio, era uma semana de provas de todas as turmas, eu havia saído mais cedo do que eles naquele dia depois de uma prova de biologia. Me sentei na cafeteria e esperei por eles, cerca de meia hora depois apareceu o Harry e se sentou comigo.
- Sabe , eu realmente acho que o Tom gosta de você.
- Que nada Harry, somos só muito amigos. – Dei de ombros tentando não alimentar esperanças. – Nossas famílias se conhecem desde sempre.
- Não , é sério, ele tem só falado sobre você, sobre como você é... – Ele parou olhando para trás notando que Tom estava vindo em nossa direção. – Enfim, como foi sua prova?
- Ah foi tranquila, bem mais fácil que o esperado, e a sua?
- Oi gente. – Tom se sentou ao meu lado e passou a mão pelo meu ombro. – Eu não suporto exatas cara, é sério.
- Relaxa você vai ver, nós vamos ter uma banda! – Danny falou empolgado se sentando. – Vamos sair hoje?
- Banda Danny? Tá maluco?
- Não Tom, nós só precisamos de um baixista, até porque nós dois tocamos guitarra e cantamos, o Harry toca bateria então pela lógica... – Ele olhou para mim.
- Não, eu não vou aprender a tocar baixo Danny. – Falei dando risada. – Olha tem um amigo do meu irmão que toca baixo caso vocês realmente forem montar a banda.
- Cadê?
- Ali ó, aquele moço loiro ali sentado com meu irmão. – Apontei para a mesa onde meu irmão estava com os amigos.
- Chama ele e vamos para minha casa!
Dei risada e fui em direção a mesa onde meu irmão estava com os amigos, no caminho olhei brevemente para o Tom que estava com um sorriso largo no rosto enquanto me observava, senti meu rosto queimar e voltei a focar no caminho até a mesa. Meu irmão me viu chegando e cruzou os braços enquanto fechava a cara.
- Ray...
- O que você quer ? – Ele falou bravo.
- Nossa quanto mal humor. – Revirei os olhos. – Enfim, seu amigo Dougie toca baixo, certo?
- Sim.
- Cadê ele que sumiu quando cheguei? Os caras querem falar com ele.
- Hm. – Ele olhou ao redor. – Ali falando com aquela garota, deve estar tentando chamar ela para o baile.
- Ah... – Olhei na direção que meu irmão falou e logo vi o Dougie voltando triste em direção a mesa.
- Levei um fora. – Ele se sentou ao lado do meu irmão.
- Liga não Dougie. – Falei apoiando a mão sobre o ombro dele. – Deixa eu te falar uma coisa, os caras ali querem falar com você sobre montar uma banda.
- Que? Quem?
- Vem comigo que te apresento a eles.
Voltei para a mesa junto com o Dougie e o apresentei para os caras, ele se sentou com a gente e eles ficaram falando sobre como seria a banda e qual seria o nome, acabaram criando uma lista com pelo menos dez nomes diferentes um do outro e marcara um ensaio para aquela tarde na garagem do Danny.
Voltei para casa depois da escola acompanhada do Tom, eu iria só deixar as coisas do colégio e avisar meus pais que iria para a casa do Danny ver o tal ensaio deles, no caminho parei para ajeitar a mochila que estava jogada no meu ombro, o Tom a rapidamente pegou minha mochila e colocou em seu ombro, passou a mão pela minha cintura e continuamos caminhando e conversando, deixei minha mochila em casa e avisei aos meus pais que iria até a casa do Danny.
Depois do ensaio que sinceramente foi um desastre musical o Tom fez questão de me levar até em casa mesmo morando ao lado do Danny, ele falou que gostava da minha companhia e por isso queria me levar até minha casa.
- Até amanhã . – Ele se aproximou para me dar um abraço.
- Até amanhã, Tom. – Retribui o abraço.
Naquele momento senti borboletas em meu estômago mas não deixei ele notar aquilo, afinal ele era só meu melhor amigo.
-- Fim do Flashback --
Estávamos sentados em silêncio no sofá quando o Tom se levantou e foi em direção a cozinha, eu o segui ainda confusa sobre aquela conversa toda e sobre tudo o que havia acontecido na época do colégio.
- Tom...
- Que foi? – Ele se virou e ficamos perigosamente próximos.
- Nada. - Suspirei e fiz menção que iria me virar para voltar ao sofá, ele me puxou pela cintura e deu um beijo em meu pescoço, senti meu corpo tremer em resposta.
- Eu sempre soube... – Ele sussurrou ao pé do meu ouvido.
- Soube o que? – Falei puxando ele para mais perto.
- Que você também me queria, assim como eu te quero.
- Eu nunca neguei, Thomas. – Sussurrei o encarando.
Ele selou nossos lábios dando início a um beijo intenso, minhas mãos tocavam cada detalhe de seu corpo, ele me empurrou até a bancada da cozinha onde rapidamente busquei apoio para me sentar, naquele momento tudo que nós queríamos era matar aquela vontade de anos guardada e sendo renegada. Com uma certa agilidade ele tirou minha calça junto com minha calcinha as jogando longe e me puxou para mais perto de si, enquanto beijava a extensão de meu pescoço me arrancando gemidos de prazer me provocava com sua mão deslizando levemente pela extensão do meu corpo até minhas coxas.
Rapidamente ele pegou uma camisinha e a colocou enquanto eu beijava seu pescoço e finalmente matamos nosso desejo um do outro, a cada investida dele eu gemia mais alto e arranhava suas costas, quando finalmente chegamos ao nosso ápice ele se apoiou ofegante na bancada enquanto retirava a camisinha.
- Thomas se eu soubesse...
- Não tinha demorado tanto assim para tomar iniciativa. – Ele falou completando minha frase. – eu te procurei em outras mulheres negando sempre o que sentia por você.
- Ah Tom você sabe que eu fiz o mesmo. – Eu terminei de vestir a calça e caminhei em direção a ele. – Agora não precisamos mais procurar em outras pessoas. – Falei ao pé do ouvido dele.
- Você não presta .
- Eu? Ué, só falei a verdade...
- eu não estou pronto para um novo relacionamento...
- Não disse que devemos ficar juntos nesse momento, podemos só aproveitar, afinal ambos estamos solteiros agora.
- Você sempre tem um ponto válido, sinceramente eu concordo com você. – ele selou novamente nossos lábios. – Mas você não estava namorando?
- Não Tom, eu tive alguns rolos durante esses anos, nada sério.
- Bom, eu e os caras temos um show para fazer amanhã, caso você queira ir...
- Claro! Tenho acompanhado a fama de vocês, não perderia por nada esse show!
- Se tornou fã então?
- Sempre fui fã de vocês Thomas.
Nós voltamos para o sofá onde adormecemos até o dia seguinte, acompanhei ele no show, onde encontrei todos da banda após muito tempo sem vê-los, fui recebida com abraços e sorrisos por todos, incluindo as namoradas deles que ficaram conversando comigo durante todo o show.
Depois daquele dia eu e o Tom nos reaproximamos muito, para todos éramos somente melhores amigos, mas nós dois sabíamos bem que no fim do dia um sempre iria dormir na casa do outro.
Um ano depois disso tudo o Tom me pediu em namoro e nós finalmente assumimos um relacionamento, não só para nossas famílias e amigos, mas publicamente também, agora nós finalmente ficamos juntos, como sempre sonhamos em ficar.
Fim.
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